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Pedro Tofáni, point of view,
São Paulo.

Sorrindo comemos aquele brownie em silêncio, assistindo o episódio da série. Quando acabamos o João decidiu fazer uma live, perguntou se eu queria participar e eu preferi não participar, indo para meu quarto tentar escrever o livro, mas não me aguentei e logei na live.

— Olha só quem entrou, Pedro Tófani... — Falou o moreno com um sorriso largo. Logo sou posto na live.

— Oi de novo!

— Tá fazendo o que?! — Pergunta o cantor como se não soubesse, dou um sorriso de canto de boca e o vejo ficar um pouco vermelho.

— Tô tentando escrever! — Respondi e logo vi o chat da live ir a loucura.

— E a galera pira... Gente, sou nova aqui, eles são um casal?! NÃO erh quer dizer, não, não somos um casal! — João leu um comentário e logo disse isso. Senti minhas sombrancelhas subirem sem controle, se franzindo. — Pedro, tá aí?!

— Oi, me distrai! — Voltei a realidade, tirando meus pensamentos ridículos de circulação e seguimos a live normalmente.

[...]

Depois de uns trinta minutos saí da live, e fui escrever. Dessa vez eu tinha mais inspiração e raiva, pois seria uma continuação de A Última Noite mas eu queria fazer um final feliz, então me esforçava para por o máximo de sofrimento no início, para o fim ficar livre.

— Ei, tá tudo bem?! Consigo te ouvir digitando forte do lado de fora! — Jão bateu na porta, pondo levemente a cabeça pra dentro do cômodo e me observar.

— Não... Tá tudo bem, aconteceu algo?! — Ele entrou no quarto e se sentou na cama, pondo a mão em minha perna.

— Se você não quiser falar tudo bem, mas eu estou aqui, ok?! Queria saber se você quer pizza?! — Disse Romania com um sorriso meigo, ainda fazendo carinho em minha coxa.

— Vou sim, pode escolher o sabor, se ainda lembrar dos meus favoritos! — Respondi tentando não transparecer meu desconforto. Naquela situação da live, parecia que ele se arrependia de nosso relacionamento passado.

— Óbvio que eu lembro, Pê! — Se fez convencido, fez mais um carinho na minha perna e deu-me um beijo na testa antes de sair. Deixando apenas eu e meu notebook com sete páginas escritas.

Continuei escrevendo, e acabei que nem vi o tempo passar, quando João bateu em minha porta mais uma vez, eu digitava rapidamente, sentia os olhos arregalados mas não poderia parar, faziam meses que eu não tinha uma inspiração nesse nível.

Ele se sentou ao meu lado, pôs a cabeça em meu ombro e só assim sai do limbo de escrita em que estava, sentindo meus dedos doerem. Parei bruscamente começando uma massagem em minhas mãos, que logo é assumida pelo Balbino.

— Pelo visto alguém teve uma epifânia de criação. Isso são vinte páginas?! — Perguntou o moreno surpreso, enquanto fazia massagem em minha mão esquerda.

— Eu só... Precisava desabafar, eu acho... — Respondi, o homem tirou a cabeça de meu ombro e me puxou para deitar com a cabeça em seu ombro. Pegou minha mão direita, fazendo o mesmo que fazia com a minha esquerda anteriormente.

— Tudo bem, a pizza tá pra chegar, quer descer? — Ele falava baixinho, apenas fechei meus olhos e me aconcheguei mais nele. — Vejo isso como um não.

— Só dez minutos... Por favor... — Pedi e ele apenas começou a me fazer um cafuné. Me deixei esquecer o que me afligia e ir pelos carinhos do Romania.

[...]

Ele pediu pizza de quatro queijos e chocolate. É uma pena que não poderei estar casando com ele.

— Caralho que incrível você é! Você lembrou, puta merda! — Pulei como uma criança, João sorriu e então dei um beijo em sua bochecha.

— De nada, querido, agora vamos comer! — Sentamos no sofá e comemos em silêncio.

Essa sempre foi minha coisa favorita de nós dois, sempre estivemos confortáveis no que é nosso. Bom, talvez apenas eu estivesse pela resposta do cantor hoje na live, com tudo isso percebi que não poderia ser amigo dele, mas sou sadomasoquista, fingiria, me odeio e amo tanto ele que vou ficar, enquanto ele se distrai com seus papéis de músicas e canetas, esperando ele me amar de novo.

Esperando o amor dele.

— Se perdeu de novo?! Tá sujo aqui, oh! — Me indicou o canto de minha boca, fazendo-me "acordar" de meus devaneios.

— Onde?! — Tentei limpar, mas pelo visto não consegui, já que o Romania ria. Ele me parou e limpou o canto da boca, vejo o chocolate em seu dedo, sorriu pra mim e pôs o dedo na própria boca. Limpando-o.

Fiquei hipnotizado com o movimento, gravado cada segundo na cabeça para não esquecer nenhum detalhe dessa cena. Passava em câmera lenta em minha cabeça, tentei sair disso, mas quando percebi o que fazia, Jão já me olhava com dúvida.

— Tem algo sujo?! — Começou a limpar o próprio rosto.

— N-não! B-bom, obrigada pela pizza, de verdade. Mas vou subir logo, tô com muitas ideias pro livro e eu... Enfim, qualquer coisa me chama! — Deixei o copo em que havia tomando refrigerante na pia, pois eu havia lavado os pratos do almoço então a janta era dele.

Subi correndo para meu quarto e fechei a porta. Sentindo meu coração bater mais rápido, fui até o banheiro com mais calma e lavei as minhas mãos, depois o rosto e dei alguns tapinhas em minha face.

Me olhando no espelho percebi minha decadência.

Realmente.
Nós não poderíamos ser amigos.
E eu gostaria de poder fingir que podemos.
Ele vai se apegar nas próprias músicas dele, seus papéis e canetas.
Vou aguardar ele me amar de novo.
Vou esperar pelo amor dele.

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Tava inspirada em eternal sunshine galera, sorry! Até terça, comentem e votem! Bjs!

Capítulo Revisado
Palavras: 945

ɴᴏssᴏs ᴇsᴄʀɪᴛᴏs, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora