Capítulo 9

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Ajeitei o cabelo uma última vez no grande espelho perto da escada. Ele estava alinhado, realmente uma graça. Lembrei das palavras de Max Verstappen e sorri.

Desci os degraus com uma compassiva cautela, como se estivesse com cuidado para não acordar alguém no meio da madrugada.

Escutei uma conversa na sala de estar. Demorei um pouco para reconhecer as vozes.

- Olá - Falei, dando um sorriso leve e aparecendo na porta. -, bom dia.

Todo mundo estava sentado nos sofás, e aqueles que não haviam conseguido se encaixar em um assento tinham pegado cadeiras do conjunto da mesa de jantar.

Jansen estava sentado ao lado de Linda, os dois abraçados ainda como um jovem casal. Max ficou prestando atenção na conversa enquanto sua esposa Carla dividia uma grande caneca de cappuccino com ele, revezando-a de dois em dois goles. Minha irmã se encontrava sentada no sofá, com as muletas ao lado, o seu corpo parecendo cansado da noite anterior. Meu pai estava em sua poltrona, e minha mãe servindo mais xicaras. No exato momento em que meu pai colocou a sua já vazia sobre o pires, as visitas logo se levantaram e disseram:

- Buenos dias, Jacques! - O mais velho me ofereceu um aperto de mãos, bem educado. - Feliz aniversário.

- Muito obrigado, senhor Sainz - Respondi, sorridente. - Que surpresa mais agradável.

O rapaz de vinte e tantos anos me abraçou, animado.

- ¡Feliz cumpreaños, Jac! - Vi que Carlos sorria quando me soltou. - Como você está?

- Tudo bem, mas com certeza estou melhor agora que estão aqui - Respondi, alegre.

- Trouxe um presentinho - Ele riu enquanto desenrolava a echarpe de seu pescoço e a colocava em mim. Era de um tom de cinza muito bonito. - Agora sim parece um homem!

Fiz uma pose afeminada, de jeito irreverente. Me arrependi quando lembrei de que Sainz Sr. também estava incluso no pacote, mas ele só sorriu com a piada.

Nós dois rimos.

- Caramba - Respondi, sincero. -, eu adorei. Obrigado, Carlos.

Ele sorriu, de jeito travesso.

- Não é isso, não - Seu pai disse, direto.

- É - Ele trocou seu apoio de um pé para o outro, quase dando um pulinho. -, não é mesmo, não...

Cruzei os braços e adotei um semblante sério, propositadamente forçado.

- Então, o que é?

Millie tirou um pacote de bom tamanho que estava escondido sob suas costas e entregou para Carlos. Fiquei curioso.

- É um videogame!? - Sorri, piadista.
Carlos não riu, apenas ficou com um sorriso leve e solto em seu rosto.

- Quer abrir ou adivinhar o que é?

Fiquei empolgado com aquilo. Qualquer presente para mim estava bom; só a visita de Carlos me fazia feliz. Mas algo com aquele tipo de suspense com certeza empolgaria até mesmo a mais perene das pessoas.

Peguei o pacote de forma delicada. Estava embalado com um papel preto e dourado, como as cores da Jameson.

- Espero que goste - Ele disse por fim, enquanto eu me sentava no chão e abria o presente, com cuidado para rasgar o mínimo da embalagem.

- Uma caixa... preta! - Brinquei, enquanto procurava o lado que ela abria. - Meu Deus...

Carlos me observou, ansioso.

𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora