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Jão, point of view,
São Paulo.

Eu simplesmente estava exausto. Fiz academia quase que o dia todo, pois simplesmente não tinha porra nenhuma pra fazer, tomei um banho de quase uma hora e decidi abrir minha garrafa de vodka. Sim, vodka pura, perdi o amor a vida a muito tempo.

— Ei, meus filhos, como vocês estão?! — Beijei Chicória e Vicente, o gato veio se deitar em meu colo. A gata me olhou como se me julgasse, assim que viu a dose de vodka em minha mão, sabia que ela não gostava disso. — Cê tá me julgando, filha?! Te amo, meu bem! — Dei mais um beijinho em Chicória, que miou de forma debochada e saiu andando para o andar de cima, senti meu peito pesar com isso. Então virei a primeira dose de vodka de muitas.

[...]

Após beber metade dessa garrafa, eu já estava levemente, apenas levemente, alcoolizado. Decidi pegar o resto de Bourbon que tinha em meu armário, terminando a garrafa em alguns goles. Tudo começou a girar um pouco, fazendo-me parar no local, apoiado na bancada.

Peguei meu celular e então vou no Instagram. Tive uma ótima ideia, fazer uma live. Guardo as garrafas, e vou até a sala, deitando no e ligando a live.

— Oi, boa noite! — Falei e percebi que estava meio grogue. Então dei uma coçada na garganta e começo a ver os comentários. — Se eu tenho um novo álbum? Ter, ter, não tenho, mas tenho várias músicas pra esse novo álbum.

Vou lendo e interagindo, vejo que meus amigos entraram na live.

Cê tá bêbado?! Bêbado é forte, não tô bêbado! Deixa eu ver aqui... Superou o ex? Não né gente, superar ex no século vinte e um é coisa de desocupado... — Respondi rindo, vejo que o Pedro entrou na live. — Gente, como faz pra chamar alguém na live?!

Continuei falando e interagindo. Até que falaram, dúvido você chamar o Pedro Tofáni pra participar da live e dizer dúvido pra mim é a pior coisa que pode acontecer.

— Sim gente, sou um idoso na internet... Qual a relação entre o livro do Pedro e o seu álbum?! Não sabia que tinham sido lançados no mesmo dia, mas se vocês lerem os compositores de todas as minhas músicas, ele escreveu junto comigo! Obrigada, por explicar e ser uma boa alma, Júlia! — Essa Júlia tinha explicado como chamar alguém pra live, então chamo o Tófani pra live. Que me surpreende, e a todos nós, aparecendo na tela.

Ele estava com os cabelos longos e volumosos, uma barba por fazer, de camisa preta e também deitado, mas provavelmente na cama.

— Você me convidou errado ou?! — Perguntou o escritor e percebi que o mesmo não estava bem.

— Sei lá. Tô bêbado! — Finalmente admito, mas dessa vez nem estava prestando atenção nos comentários.

— Olha, a todo mundo que entrou aqui pra me cobrar um livro novo, já digo que não tem nada em produção! — Palhares falou rindo, se ajeitando na cama com um sorrisinho sarcástico.

— Esse povo pode continuar cobrando o seu livro se continuarem me cobrando álbum sim. Aliás, tô lendo ele, comecei hoje, bom demais, pena que já sei como vai acabar! — Suspirei e então o moreno sorriu pra mim.

— Acho que sempre soubemos que ia acabar assim, só fingimos que não! — O sorriso triste do Tofáni me cortou o coração.

— Não queria que tivesse acabado assim. Não queria ter feito o que fiz. Amor de fim de festa, né... Me desculpa, de novo! — Tristemente, meus lábios são enfeitados por desculpas mais uma vez.

— Eu vi a turnê, já te desculpei a muito tempo, João! Tudo que eu penso e escrevo ainda é meio que sobre você... — Admitiu levantando da cama.

— É estranho, quase quatro anos e seguimos em julho... — Sussurrei. Ele me olhou surpreso e sorriu.

— Estaremos eternamente, eu acho! — Antes que eu possa responder, o homem entrou na cozinha, apoiando o celular em algum lugar e vejo uma foto nossa na geladeira.

— Eu tô vendo o que tô vendo?! — Perguntei com um sorrisinho nos lábios. Ele me riu de volta, indo buscar água, e então a foto fica mais nítida. — Eu tenho essa também, ela tá lá no quarto.

— Tenho certeza que tá no closet! — Respondeu o escritor, eu estava tão dentro dessa situação, que agora sim lembrei que estava em live.

— O caos dos comentários... Gente, vocês nunca foram ler os compositores das minhas músicas não?! — Disse e então Pedro riu alto. Ri junto e voltei a interagir com eles.

De onde vocês se conheceram?! De onde nós conhecemos João Vitor?! — Exclamou o Fernandes rindo.

— É uma história de filme, mas não vou contar, fiquem na curiosidade. E o livro novo, Pedro Augusto Tofáni Fernandes Palhares?! — Joguei de volta, fazendo o mesmo me mirar com um olhar assassino.

— E o álbum novo João Vitor Romania Balbino?! Agora, que nome grande da porra que eu tenho! — Ele afirmou me fazendo rir alto.

Ficamos mais um tempo interagindo com a galera. Até que cansei.

— Acho que vou dormir, a Chicória já me julgou o suficiente por hoje... — Falei suspirando.

— Saudades dela... Mas enfim, dá um beijinho nela por mim! — Pediu o homem, então não perdi a oportunidade.

— Você poderia vir aqui visitar os três gatinhos que tem aqui em casa!

— Adotou um terceiro?! — Questionou o mesmo de forma cética e fingida.

— Eu, Vicente e Chicória! — Respondi sem nenhum tipo de pudor.

— Vou pensar no seu caso! Beijo, lindo!

— Beijo, querido! Até mais gente! — Desliguei a live e percebi a forma como nós despedimos.

Talvez não seja tão tarde assim.

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Surtem muito com esse, pfvr! Na sexta feira tem mais, beijos, até lá!

Capítulo Revisado
Palavras: 940

ɴᴏssᴏs ᴇsᴄʀɪᴛᴏs, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora