Capítulo 10

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O vento invernal bagunçava meu cabelo de um jeito irritante, mas adorável. Devo admitir que eu me sentia como um daqueles aventureiros do mesmo calibre do Brendan Fraser. Era um sentimento contraditório, pois também odiava quando alguns dos meus fios mais rebeldes entravam em meus olhos.

Desci de Fanny, com um cuidado extra para não enganchar meu pé no estribo. Fazia tempo que eu não cavalgava.

Peguei um saquinho do bolso da jaqueta e tirei dois pedaços de maçã de dentro dele. Fanny logo percebeu e tentou morde-los.

- Calma, garota - Brinquei. - Paciência é uma virtude!

Ela nem se importou com o aviso. Apenas comeu os petiscos, fazendo cócegas na palma de minha mão.

Visualizei alguém vindo ao longe, um pontinho na neve que a cada segundo crescia mais e mais. Jochen podia ter seus 16 anos de estrada, mas ele não perdia nenhuma chance de galopar por aí.

Acenei, sorrindo.

- Jac! - Tony cumprimentou, parando. - Tudo bem?

- Hum - Cruzei os braços, fazendo uma careta engraçada. - Achava que sim, mas agora que você chegou, deu uma melhoradinha.

Ela desceu de seu cavalo de forma habilidosa, sorrindo. Tony logo me abraçou, e novamente, todos os dias em que eu havia passado em sua ausência sumiram em um estalo.

- Devo admitir que senti falta disso - Falei, espontâneo.

- Como assim? - Ela riu. - Eu literalmente almocei na sua casa a uma hora atrás.

Percebi o que eu havia falado. Me senti envergonhado por ter sido tão sincero.

- Eu também senti - Tony respondeu, de jeito reconfortante.

Sorri, um pouco tímido. Senti meu rosto corar.

- E então, o que fazemos agora? - Ela perguntou.

- Ah... não sei - Cruzei os braços e balancei meu corpo de um lado para o outro. - Me diga você.

- Pensei em... bem... andarmos à cavalo, talvez - Tony gesticulou. - Ou procurar algum canto para sentarmos.

- Boa ideia - Falei, pegando um petisco. - Será que o Jochen aceitaria um agrado?

Ela sorriu.

- Cuidado para ele não arrancar a sua mão.

Me aproximei com cuidado, de forma que Jochen apenas conseguisse pegar a fatia de maçã. Enquanto mastigava, o castanho parecia se sentir agradecido.

- Ele é um bruto delicado - Tony brincou, o acariciando.

- Uma gracinha - Complementei, limpando as mãos na calça.

- Isso é até você dar uma vacilada - Riu. - Já perdi a contas de quantas vezes já caí dele.

Abri um sorrisinho enquanto Tony contava sobre uma de suas quedas mais recentes. O jeito que ela falava sobre o assunto me deixava encantado.

Depois de um tempo, montamos em nossos cavalos e andamos por aí, sem um rumo exato. Não queríamos chegar a algum lugar específico, apenas aproveitar a jornada até ele. Conversamos, rimos, contamos piadas bestas, reclamamos do frio... tudo isso e muito mais.

- O que acha de apostarmos uma corrida, Jac? - Tony perguntou, do nada. - Hein?

Eu ri.

- Com certeza você irá ganhar - Respondi, com uma certa adrenalina prévia dando sinais de que estava pronto.

Ela franziu a testa.

𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora