Como se passam depressa os anos meu caro amigo. Ao nascermos o relógio da vida começa a contar disparadamente e, quando reparamos novamente a esse relógio, já se tem passado boa parte dos anos.
Quando criança, costumamos ouvir muito a típica frase: "Estou cansado de ser criança, quero logo ser adulto" Com tal frase você percebe o quão inocente é a pessoa, há um peso de pureza e de esperança pelo o que está por vir. Quando garoto, perdi as contas de quantas vezes repetia essas mesmas palavras. Hoje, mesmo que boa parte de mim tenha perdido esse olhar esperançoso, eu digo ao contrário: como quero ser menino o mais depressa que deixei de ser.
Quero desaprender para aprender de novo, aprender a ser criança. Raspar a tinta do passado e pintar novamente. Existem certas coisas que só enxergamos ou entendemos quando temos a leveza de uma criança em nossa alma. Parece até um tanto engraçada essa situação. Diria que é quase um dilema. Eu era mais eu quando criança e talvez bem mais entendido das coisas, porém, parece-me que à medida que crescemos, deixamos aquele "eu" de lado. E à medida que o tempo passa, diluímo-nos e nos tornamos mais insensíveis. Alguns até perdem esse pedacinho de si em meio a vários "eus".
Quando você percebe que está faltando algo, que algo em si está incompleto, é a criança dentro de você sussurrando por ajuda, e você percebe que não pode viver sem ela. Nesse momento, a regressão para se reencontrar se inicia, e o relógio da vida já marca meio-dia. E assim se dá a jornada da vida, a penitência do homem.
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Diário de Alguém que Cresceu às Pressas
RandomNum mundo obscurecido pela desilusão e pela introspecção, acompanhamos a jornada de um protagonista atormentado pela lucidez de sua própria alma. Nessa narrativa introspectiva, o protagonista confronta sua própria insignificância e mediocridade, enq...