Capítulo 3

137 81 26
                                    

Marilyn e eu pegamos um táxi até o hotel. Tive que tirar a jaqueta quando saímos do restaurante, pois estava muito quente do lado de fora.

Não dá para esperar muito de Abu Dhabi. Ou é quente, ou muito quente. Se não, há também o nível forno industrial.

Estávamos chegando no hotel quando recebi uma ligação de um número desconhecido. Recusei a chamada e continuei conversando com minha irmã sobre seus namoradinhos da época do colégio, e como ela ficaria muito feliz quando meu futuro genro a pedisse em casamento (Mary sabia que ele tinha comprado um anel e escondido em algum canto. Ela pegou o extrato do cartão dele).

O mesmo número me ligou de novo. Recusei a chamada.

"Só mais alguns repórteres caçando furos em mim", pensei.

Meio minuto depois, outra ligação:

Jansen Hendricksen.

De imediato, atendi. Minha irmã me encarou de jeito perplexo, e estava na cara que ela queria rir.

- Ei, garoto - Ele disse, sem nem dar oi ou boa tarde. - Veja se consegue atender essa ligação.

Fiquei confuso.

- Consigo te escutar perfeitamente, Jan.

O telefone ficou mudo por alguns poucos segundos. Deduzi do que se tratava e me senti constrangido.

- Eu também te escuto, animal - Ele brincou, mas em um tom sério. - Atenda as chamadas do número com final 85. É Importante.

E sem mais nem menos, o holandês desligou.

Okey, era um belo dia para se passar vergonha.

O número misterioso começou a me ligar de novo.

- Caramba, você está em alta com as namoradinhas - Marilyn brincou.

Ri um pouco, mas não dei muito ouvidos.

"Atende... é só atender... só atende, Jacques", pensei.

Aceitei a chamada, fechando os olhos e aceitando meu destino de, provavelmente, ter de lidar com aquele assunto.

- Alô.

Um homem disse do outro lado da linha. Ele parecia ter a idade de Jan só pela voz.

Fiquei ansioso, quase perdendo o ar.

- Olá - Respondi, meio arisco.

Escutei um "finalmente!" no fundo da ligação. Parecia que ele achava que se afastasse o telefone de perto do rosto eu não poderia ouvi-lo.

- Boa tarde, eu falo com Jean Laurent?

- Sim - Respondi, assentindo com a cabeça. Foi desnecessário, pois não era nenhuma vídeo chamada.

- Então, senhor Laurent... - Ele disse, de jeito curto e grosso. - Sou Wolff Jameson e gostaria se saber se poderemos conversar pessoalmente ainda hoje, em Abu Dhabi. Isso se ainda quiser a vaga, mas também podemos adiar se tiver algum compromisso já marcado nessa data.

𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora