Jean-Jacques Laurent era um fenômeno instantâneo por onde passava. Bicampeão de Fórmula 2 em suas duas primeiras temporadas competindo na categoria, ele ostentava um talento nato para isso; todos ficavam impressionados com a técnica com que o garoto...
Eram cinco e quarenta da tarde; faltavam vinte minutos para a largada.
Tony estava sentada ao meu lado, agarrando forte minha mão. Meus pais caminhavam de um lado a outro, ansiosos, e minha irmã ficou admirando cada detalhe do carro. Logo elogiou a asa móvel e o assoalho.
Jan e Millie estavam nos boxes da Mercedes, pois o último trabalhava para a equipe das flechas prateadas. Mesmo assim, era um olho no Lewis e no George... e o outro em mim.
– Jacques – Olívio me estendeu a mão, segurando seu capacete com a outra. – Vamos nessa?
Virei a cabeça e fitei Tony, vendo o brilho doce e carinhoso em seu olhar. Me aproximei e a beijei, sentindo suas mãos acariciando meu pescoço e cabelos.
– Te amo, viu? – Senti algumas lagrimas brotarem em meus olhos, pouco a pouco. Poderia ser a última vez.
Ela me abraçou, bem forte.
– Eu também.
Quando Tony me soltou, seu toque delicado ainda sendo sentido por mim, olhei para Olívio e peguei sua mão, com firmeza. Me levantei.
– Vamos.
O brasileiro sorriu, determinado. Peguei meu capacete no banco e fui falar rapidinho com meus pais. Minha mãe estava bem preocupada, mas meu pai parecia ser o mais pleno de todos nós. Marilyn ficou ansiosa, mas de jeito bom.
– Meu relógio...? – Ele vasculhou a manga de meu macacão. – Ah, aqui está.
– Por que, papai? – Eu ri.
Ele enfiou a mão no bolso.
– Só queria saber mesmo.
Abri um sorriso de lado.
– Vou ser cuidadoso, prometo.
Os três me abraçaram de uma vez só. Uma lágrima escorreu por meu rosto.
– Amo vocês – Eu ri, fugando o nariz.
Escutei alguém gritar “Faltam doze minutos!”
Suspirei.
Naquela hora, pareceu que tudo ao redor se tornou um borrão; uma ansiedade tomou conta de mim, como se eu estivesse sido acertado por um raio. Mas, aquilo não era de todo ruim.