Capítulo 15

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Millie e Carla Schubert estavam arrumando suas malas para partirem de volta para Brackley. Como era braço direito do chefe de equipe da Mercedes AMG Petronas, ele tinha de voltar ao trabalho. Toto Wolff era um cara muito legal, mas não era por isso que Millie deveria abusar de sua boa vontade.

     Como Jansen e Linda estavam em sua mais plena aposentadoria, não tinham pressa para irem embora. Meu pai adorava sua companhia, pois ele o considerava um tio.

     Quando Hendricksen se aposentou da Fórmula 1 e pulou para a Indy, ele formou um amizade muito forte com meu avô. E como Jan é um dos seres humanos mais gentis que já pisaram na terra, meu pai se apegou muito a ele quando era criança... e consequentemente, eu também.

     “Até parece que não tem casa”, Schubert brincou uma vez.

     Quanto a minha partida... doía pensar nela, mas eu sabia que não seria por muito tempo.

     Tony e eu estávamos deitados na cama como naquele dia, ela de costas para mim, eu passando as mãos por seus cabelos e sentindo o frescor de seu perfume. A diferença é que eram seis horas da noite, e não estávamos com sono, apenas com frio.

     – Aí, quando fui perceber, meu cabelo estava horrível – Tony riu. – Tive que me esconder no banheiro até conseguir dar um jeito nele.

     – Mas foi divertido? – Perguntei.

     – Teria sido mais se o professor Hawthorne tivesse ido. Aquela apendicite nos pegou de surpresa, mas graças a Deus ele logo melhorou.

     – Entendi – Me ajeitei por entre a tamanha quantidade de cobertas. – Sei como é. Meu tio Cyril já teve uma.

     – Jura!?

     – Foi logo depois do acidente em Le Mans – Expliquei. – Ele estava no hospital se recuperando quando descobriram e o operaram. Diziam que era um milagre o fato do apêndice dele não ter rompido na batida, e ainda bem que ele não teve o mesmo destino do carro, que bem... pegou fogo e explodiu mesmo.

     Tony pareceu segurar a risada.

     – Me desculpe querer rir – Ela disse. – É o jeito que você fala que faz isso ficar engraçado, e também o fato do seu tio estar vivo e bem.

     – Você me acha engraçado!? – Apoiei meu queixo em seu ombro, sorrindo.

     Ela se virou subitamente e começou a fazer cócega em mim. Fui pego desprevenido.

     – Antonella! – Exclamei, como se eu não estivesse gostando, mas nós dois sabíamos que era o contrário.

     Tony parou, rindo muito.

     – Claro que sim, Moranguinho.

     Arrumei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, delicado.

     – Até agora não achei um apelido à altura para você.

     – Acharemos um quando for a hora – Ela sorriu.

     Escutei meu celular tocando e vibrando loucamente no meu criado-mudo. Como Tony estava mais perto dele, ela o pegou e me passou.

     Wolff Jameson.

     – É importante – Me expliquei, sentando na cama. – Me desculpe.

     – Tudo bem – Respondeu, com um sorriso discreto.

     Atendi a ligação.

     – Boa noite, Wolff. Tudo bem?

     – ESTAMOS FERRADOS, JACQUES! Tipo, REALMENTE – Ele exclamou.

𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora