Capítulo 11

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A primeira coisa que fiz depois de cuidar de Fanny foi perguntar aos meus pais se eles me deixariam aceitar o convite de Tony. Graças a Deus que foi o caso, literalmente. Eu escondia o fato de não ser cristão praticante, então ficaram felizes ao saberem que eu estava me interessando por continuar seguindo um bom caminho.

De noite, lá para umas oito horas, Carlos Sainz estava um tanto quanto introspectivo em seu canto. Todos sabiam o que estava acontecendo, mas apenas seu pai tinha coragem de tocar no assunto. Quando ele voltou a vir a tona, Carlos pareceu se permitir a se sentir chateado com aquilo.

Lewis Hamilton ficaria com a vaga de Sainz Jr. Em 2025, e não havia nada mais a ser feito para que ele continuasse na nobre escuderia de Maranello.

- Vamos assistir a um filme? - Perguntei.

- Acho que hoje não, Jac - Ele respondeu, com um sorrisinho educado no rosto.

- Uma série, então - Insisti, de jeito fofo. - Você vai amar Band of Brothers. Sério, é perfeita.

Carlos me fitou, tentando manter um semblante plenamente otimista.

- Estou pensando em assisti-la depois, mas você sabe como as coisas estão sendo, Jacques... e de qualquer jeito, vou embora amanhã. Não iriamos conseguir terminá-la.

- Me desculpe, Carlos - Me rendi. - Eu só queria ajudar.

Ele apoiou a cabeça em meu ombro, sem dizer nada além de um breve suspiro. Também deu uma ajeitada na coberta quentinha que nos permitia ficar pendurados no balanço da varanda enquanto caia quilos e mais quilos de neve do céu.

- Tá tudo bem - O espanhol disse depois de um tempo. - Você é um cara legal... só um pouco sem juízo.

- Como assim? - lhe dei um leve empurrão, rindo. - Carlos!?

Ele começou a rir um pouco. Me aliviei.

- Que ideia foi essa de aceitar ir em uma igreja com uma garota, se você é ateu? - Ele sussurrou.

- Não sou ateu - Protestei, indignado. -, apenas não sou fervoroso.

Carlos revirou os olhos, sem deboche. Estava brincando.

- Por que se preocupa tanto com isso? - Perguntei, curioso.

- Eu!? - Ele gesticulou, exagerado. - Humpf... nada! Só queria saber mesmo.

- Sua fofoqueira - Resmunguei.

Carlos riu.

- Espere aí um momento... - Disse, encafifado. - Eu não lembro de ter te falado sobre o lance da Missa, só o da Tony.

Ele me fitou, com um sorriso travesso.

- Tenho meus jeitos de descobrir.

Cruzei os braços, o olhando com um semblante sarcástico.

- Está bem! - O espanhol levantou os braços, como se estivesse se rendendo. - Escutei você e seus pais conversando enquanto usava o banheiro... aí juntei porca com furadeira.

- Não é cravo com cola?

- Sei lá - Ele deu de ombros. - Não ligo.

Eu sorri.

- Por quê você é assim, Carlitos?

- Eu não faço a mínima ideia - Brincou.

Escutei a porta se abrir.

- Jacques? Carlos?

Meu pai estava vestido com umas três camadas de agasalhos (no mínimo), e trazia duas canecas de chocolate quente para a gente.

𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora