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Pedro Tófani, point of view,
São Paulo.

Suspirei tristemente, olhando para a foto minha e do Jão na geladeira. Nunca tirei ela de lá. Aquela foto foi tirada por Malu, após eu brincar com o Romania sobre nós dois "abrirmos o relacionamento", ele ficou puto, um bico enorme, e então saiu essa foto. Eu me lembro bem de como sentia falta daquele sorrisinho lindo.

Ouço uma batida na porta, me surpreendendo já que não esperava ninguém nem nenhuma entrega. Levantei, parecendo-me arrastar, olhei pelo olho mágico e então vejo minhas amigas, Ana Caetano, Vitória Falcão e Malu Alves, paradas na porta.

— Oi... — Falei assim que abri a porta, as mesmas estavam de máscara, Ana segurava uma garrafa de vinho, Vitória uma sacola cheia de comida e Malu trazia sua beleza e presença.

— Ei, tudo bem?! — Pergunta Ana, senti que a mesma queria me puxar para um abraço, mas não podia. Isso também me doía.

— Eu tô só... Sei lá! — Trouxe as meninas para a cozinha, Vitória e Malu começaram a limpar as coisas com álcool, enquanto Ana foi tomar banho, sim, elas dormiriam aqui.

— Diz pra gente, brigadeiro normal ou branco? — Vitória pegava a panela em meu armário.

— Vocês preferem o normal, melhor fazer o normal! — Respondi, passando a mão por meus cabelos. Luísa me olhou e revirou os olhos, e a cacheada apenas negou com a cabeça.

— Sempre se deixando prós outros, faz o branco, Vi! — Malu afirma, Ana sai do banho, e então Maria entra.

A morena me dá um beijo na bochecha, e me abraça forte, não me permito chorar antes de estar completamente bêbado de vinho. Sinto seu cheiro e então tenho a lembrança de quando esse abraço foi me dado após o término. Numa situação como essa. Todos tem um déjà vu no final.

— Que saudades, Pedro... Sinto falta de te perturbar, sair pra balada e te acudir bêbado. Parece que faz tempo! — Me agarrei a ela como se a mesma fosse uma âncora. A mesma começa a fazer carinho em meus cabelos, sorri, senti muita falta desse tipo de contato.

Senti sua falta também, querida... — Minha voz saiu abafada, a Caetano riu baixinho continuando o abraço.

Ficamos assim por um tempo, nós soltamos e ficamos conversando, Malu saiu do banho, tomando o lugar de Vitória no fogão, já que eu e Ana simplesmente não conseguimos fazer um ovo frito.

— Saudades de tomar um vinho com vocês e ficar falando besteira! — Malu sorriu para nós, que já havíamos sentado nas banquetas da cozinha.

— Sim, essa pandemia fodeu tudo! Saudades de reunir os amigos! — Respondeu a morena para a loira.

— Não é como se tivéssemos reunido os amigos ao longo desses anos, mas enfim... — Sussurrou Malu, seguindo mexendo seu brigadeiro. Coloquei minha cabeça em meus braços, grudando a testa na bancada.

— Cheguei! — Vitória entrou, estava com os cabelos, antes soltos, em um coque alto. A mesma usava um moletom que combinava com o de sua namorada.

— Vem, vamos por as coisas na sala! — Ana puxou a namorada, levando as coisas para a minha sala.

— Bom, eu sei que você quer falar! Fale, Luísa, apenas fale! — Digo a mesma suspirando, sabia que ela estava se segurando para não soltar tudo que pensava e questionava desde a live.

— Você ainda gosta dele, não gosta?! Sei que é uma pergunta idiota, está óbvio, ainda usa o colar que fizeram para o namoro, e diga-se de passagem ele também! As fotos de vocês continuam pela casa, Chicória e Vicente sentem sua falta, sempre coloco seus áudios pra eles, pra matarem a saudades. Os filhos da separação, é triste demais! — Malu me sorri pequeno, ela me conhecia até bem demais.

— Óbvio que eu amo ele, mas não vai dar certo! — Respondi em uma feição de falsa alegria, um sorriso triste enfeitou meu rosto, a mesma virou o olhar pra mim por alguns segundos, se voltando ao brigadeiro em seguida e nada disse.

Aquilo doeu, foi como se a mesma tivesse desistido de mim.

[...]

— E então ela me olhou com o maior deboche e disse que a Vitória não fazia o tipo do perfil da empresa, lembro que fiquei puta, eu faço, mas minha namorada, que por acaso do destino é minha colega de trabalho, não faz o perfil?! Aí eu acabei com ela! Que nada! — Havíamos pedido uma pizza, comiamos enquanto falávamos sobre a vida e relembravamos coisas.

— Bom, vamos ir direto ao assunto da noite. Sei que Luísa já iniciou, mas precisamos falar, Pedro! — Suspirou Vitória, assim que a sua namorada terminou e ficamos um tempo em silêncio. O vinho já estava pela metade, eu já me sentia perdido e leve para falar o que pensava sobre a vida e como me sentia mal.

— Sim, eu já sei, Jão Romania e eu. O que será de nós! — Respondi com um sorriso amargo no rosto.

— Pedro, eu sei que é difícil, mas desde o término você se fechou bem mais! Antes da pandemia mal saia conosco, era como se não fossemos suas amigas e sim amigas do Jão! — Disse Ana, pondo a mão em meu ombro. Fechei os olhos e joguei a cabeça pra trás.

— Eu sei, eu sei que errei... Mas tudo que eu fiz foi pra me proteger!

— Não precisa se justificar, a gente entende, mas quanto mais você deixar esse sentimento preso, pior! — Respondeu Malu, que antes disso apenas ficou calada.

— Tudo bem... Acho que eu sempre soube que não dariamos certo, eu sempre fui mais solto, com minhas excessões obviamente, e ele sempre foi inseguro. Eu era novo, na verdade nós dois éramos muito novos, não pensávamos antes de agir e essa porra só machucava! Eu tentei, ele tentou, o João mudou durante nosso relacionamento, pra melhor, mas ainda sim, estava desgastado! — Joguei tudo que sentia, logo senti minha quase irmã se proximando, coloquei minha cabeça em seu peito, e ela me abraçou pelos ombros.

— E porque você acha que não daria certo agora?! Vocês cresceram, viram os erros, mudaram. Vocês dois se amam tanto, é um amor que não se encontra tão fácil! E vão deixar ir embora assim, tão fácil?! — Pergunta a morena a minha frente, de forma cautelosa.

— Tudo que eu mais queria era correr prós braços dele e falar pra esquecer que fizemos tudo errado, pra esquecer do passado! Eu juro, mas não posso acabar da mesma forma, ele é... Ele é o amor da minha vida, e talvez, só talvez... — Minha voz falha, pelo embargo com o choro, os nós formam e então tremendo digo. — Ele é o amor da minha vida, mas talvez não seja o amor para minha vida.

— Não Pedro, não... Não diz isso! — Malu também chorava agora. Sei o quanto dói tudo isso nela.

— Ei, tudo bem, eu vou superar! — Respondi as súplicas da mesma, levantando para a abraçar.

— Não vai, Pedro! A gente sabe que não vai! — Afirma Vitória, e então a olho. Ela tem um olhar carinhoso, e as lágrimas também molham seu rosto.

Elas sabiam que eu não ia superar.

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Nenhuma de nós vai superar... Essa semana é att todo dia até domingo! Aproveitem!

Capítulo Revisado
Palavras: 1185

ɴᴏssᴏs ᴇsᴄʀɪᴛᴏs, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora