Jão, point of view,
São Paulo.Sai correndo desesperado, chuviscava lá fora, mas eu não me importava. Todos disseram para esperar o dia amanhecer, mas até lá já terei perdido a coragem. Entrei em meu carro e dirigi até o local me dado por Malu através do Whatsapp, enquanto tentava raciocinar o que diria e me acalmar.
Eu o diria que amava, que não importasse as vidas, os planos, nosso destino era ficar juntos e mesmo com as adversidades eu continuava sendo dele. Eu seria dele mesmo que em Doce eu disse que não poderia ser dele. Mesmo com Olhos Vermelhos dizendo que eu queria me perder, eu queria sim me perder pra voltar a ele.
Esses últimos anos foram complicados, parecia que tudo que eu havia construído não valia a pena sem ele ao meu lado. Me desfiz e refiz um milhão de vezes, porém, mesmo assim ele seguia comigo. Muitas das vezes isso foi ruim, mas não na maioria, evitei muita coisa por conta dele.
Clipes malfeitos, músicas descartadas, eu só gostaria de ter feito mais por mim nesse tempo. Eu sou um grande hipócrita e essa é a verdade, em Pirata eu canto sobre liberdade e vivências, quando tudo que eu queria era estar com ele. Mas não me arrependo de ter vivido, foi bom pra me desvincular da fama de sofredor, parar de me corroer pelo que não deu certo.
Eu nunca superei, nunca superaria, vamos ser sinceros, quem superaria Pedro Tófani?! Eu tentava apenas não me medicar, não me afogar sozinho. Nós nos tornamos estranhos ao longo do tempo e tudo afetava nosso relacionamento, tentávamos salvar um ao outro, enquanto tentávamos curar a nós mesmos.
Aquele caderno foi o motivo de Anti-Héroi e partes de Pirata existirem, eu escrevia sobre ele, enquanto ele escrevia sobre mim, era simplesmente um fim rápido e trágico. Mas eu não podia deixar acabar assim pra nós dois, sei que nos achamos muito cedo, e eu fiz de tudo pra esquecer, mas tentar esquecer me fazia lembrar e desejar aquilo de novo.
O chuvisco aumentou bem pouco, e eu estava a poucos metros do prédio do Tófani. Meu coração palpitava e mordia meus lábios para não deixar os pensamentos ruins me dominarem.
— Lá vamos nós... — Estacionei o carro e desci, pondo o capuz na cabeça em uma tentativa falha de proteger meus cabelos. Meus cachos estavam bagunçados e eu tremia, não de frio e sim, de nervoso.
Assim que cheguei na entrada vi um gatinho sentando, olhando para mim com curiosidade, talvez algum medo e um leve deboche. Ok, eles são sempre assim?! Vou até o mesmo e me abaixo em sua frente, que recua a primeiro momento, mas não sai do lugar. Calmamente passo a mão em sua cabeça, o mesmo ronrona e balança levemente o rabo, fazendo-me sorrir pequeno.
— Você é tão lindo! — Continuei acariciando o mesmo, para ganhar sua confiança. E então escutei um barulho, olho para o pescoço do mesmo, e vejo uma coleira azul, com um medalhão nela.
Com tranquilidade para não assustar o gato, vou até sua coleira e na parte da frente está escrito Santiago, no fundo percebo um relevo, então aperto os olhos para ler e está escrito: Pedro Tófani cond. xxxx número: xxxx-xxxx. Suspirei profundamente, e então peguei Santiago com cuidado em meu colo, ele tentou fugir no primeiro momento, mas consegui mantê-lo quieto em meus braços, e logo se aninhou perto de minha axila.
Toquei o interfone, falando que teria que falar com Tófani e dei minha identificação. Demoraram quase dez minutos, mas o porteiro liberou minha entrada, subi com Santiago adormecido em meu colo, apertei o botão do elevador e então me segurei para não desabar em lágrimas.
Bati na porta do apartamento e então Palhares abriu a porta. O moreno parecia destruído, mas continuava lindo, seus olhos eram fundos e estavam vermelhos, não pelos motivos que você está pensando. Ele havia chorado, na verdade, parecia chorar a dias.
— Meu Deus, Santiago, meu deus... Meu filho não faz mais isso, por favor! — Ele pegou o gato de meu colo e começou a abraçar ele. Os soluços eram altos e fortes, vi suas pernas fraquejarem, então o segurei pelos cotovelos, e logo o escritor voltou seu olhar para mim. — Obrigado, João eu, de verdade, me... De verdade, obrigado...
— Tá tudo bem, respira... Por favor! — Passei minha mão em seu rosto para secar suas lágrimas. Ele abaixou a cabeça e saiu de minhas mãos. Só me restou o vazio de onde estava seu rosto.
Mas logo ele voltou, dessa vez, sem o gato, me encarou profusamente, procurava respostas. Precisava entregá-las a ele, mas antes que eu pudesse iniciar Pedro começou.
— Dessa vez não aceitarei suas desculpas, até porque você nada fez. O errado nessa história sou eu, eu quem te beijei, eu quem fui embora, na verdade todas as vezes eu quem te deixei e você sempre voltou. Isso não é saudável pra nenhum de nós dois, eu sempre tô te machucando, me sinto horrível!
— Você só tá se protegendo, eu te magoei muito naquela época! — Afirmei com a voz embargada.
— Nós dois nos ferimos naquela época, não tire minha culpa, João Vitor! — Ele me sorriu amarelo.
— Amo quando você me chama assim... — Falei de forma galanteadora, fazendo o mesmo me dar um tapa no peito. Pego sua mão e o puxo pra mim. Antes que ele pudesse se soltar, apertei sua cintura o prendendo contra meu corpo.
— Seu pilantra... Não podemos, João! — Ele tentava não rir, sabia que o tinha ganhado, mas ainda haviam coisas a serem esclarecidas.
— Nós dois nos ferimos, nós dois nos magoamos, mas nós dois sofremos com isso. Eu vivi, e você também viveu, te perder foi a pior sensação que já experimentei na vida e não sei se um dia vou conseguir esquecer o quanto doeu. Mas eu te quero comigo! — Respondi olhando para o mesmo, as lágrimas já rolavam por nossos rostos. Ele pôs a mão direita em meu rosto, logo fechei os olhos e me inclinei para o toque.
— Você tem certeza, João?! Você quer se arriscar de novo?! Sei que não somos os mesmos, mas ainda sim, não podemos continuar nos machucando! — Disse Augusto, olhei para o mesmo e observei seus olhos vermelhos, com um sorriso triste no rosto.
— Tenho, meu bem... Eu nunca venci esses seus olhos vermelhos! Te amo demais, Pedro... — Aproximei meu rosto do seu, ele se inclinou mais pra mim.
— Eu nunca consegui sair da nossa última noite... Te amo, João... — Respondeu ele e então nós beijamos.
Era intenso, cheio de saudades, sua mãos navegavam sobre meu corpo, enquanto eu seguia firme enrolado em sua cintura.
Eu finalmente estava em paz.
----------
Nem acredito que eles tão finalmente juntos, que tá acabando... Obg por lerem e até o próximo!
O grupo de att foi criado, quem quiser, chama na dm que mando o link!
Capítulo Revisado
Palavras: 1140
VOCÊ ESTÁ LENDO
ɴᴏssᴏs ᴇsᴄʀɪᴛᴏs, au pejão
FanfictionApós um término conturbado, nem Jão nem Pedro se seguem mais nas redes sociais, mas após alguns bons meses, quase dois anos, os fãs seguem teorizando sobre a relação do livro A Última Noite de Pedro Tófani com o álbum Anti-Herói do cantor Jão. Será...