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Pedro Tófani, point of view,
São Paulo.

Dormi no quarto de visitas do Romania, Chicória veio dormir comigo, já Vicente ficou com o moreno. Levantei às oito, e fui cozinhar o café da manhã. Sei que a pergunta provavelmente é, porque você está aí se não consegue mais ficar com ele? A resposta é simples, eu não posso me machucar de novo, mas ainda posso ser amigo dele.

Procurei em vários lugares da cozinha, mas não achei nada que servisse pra fazer o café da manhã, na verdade, achei mais bebida do que comida. Suspirei e pedi uma entrega de alguns mantimentos, até porque eu também iria comer, enquanto espera fui tomar meu banho e escovar os dentes.

— Peu... Cê tá aí? — João bateu na porta uns minutos depois, eu estava me vestindo, decidi por uma calça de moletom preta simples, e uma camisa branca. Meu cabelo estava enorme, mas gostava assim.

— Oi, João, tô sim! — Respondi abrindo a porta, ele tinha a cara amassada pelo sono. As olheiras enormes permaneciam em seu rosto, e o cantor estava levemente vermelho.

— E-eu sinto muito por ontem eu- — Coloquei a mão na sua boca, para interrompe-lo, o mesmo me olhou surpreso e curioso. A campainha tocou, pus minha máscara e fui atender.

— Oi, seu Jaime! Obrigado mesmo! — Pedi assim que abri a porta, o porteiro parecia contente, mesmo com sua máscara.

— Ah, eu que agradeço, menino! O senhor Romania é tão sozinho, fico preocupado, mas não sou fofoqueiro hein! — Disse o mesmo rindo assim que me entregou o pacote. Ele parecia verdadeiramente preocupado com Balbino.

— Não se preocupe, seu Jaime! Vai ficar tudo bem, obrigado mais uma vez! — Ele deu tchauzinho e então fechei a porta.

— O que foi is...

— Onde está o álcool? — Sem querer o interrompi mais uma vez, ele bufou indo buscar o álcool. Me entregou e cruzou os braços como uma criança pirralha.

— Não precisava ter comprado nada! — Afirmou o mesmo, ainda inflando as bochechas. Quanto mais o tempo passava, mais eu era apaixonado nele, mas não podíamos ficar juntos.

— João, eu vou passar o dia aqui, pois não tenho como ir pra casa nessa altura do campeonato, te farei companhia, conversaremos, mas eu não sou você pra me alimentar de bebida! E outra, quero ficar com a Chicória e com o Vicente! — Respondi lavando algumas coisas e em outras passando álcool.

— Ah! — Bufou o homem, jogando as mãos pra cima, indo ao banheiro. Sorri com seu drama, continuando minha tarefa. — Que horas é essa?!

— São oito e cinquenta, bom dia, Vitor! — Falei, lavando as mãos, tirei a máscara e dei um beijinho em sua bochecha. Ele se derreteu, mas tentou manter a postura.

— Bom dia, Augusto! — Exclamou o moreno sorrindo.

— Comprei aquele requeijão vegano que você gostava, você ainda gosta?! — Perguntei inseguro, olhei para seu rosto e o sorriso se alargou mais.

— Eu amo! Obrigado, Peu! — Disse o cantor, me fazendo respirar aliviado e sorrir. Começando a fazer nosso café da manhã.

[...]

Passamos a manhã toda, após o café, jogados no sofá assistindo Brooklin 99 em silêncio. Sorri com a lembrança antiga de assistir na WB com ele, esse mesmo episódio.

— Lembra quando assistimos isso na TV daquele seu outro apartamento?! — Sussurrei sem olhar para o mesmo, e ainda sim senti seus olhos em mim.

— Tentar esquecer é lembrar, do que escrevemos ontem! Nunca esqueci de nada, pode até estar confuso, mas nunca esqueci, Pedro! — Sussurrou de volta, então o miro novamente. Sorri tristemente, ele me encarou durante algum tempo, e então nós dispersamos novamente.

[...]

— Pedro, pode vir aqui rapidinho? — Perguntou Romania, eu estava na cozinha pondo a lasanha no forno, sim eu tinha comprado ingredientes pra fazer uma lasanha vegetariana de molho branco. Eu sou um fodido apaixonado.

— Já vou! — Pus a forma no forno, indo em direção a sala. João se encontrava largado no chão, com o celular pro alto.

— Lê isso aqui, por favor?! — Pediu o mesmo, então sequei minhas mãos um pouco mais e então peguei seu aparelho.

"Eu vou te amar como um idiota ama.
Vou te pendurar um quadro bem do lado da minha cama.
E eu espero enquanto você vive.
Mas não esquece que a gente existe."

— Isso tá muito bom, como posso te ajudar? — Me deitei ao seu lado.

— Quero isso no refrão, não sei como iniciar!

— Eu pensei em algo, porque as noites com você são boas! Enchendo a cara a cara e falando mal das mesmas pessoas, talvez vive se vá antes que o sol levante mas... E aí entra esse refrão! — Falei enquanto digitava.

— Que foda! Mas tá faltando algo... — Entreguei o celular ao mesmo, que começou a digitar. E desligou a tela.

— Acho que precisamos conversar... Eu não queria fazer isso, mas enfim. É preciso! — Suspirei, e Jão fez exatamente o mesmo.

— Eu concordo! — Olhei para seu rosto por um breve tempo, mas não consegui encarar seus olhos se tornando vermelhos.

— Olha, eu não posso ser mais que seu amigo, e entendo se você não puder nem ser meu amigo. A intensidade do nosso amor foi... Avassaladora, não sei se sentirei isso de novo em algum momento da minha vida por outra pessoa, mas deu errado, nós dois eramos muito novos, imaturos! Mas eu te amo, João, te juro! E quero só poder ficar por perto de novo, te aplaudir, te elogiar, cuidar pra você não ter uma cirrose! — Disse com um sorriso triste olhando pro teto. Meu corpo suplicava para dizer que mentia e queria ele em mim, como antes, beijos, abraços, conchinhas e dividir comida... Queria tanto.

— E-eu concordo, não acho que tentar de novo seja a melhor opção pra nenhum de nós dois nesse momento. E eu te amo, Pedro! Tenho certeza que nunca vou chegar perto amar alguém o quanto eu te am-, o quanto eu te amei! Mas eu ainda te amo e te quero por perto! — Ele travou um pouco, olhei para o mesmo e vi uma lágrima descendo de seu olho, rapidamente limpa. Voltei meu olhar para cima.

— Vai ficar tudo bem...

— Tem certeza?! — Perguntou Romania com insegurança, então peguei em sua mão.

— Eu tenho! — Afirmei com certeza, sorri triste pro teto lembrando das noites na praça sete. Nos dois no cais. Tudo é nós dois, e mesmo sem ser romântico, ainda pode ser sempre nos dois.

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Já eu não sei se tenho certeza akakka, espero que tenham gostado, cap amanhã!

Capítulo Revisado
Palavras: 1070

ɴᴏssᴏs ᴇsᴄʀɪᴛᴏs, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora