Capítulo 6

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Eu já estava em casa quando fizeram o anúncio do meu novo contrato com a Jameson. Ao contrário de muitos outros pilotos iniciantes que haviam caminhado nesse mesmo caminho, minha contratação fez um belo rebuliço na mídia. Uns acharam que a duração curta do contrato foi por causa que eles tinham medo que eu me acidentasse, outros que havia sido uma escolha minha por esse ou algum outro motivo. Mas, a única coisa que eles poderiam ter certeza era de que tinha mais uma jovem promessa no paddock, e que seu destino poderia ser tão imprevisível quanto a era dourada da Fórmula 1; os carros ficavam cada vez mais rápidos, mas a segurança nas pistas não conseguia acompanhar o ritmo.

     Dois meses depois, dia cinco de fevereiro; meu tão aguardado aniversário de 18 anos. Consegui alguns dias de folga para comemorar com minha família e amigos, nos imaculados e inconfundíveis campos verdes da Normandia... que naqueles dias estavam nevados.

     – Vi-ra! Vi-ra! Vi-ra! – Alguns amigos meus exclamaram.

     Tomei o shot e coloquei o copo de dose na mesa, fechando fortemente os olhos enquanto o ardor e a sustância do whisky desciam por minha garganta. Aquele Buchanan’s 12 anos era fenomenal.

     Eles ficaram ainda mais empolgados. Era meu primeiro copo de bebida alcoólica “permitido por lei” (sempre provei em poucas quantidades, com a supervisão de um adulto responsável). Meu pai gritou de orgulho, mas consegui entender que ele também queria dizer não exagere.

     Admito que fiquei um pouco tonto. Bebi dois copos de água quando tive chance, na esperança de que eu ficasse  100% logo.

     O casarão dos Laurent não estava lá muito movimentado. No máximo, haviam ali umas cinquenta pessoas, apenas parentes, amigos realmente próximos e gente que o esporte havia me dado a honra de conhecer.

     Meus pais fizeram uma pequena surpresa para mim. Eles conseguiram arrumar uma pista de dança, com direito a até um daqueles globo de vidro que ficam girando igual ao dos filmes com discotecas. Sabiam que eu gostava de alguns flashbacks das décadas anteriores, e vendo que eu logo iria embora de casa, decidiram fazer aquela loucura.

     Acho que nem é necessário dizer que demorei um tempinho para me habituar a ideia de dar uma de Zac Efron debaixo daquelas luzinhas cor de rosa, laranja, azul e roxo. Mas uma hora, eu acabei indo.

     Foi engraçado dançar Men At Work na frente de todo mundo quando Who Can be it Now é a minha música favorita para fazer coreografias sem sentido quando tenho que tomar banho frio (meu pai dizia que tomar banho quente no meio de uma tempestade com raios era perigoso, e até hoje não sei se acredito nele ou não). Admito que não fiz nada ridículo, apenas dei uma de John Travolta de jeito discreto. Talvez Daniel Ricciardo teria ficado orgulhoso com aquele misto de improviso e premeditação.

     Começou a tocar Footlose, e naquela hora só me preocupei em deixar o cabelo apresentável, bater palmas no ritmo correto e aproveitar tudo aquilo. Minha irmã apareceu por trás no meio da música, me deixando surpreso, e então começamos a dançar juntos como um casal animado em uma série americana de comédia sitcom.

    Jansen estava valsando animado com Linda, um passo de cada vez. Meu tio Cyril estava conversando com meu pai e minha mãe... bem, estava aproveitando o resto daquele litro de scotch que deixei para trás. Escolhemos aquele no mercado por sugestão dela. Meu avô estava conversando com Max e sua esposa, todos se servindo de cidra de maçã.

     Quando decidi dar uma pausas nos trabalhos, vi alguém familiar em um cantinho. Na hora, senti certa indiferença, mas passado apenas dois segundos, aquela visão me despertou um sentimento de inquietude fora do comum.

𝐆𝐋𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐌𝐀𝐒 | Fórmula 1 [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora