26- Ties

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Então era real, eu e Walker estávamos "oficialmente" namorando, claro que só para os que conviviam com a gente fisicamente e fora da mídia. No fundo, mesmo me incomodando com isso, sei que não é o momento de assumir esse relacionamento abertamente.

Mas tenho que falar que desde aquele dia, nosso vínculo ficou cada vez mais forte e pelas gravações terem acabado, nós conseguimos passar cada vez mais tempo juntos, e olha que tem apenas um mês.

— Walker William Scobell! - Exclamo em tom estressado enquanto tentava alcançar o garoto que simplesmente saiu correndo com minha blusa favorita de dormir, DO HOMEM-ARANHA.

— Me deixa usar por favor. - Ele para no final do corredor com as mãos juntas em sinal de súplica e com a camiseta em seu ombro.

— Nunca que vai servir em você, me devolve. - Com a mão direita erguida em direção ao garoto eu retruco em tom de ordem.

E ele revira aquelas iris azuis como de costume sempre que se vê sem opções.

— Estou me sentindo traído. - Ele entrega a blusa em minha mão e logo revira o rosto amuado.

Me aproximo do loiro que forçava uma expressão de mágoa que quase me tirou o riso, mas me segurei para não quebrar seu drama excessivo. Não dei a ele tanta atenção quanto deveria ultimamente, estou aos poucos me desacostumando com essa rotina quieta e voltei a fazer produções nessa semana.

— Seu aniversário está chegando - falo baixo enquanto enrolava uma de suas mechas douradas no meu dedo. — Quem sabe eu compre uma igual de presente.

— E aí a gente só vai sair igual. - Um sorriso quase genuíno aparece no rosto dele.

— Para de ser brega! - Não segurei a risada com sua expressão infantil e dei um leve tapinha em seu ombro.

— SCARLET - O famoso grito de uma mãe, Camila tornou isso seu ritual. Respondo no mesmo tom um "OI MÃE" e apenas escuto um "desce aqui" como resposta.

Scobell faz sinal com a cabeça pra escada e assim fomos nós dois em direção à descendo.
Minha mãe como sempre, escorada no balcão da cozinha com uma tigela de brigadeiro maior do que o normal.

— Mãe, o Walker vai acabar tendo diabetes.- Falo em tom risonho e o garoto retribui com uma gaitada baixa se direcionando até as gavetas e pegando duas colheres e me entregando uma.

— Para de ser boba, ele ama! - Ela fala apontando pro loiro que já estava com uma colher cheia. — Queria conversar com vocês.

De imediato Walker me olha de relance, minha mãe consegue ser bem extrema às vezes e ele diz ficar com medo de algumas conversas.

— Que tal fazermos uma viagem em família? - Ela volta ao seu tom de normalidade e serenidade e percebo Walker voltar a respirar normalmente.

— Mas,  só nós três? - Questiono um pouco confusa, e sinto um certo desânimo também. Não me leve a mal! Nunca iria achar ruim ter um momento único com duas pessoas tão especiais na minha vida, mas como eu provavelmente iria ficar mais grudada com Walker, saber que minha mãe não se divertiria da mesma forma do que eu não me faz levar essa viagem à três em consideração.

— Certo... - Ela suspira e me olha fixo, nesses momentos nem sei o que sinto porque nunca sei o que esperar. — Eu disse em família porque...

Parecia ter formado um nó em sua garganta.

— Mãe fala logo.

— Eu e seu tio, Walker, estamos... vocês sabem. - Ela pareceu sem graça. Sei muito bem que estava sentindo culpa, e por isso não me disse desde o início.

— Pera, o tio Ray? - Walker arregala os olhos e sua boca fica entreaberta por uns segundos. — Agora tudo faz sentido.

— Quanto tempo? - Foi a única coisa que consegui dizer.

— Cinco meses, Scar.

Não sabia se ficava com o coração totalmente dolorido por sentir que ela não confiava em mim ao ponto de me esconder, ou se eu ficava extremamente feliz por ela.

— Filha, eu sei que você sempre quis seu pai por perto, eu sempre fiz de tudo para que você não pensasse tanto nele e fui o dobro mais presente. Mas acho que agora você entende melhor que ter a companhia de alguém não tem comparação. - Seus olhos faltaram brilhar quando ela falou a última parte.

Dei um passo à frente de forma automática e depositei um abraço em seus ombros.

— Não deveria ter se privado de conhecer outra pessoa por minha causa. - falo antes de romper o contato e sorri singela pra morena em minha frente que agora parecia bem mais relaxada.

— Mas agora não fica estranho?  Tipo, meu tio é padrasto da minha namorada. - A frase inocente do loiro tira uma gargalhada da minha mãe.

— Ele foi meu namorado primeiro, se resolvam! - Ela exclama se levantando com uma colher cheia de brigadeiro se virando para a sala.

— Acho que agora eu sei de quem você puxou esse jeito imprevisível. - O garoto coloca seus braços em volta do meu pescoço fazendo nossos rostos ficarem mais próximos.

— Não puxei metade desse lado dela. - Solto um riso, ainda tentando raciocinar.

— Parou pra pensar em como isso vai ser bom pra gente? Nossas famílias tem um laço à mais! - Ele parecia tão empolgado quanto minha mãe.

— Vai ser ótimo, não é? - Olho de forma constante pro rosto de garoto que não desmanchava o sorriso de forma alguma, e assim recebo um selar na pontinha do nariz.

— Tenho certeza que vai.

𝐂𝐚𝐧 𝐰𝐞 𝐛𝐞? - 𝑊𝑎𝑙𝑘𝑒𝑟 𝑆𝑐𝑜𝑏𝑒𝑙𝑙 Onde histórias criam vida. Descubra agora