Maybe it' love || Carlos Sainz

highs and lows

Elouise González Vasseur

Nos últimos dez dias, senti minha vida girar de um modo que nunca imaginei. Uma chance inacreditável apareceu do nada, e eu a agarrei com todas as forças, sem pensar duas vezes.

Seis anos atrás, embarquei na aventura da faculdade em Madri, e essa jornada me levou a trabalhar na sede da Motorsports de Barcelona, minha cidade natal. Lá, comecei escrevendo sobre diversos esportes, mergulhando nas histórias que as jornalistas traziam após entrevistar os atletas. Era um trabalho que me satisfazia, mas meu coração ansiava por mais: meu sonho era viajar o mundo, acompanhando de perto as emoções da Fórmula 1, a paixão que corre nas minhas veias.

Meu pai, uma figura central nesse universo, lidera a lendária equipe da Scuderia Ferrari. Ver seu sonho se realizando sempre me trouxe alegria. Porém, nossa convivência foi limitada, já que cresci em Barcelona com minha mãe, enquanto ele estava na França ou viajando o mundo com a fórmula 1.

Minha existência é fruto de um breve encontro entre meus pais em Paris, um romance de verão que deveria ter sido apenas uma lembrança passageira. Contudo, acabei sendo o elo que os uniu, de uma forma ou de outra, em todos os meus aniversários.

Meu pai sempre foi minha inspiração, incentivando-me a acreditar nos meus sonhos. Segui seus conselhos, dedicando-me aos estudos e ao trabalho, até finalmente alcançar meu objetivo. Agora, determinada, prometi a mim mesma ser a jornalista mais dedicada e memorável que o mundo do automobilismo já viu.

Minha mãe, uma estrela da moda na Espanha, deixou sua marca em cada canto do país. Mas, três anos atrás, fomos atingidos por uma tragédia: um tumor cerebral levou-a de nós. A dor da sua ausência ainda é uma ferida aberta, um vazio que parece impossível de preencher. Tudo em Barcelona me traz lembranças dela – as praças, os museus, as ruas que circundam nosso apartamento. Eu sempre pensei que enfrentaríamos o mundo juntas, mas agora me vejo navegando por ele sem a sua presença, buscando em novos horizontes uma forma de honrar a nossa jornada e talvez, de alguma forma, aprender a conviver com a saudade.

— Lou, você está pronta? — A voz do meu pai ecoa pelo quarto ao me chamar.

— Ah, oi, pai. Sim, estou pronta! — Respondo, com um sorriso confiante.

Ele veio especialmente à Espanha para me buscar, pois partiríamos juntos para o Bahrein, onde as equipes e os pilotos estavam se preparando com testes de pré-temporada.

— Fico muito feliz em ver você seguindo seus sonhos, querida. — Ele me diz, com um sorriso carinhoso, depositando um beijo carinhoso na minha testa.

— E eu? Estou rindo atoa de felicidade por poder realizar meu sonho e, melhor ainda, viajar pelo mundo ao lado do melhor pai que alguém poderia ter. — Respondo, enchendo o ambiente com alegria.

— Bem, então não vamos perder mais tempo. O mundo nos espera! — exclama ele, com um brilho de aventura nos olhos.

Pego minha mala, cheia de expectativas e sonhos prestes a se tornarem realidade. Ao fechar a porta de casa, sinto uma pontada de nostalgia, mas a excitação pelo que está por vir é muito maior.

O plano estava traçado: pegaríamos um voo até Maranello, encontraríamos o restante da equipe da Ferrari e, todos juntos, embarcaríamos no avião privado da equipe. Estava especialmente ansiosa por esta viagem, já que seria minha primeira vez em Maranello, o coração pulsante do automobilismo italiano. Apesar da breve estadia de cerca de uma hora, a emoção era imensurável.

Assim que desembarcamos, seguimos para uma sala exclusiva dentro do aeroporto, que nos daria acesso direto ao jato da Ferrari. Com os testes de pré-temporada no Bahrein concluídos, algumas pessoas da equipe voltaram para a Itália, realizaram os últimos ajustes no carro, e agora era hora de alguns membros da equipe, incluindo meu pai e os pilotos, embarcarem de volta ao Oriente Médio, para a primeira corrida do ano.