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Jão, point of view,
São Paulo.

Depois de sair completamente descontrolado da sala, fico pensando no que teria acontecido, mas esqueço isso, pois quando o mesmo quiser me contar, ele irá. Como a última fatia de pizza que restou pondo a caixa da mesma dobrada na lixeira. Tomei meu banho e fui dormir.

[...]

Três da manhã, exatamente. Eram três da manhã e eu havia acordado com um barulho de algo de metal caindo na cozinha. Levantei da cama e fui até o cômodo com cautela, encontrando Tófani xingando com um iogurte na mão e uma colher na outra.

Baby, o que houve? — Sussurrei olhando para o homem, ele se assustou, mas logo me percebeu. Colocou a mão em seu peito e suspirou.

— Que susto, João! Tô comendo, passei a noite toda escrevendo, tô sem sono, mas sem criatividade também... — Respondeu o escritor, abrindo seu iogurte.

— Quer que eu te faça companhia?! — Perguntei passando a mão no rosto.

— Não precisa, querido... Eu me viro, você precisa dormir! — Pedro se levantou e passou a mão em meu rosto. Um carinho singelo e significativo.

— Mas eu quero, não vou na academia amanhã, então posso ficar contigo! — Disse, o mesmo me olhou com ternura, sorri pra ele e peguei em sua mão, levando-o para seu quarto.

Deitamos em sua cama, e logo vejo Chicória e Vicente entrando no quarto à espreita.

— Quer dormir ou quer escrever?! — Ele terminou de comer, pondo o pote na mesinha de cabeceira. Desligou o notebook e o colocou na mesa, desligando a luz do quarto também.

Liguei o abajur bem fraquinho, entrando nos lençóis, ele se enrolou também, deitamos de frente um pro outro. Suspiro fraquinho e o puxo pro meu peito, Tófani se surpreende, mas logo relaxa, começo um cafuné em seus cabelos pois Pedro está deitado em meu peito.

Durmo com o Palhares em cima de mim, como a muito tempo atrás.

[...]

O sol bateu em meu rosto, por não termos fechado as janelas antes de dormir. Percebi alguns pesos em mim, me lembrando que dormi com Pedro, abro os olhos devagar, vejo a cabeleireira do escritor, mas também vejo Vicente deitado em cima de nós dois e Chicória nas costas de Tófani.

— Bom dia... — Sussurrei para o escritor quando percebi sua movimentação lenta.

Bum dia juao... — Responde, movimentando sua cabeça contra meu peito devagar, abraçou mais meu corpo e então senti minha pulsação acelerar.

— Vai levantar agora?! — Pergunto ajeitando seus cabelos.

— Só mais um pouco... Tô cansado! — Disse Pedro com a sua voz rouca pelo sono. Dou uma leve risada e continuo o carinho.

Depois de um tempo o mesmo começa a recobrar a consciência, mas ainda não fazia nenhum sinal de que me soltaria.

— Que horas é?! — Olhou para cima, encarando meu rosto de forma serena. Sua cara amassada pelo sono era a obra de arte mais linda que eu já tinha visto.

— Onze e vinte! — Respondi e sua mão foi para em meu peito, não sabia o que o mesmo iria fazer, mas não me movi.

— Quer comer o que?! — Se espreguiçando ainda deitado, tomando cuidado com os gatos ao nosso redor, questionou o moreno.

— O que você quiser fazer tá bom, sou meio indeciso com comida, 'cê sabe! — Falei com um sorriso sonolento no rosto. Ele subiu a mão para meu rosto e disse.

— Tudo bem, hoje farei uma surpresa então!

— Estou ansioso! — Afirmei e ele me devolveu o sorriso.

[...]

Sim, Tófani fez arroz com feijão e tofu frito, e vocês devem estar pensando, é só um arroz com feijão e tofu, mas não é qualquer coisa, foi feita pelo Pedro fuking Tófani anos que eu não conseguia ser agraciado com tamanha delícia, estávamos separados, e ele sempre fazia pra mim quando sabia que eu ficaria muito tempo no estúdio etc. Saudades é algo tão nocivo.

— Ficou bom?! — Perguntou o moreno meio inseguro, e eu, que comia como um animal e nem tinha vergonha de esconder minha satisfação com o prato, olhei pra ele com a sombrancelha levantada.

— Você ainda pergunta?! Tava com tanta saudades da sua comida, Pepeu... — Respondo e então vejo as bochechas do mesmo corarem.

— Obrigado... — Sussurrou Pedro continuando a comer. Sorri pequeno pro mesmo e voltei a comer.

Após comemos, nos deitamos no sofá assistindo mais uma vez a nossa série favorita, cada um em pontas diferentes do sofá o que me traz um aperto no peito, mas apenas suspiro, tentando me distrair com as imagens de rolava na tela. Ouvi Tófani sussurrar, voltei meu olhar a ele, o mesmo digitava algo rapidamente em seu celular, sorria de lábios apertados, fico curioso, mas me contenho e me forço a voltar meu olhar para a televisão.

— Oh, Jão, pode me ajudar aqui?! — Perguntou o escritor, ainda pressionando os lábios.

— Precisa do que, meu bem?! — Olhei para o homem, vi seu rosto ficar meio vermelho e então ele se arrastou pro meu lado. Assim que o mesmo ficou do meu lado, Chicória, que estava em meu colo, corre para o colo do moreno. — Ela tem o seu favorito!

Sou pai favorito ou isso é saudades, princesa?! — Palhares falou com uma voz fofa, me lembrando de quando eu apareci em minha casa com a mesma em uma caixa, eu só tinha saído pra comprar leite e ovos para um bolo que o escritor queria fazer, voltei com a mesma numa caixa, sem os ingredientes. Ficamos sem bolo naquela madrugada. 

— Ela com certeza tem um pai favorito! — Respondo e ele me olha sorrindo enquanto acariciava a gatinha. Pedro me entregou o celular, vejo que era seu livro, então começo a ler.

"Sorriu o de black-power para seu ex-namorado, enquanto assistiam um filme em conjunto, seus gatos estavam no meio dos dois, enquanto Pablo fazia carinho em Vitor, Jorge acariciava Camila. Os dois assistiam seu filme favorito depois de tanto tempo em que nenhum dos dois conseguiam encarar aquela película. 

— Sabe a coisa mais estranha do nosso término?! — Jogou Pablo aleatoriamente, fazendo olhar do cantor voltar para si.

— Qual seria?! — Respondeu o outro com um sorrisinho fofo no rosto.

— Eu nunca consegui me ver com outra pessoa assistindo filmes desse tipo! — Disse o escritor segurando o ar."

— Não faço a mínima ideia de como seguir depois disso! — Falou Tófani assim que volto meu olhar para o mesmo.

— Posso escrever?! Ai você tira se não gostar! — Afirmei, ele apenas assentiu positivamente com a cabeça. Começo a escrever e então assim que termino entrego pro mesmo.

"— E eu nunca me vi dessa forma com outas pessoas também, acho nunca vamos consegui nos esquecer! No fim, acredito que sempre fomos um pro outro, pro bem ou não... — Disse o negro, com um nó na garganta, segurando seu choro."

Devolvi o celular para Tófani, levanto e vou até a cozinha, beber uma água. Depois de alguns segundos sinto braços ao redor de minha cintura, por termos alturas parecidas, mas o escritor ser menor, sei que estava nas pontas dos pés enquanto colocava a cabeça em meu ombro.

— Obrigado, querido! — Agradeceu Palhares, então "engulo" o nó de minha garganta e pergunto.

— Pelo que?

— Por ser você, por ser tão incrível! Pela ajuda com o livro, por me deixar te ajudar nas musicas e fazer parte da historia dos discos no seu processo de carreira, sei que nosso final dói, dói em mim assim como dói em você, mas tu permitiu deixar isso de lado e me acolher de volta! Obrigado. — Ele respondeu, deu um beijo em meu pescoço, em minha bochecha e eu nada respondi, apenas segui me aproveitando daquele abraço.

Talvez um dia pare de doer, enquanto isso vou esperar meu coração parar de gritar seu nome.

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Acho divo eles agindo como casal sofrendo! Até quinta!

Capítulo Revisado
Palavras: 1285

ɴᴏssᴏs ᴇsᴄʀɪᴛᴏs, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora