Capítulo 4

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- Você é literalmente a velocidade, Jean. Ela basicamente corre nas suas veias desde antes de nascer, de geração em geração de sua família... e agora você vem me dizer para ir mais devagar?

O patinete deu uma leve bambeada.

- Me desculpe, é que o senhor...

Ele freou e olhou para mim com certo sarcasmo, mas sem querer ser agressivo; apenas cômico.

- Senhor? Pareço um senhor?

Engoli em seco, um pouco constrangido.

- De onde venho, é educado chamar as pessoas que são mais velhas que a gente de senhor - Argumentei, brando.

Ele abriu um sorrisinho.

- Pode se referir a mim como "você". Só tenho 42.

- Okey, Fernando - Respondi, retribuindo o sorriso.

O cara do patinete era realmente o Alonso. Porém, ele não me disse nada sobre a procedência do veículo. De qualquer jeito, me sentia honrado de pegar uma carona com ele.

Fernando tentou acelerar de novo, mas o patinete deu alguns trancos estranhos, igual a um carro quando engasga.

- Ah... - Ele disse, confuso. Levamos um tranco forte, e o patinete não parecia que iria ceder à situação.

Eu ri.

- Acho que é a bateria... - Alonso presumiu, falando de jeito um tanto quanto engraçado.

- O senhor acha mesmo? - Falei, sem deboche. Desci do patinete.

- Você.

Me senti um pouco mal de ter esquecido daquilo.

- Me desculpe.

Fernando riu.

- Estava brincando, garoto. Se assim quiser, pode me chamar de senhor então.

Assenti com a cabeça, sorrindo levemente. Ele olhou ao redor.

- Vai ser uma caminhada boa até os boxes, mas já abatemos pelo menos metade dela.

Wolff Jameson estava a algumas centenas de metros, me esperando para aquela conversa. Pensar naquilo me fazia sentir ansiedade, e até medo.

- Obrigado, Fernando - Ofereci um aperto de mãos. - Mesmo.

Ele retribuiu o aperto de mãos, sorrindo calorosamente.

- Espero estar na pista com você em breve, Laurent.

Sorri como uma criança, de forma mais que sincera. Escutar aquilo de uma de minhas maiores inspirações foi muito especial para mim.

- Eu também, Alonso - Falei, por fim. - Obrigado. Tenha um ótimo dia.

Ele acenou e seguiu seu caminho, empurrando o patinete elétrico paddock adentro.

Logo depois que vi que estava sozinho, pensei em voz alta, com uma empolgação quase que juvenil:

- Meu Deus... o Fernando Alonso me deu uma carona. O Fernando... Alonso. O próprio, cara. O... Fernando Alonso!

Eu já o conhecia pessoalmente, mas no momento que ele me deu relevância a ponto de querer me ajudar, eu senti que aquele seria um dos melhores momentos de minha vida.

Na Fórmula 1, momentos como aquele poderiam acontecer todo dia, e a decisão estava em minhas mãos.

Andei por mais alguns vários metros e finalmente visualizei os boxes de todas as equipes sendo desmontados. Caixas, baús, panos e ferramentas estavam sendo organizados de pouco em pouco, para ninguém esquecer nada.

𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora