Fernando Pessoa

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Sozinho em uma sala barulhenta

Pareço uma ilha

Mal consigo me concentrar em química

A milhas e milhas.


Aquela velha sensação de abandono

Quero fugir

Não quero estar neste corpo que dilui seu sono

Em mim.


Nem sei mais no que penso

Esmoreço

Lapsos de uma paz distante me deixam tenso

Desfaleço.


Meu mar de lágrimas Recifenses frias

Está seco.

Nem tudo parece valer a pena nessa vida

Sou seco.


Da janela, vejo um dia lindo, do qual

Não faço parte.

Parece dizer que é um disparate querer se isolar

Trancar o olhar, afinal.


Tenho certeza que assim será o futuro;

O dia seguinte, uma repetição de tudo.

Sou Pessoa, à toa.



Raimundo Monteiro

Minhas Noites de InsôniaOnde histórias criam vida. Descubra agora