Capítulo 12

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Fim das férias de verão, 2021.

Lembro-me daquele dia como se fosse ontem. Sentia aquilo como se fosse a coisa mais recente que havia acontecido. O tecido preto que a água sanitária das memórias das corridas manchava com maestria não chegava perto daquilo. Aquele dia havia sido especial, inesquecível. Sentia isso mesmo antes das coisas importantes nele acontecerem.

     – Tony? Tudo certo aí!?

     Ela desceu pela escada, graciosa como a mais bela das princesas que eu conseguiria imaginar. O vestido de festa vermelho escuro era de parar o trânsito, mas apenas com um olhar, Antonella me fez tremer, completamente desnorteado.

     A sala de estar dos Brunet ganhava um brilho encantador a cada degrau que Antonella descia com seus pequenos saltos altos brancos, em um estado de extrema plenitude. Ela parecia inabalável, seus movimentos prendendo minha atenção mais e mais a medida que os segundos passavam, bem devagar.

     Segurei forte o buquê de lírios que eu carregava e troquei meu apoio de um pé para o outro, inquieto.

     Nunca havia visto, em toda a minha vida, visão mais bela e sublime.

     Antonella sorriu, me fazendo ficar sem reação. Seu batom vermelho combinava com o vestido de forma natural e harmônica, me fazendo suspirar.

     – Oi, Jacques – Ela disse, me fazendo corar. – Me perdoe a demora.

     – Não peça desculpas por isso – Sorri. – Eu também me atrasei um pouco.

     Tony beliscou meu rosto, brincando. Corei mais ainda.

     – Já falei que acho que suas bochechas são uma gracinha?

     – Meio que sim – Assenti, fofo.

     Sorte minha que os pais dela estavam conversando na cozinha, se não, ficaria na cara que eu sentia algo a mais por ela.

     – Me pergunto como um piloto de Fórmula 3 pode chegar atrasado em algum canto.

     Dei uma arrumada no paletó, para que ela o visse.

     – Me embananei com a gravata.

     – E eu... – Ela riu. – com o vestido e tudo mais.

     Me lembrei do porquê estava segurando aquele buquê naqueles últimos vinte minutos.

     – Trouxe isso para você – Falei, sorrindo. – Eu espero que goste.

     – São lindos – Ela pegou os lírios e os cheirou. –, perfeitos.

     – Iguais a você – Disse, terno.

     Tony me abraçou, com carinho.

     – Vamos, então!?

     – Claro! – Falei, empolgado. – Seu pai está esperando a gente.

     Ela arrumou o cabelo, de forma que eu conseguisse ver seus brincos de cristal. Eram tão pequenos e discretos, mas marcantes para quem se atentasse a eles.

     – Vou colocar as flores no vaso e aí podemos ir. Não quero de forma alguma perdê-las. – Ela foi para a cozinha, andando para trás em passos bem calculados para não tropeçar.

     – Eu te espero, Tony – Falei, me apoiando no batente da porta. – Te espero.

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𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora