Jão, point of view,
São Paulo.Eu tentava me concentrar, mas desde que essa pandemia começou, tudo me lembrava Tófani. Sei que terminamos a tempos atrás, e não me leve a mal, nós dois erramos muito, mas ainda sim, ficar esse tempo todo sozinho me fez refletir mais do que deveria. Vivo repassando na minha cabeça, cada momento que tentei apagar dela no período de 2019, pra me lembrar dele, seu rosto agora estava meio nublado nas minhas memórias, mas eu ainda me lembro.
Flashback on:
— Eu sinto muito, não sei o que me deu já cabeça! — Falei tentando acalmar meu coração, que doía e pesava em peito.
— Como assim?! Você tem noção do que fez?! Esse seu ciúmes idiota quase me fez perder a porra de um contrato, o que eu nuca faria com você, João! — Gritou o moreno, e então baixei minha cabeça, sentindo meu corpo tremer.
— Me desculpa, Pedro... — Sussurrei, com o resto de voz que me tinha.
— Você não confia em mim?! Acha que vou ficar com qualquer um enquanto você tá trabalhando?! Nossa ambição só separa a gente e isso é frustrante! Eu sabia que isso ia acontecer, no fundo eu sei desde aquele dia no hotel João, eu só não queria aceitar isso! Você me perdeu, você se perdeu! — O Tofáni disse, fazendo-me olhar pra ele, que tinha os olhos vermelhos, completamente desorientado fui até ele.
— Não, por favor, não! — Pedi em súplica, segurando seus ombros. Eu não podia deixa ele ir.
— Eu sinto muito, eu amo você mais do que tudo, mas esse ciúmes, esse receio... Eu entendo você, mas deixar esse insegurança afetar nosso relacionamento foi uma das coisas que desgastou ele. Somos muito novos, nós encontramos muito cedo, talvez se tivéssemos nós conhecido um pouco mais tarde, mas... Não foi o que aconteceu. — Sua cabeça estava baixa. Minhas lágrimas corriam como um rio descontrolado.
— Pedro, Pepeu... Por favor!
— Meu pai não gosta de você, minha mãe sempre tentou convencê-lo, mas ele sempre diz que você não é o certo pra mim agora! Eu me lembro de não escutar ele e ir virar a noite com você na praça sete. Me lembro de tudo, assim como me lembro das falsas promessas, do trabalho exaustivo que você faz e eu não quero ter que pedir pra você abdicar de seus sonhos, por Deus isso é tudo que eu menos quero na minha vida! — O mesmo continuou, sendo completamente verdadeiro, eu sabia que ele tinha razão, mas não podia deixá-lo ir.
— Vamos tentar resolver, vamos sair dessa! Eu te amo Pedro, eu te amo, meu amor! — Eu afirmei desesperadamente. Ele apenas sacudiu a cabeça em negação.
— Amanhã conversamos melhor, ok?! Tchau, Jão! — Palhares saiu de meus braços.
Eu chamei ele de amor... Ele me chamou de Jão?!
Flashback off...
Suspirei levantando da cama tentando controlar minha vontade de chorar. Estávamos no início de 2021 e ainda sim eu não conseguia me livrar de toda nossa história, eu tentava não ter esperança mas existia uma parte de mim que sempre quis acreditar que ele voltaria atrás, porém faziam três anos e o mesmo nunca nem sequer mandou mensagem ou me seguia.
Malu havia se tornando minha diretora criativa. Vitória e Ana se lançaram na música também, e vivíamos prometendo feat, agora tudo era meio esquisito, eu tinha contato com os amigos dele, meus amigos eram amigos dele, mas não tinha notícias de Pedro a anos.
— Puta que pariu... — Resmunguei, abrindo uma lata de cerveja. Sei que no fim da noite estaria chorando de novo.
Flashback on...
— Eu tô indo pra Minas, preciso me distrair de tudo isso! — Disse Pedro assim que nós encontramos em cima do prédio. Ele estava sentado, usava um moletom que eu havia o dado de presente, seus olhos estavam vermelhos e então eu me sentei ao seu lado.
— Então essa é a nossa última noite?! Você não vai mais tentar? Depois de todos esses anos, todas as músicas, todos os seus escritos... Pedro, por favor! — Eu tentava não chorar, precisava ser forte. Mas só de olhar para Tofáni eu já sentia o peso da despedida.
— João, por favor... Não torne isso mais complicado do que é! A insegurança afastou a gente, e talvez esse tempo separados nos faça refletir, mas não se apegue a mim ou a promessas, nós dois erramos e essa é a última noite, uma noite com a certeza que fizemos tudo errado! — O moreno me disse sem olhar para mim, olhava pro horizonte enquanto eu encarava seu perfil.
— E a liberdade do abandono, do futuro e do passado... Sem qualquer destino ou garantia... — Cantorolei com a voz embargada. O escritor me olhou com um brilho triste, e me deu um selinho. Puxou um caderno. Aquele bendito caderno.
— A mais bonita das despedidas, a melhor noite das nossas vidas! Aqui está o caderno que minha vó me deu, com todos os escritos que fiz pensando em nós dois. Toma! — Palhares me entrega o objeto, enquanto eu o olho abismado.
— Você tá me dando?! — Perguntei e ele apenas assentiu com a cabeça. — Não, não, sua vó te deu isso, Peu, por favor, pegue de volta!
— Não posso ter isso comigo, não vai ser bom sempre abrir esse bendito caderno e lembrar das coisas bonitas que vivemos. E bom, vai servir de inspiração pra você, como sempre fez! Você precisa entregar um novo álbum logo e... E eu não vou estar presente pra te ajudar da forma como eu gostaria! — Afirmou se recusando a pegar o objeto. Puxei o mesmo para um beijo apaixonado.
As lágrimas inundavam nossos rostos, nossas línguas tratavam uma disputa. E eu só conseguia pensar no quanto que sentiria falta de tudo isso.
Flashback off...
Naquela noite eu e Tofáni vivemos tudo, andamos de carro em alta velocidade, fomos a praia, bebemos o suficiente para rasgar as roupas apaixonados e então, quando acordei no dia seguinte ele já não estava lá. Tinha deixado apenas um bilhete.
Não posso ser mais seu amor de fim de festa, Jão. Te amo, mas preciso ir... Nunca soube o que se passava na sua cabeça enquanto me beijava, num cara mais bonito na televisão, no futuro ou no passado. Mas saiba que vou te amar, como um idiota ama! Até uma próxima... Ou não.
Com amor, Pedro...
Deixei as lágrimas saírem, tinha gotas no bilhete na época, o que indicava que o mesmo também havia chorado.
Eu sou a porra de um anti-héroi em queda...
Foi o que pensei assim que lembrei que ainda tenho tudo guardado em casa e na memória.
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Vamos continuar nossa história, e sei que é triste, mas essa é a única forma de expressar como eu venho me sentindo nos últimos tempos. Triste, perdida, sozinha, e mesmo assim vou escrever um final feliz, então não se preocupem, só quero botar o que sinto pra fora. Até quarta!
Capítulo Revisado
Palavras: 1150
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ɴᴏssᴏs ᴇsᴄʀɪᴛᴏs, au pejão
FanfictionApós um término conturbado, nem Jão nem Pedro se seguem mais nas redes sociais, mas após alguns bons meses, quase dois anos, os fãs seguem teorizando sobre a relação do livro A Última Noite de Pedro Tófani com o álbum Anti-Herói do cantor Jão. Será...