Projeto Escolar - Prólogo

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     Aula de Artes. Uma matéria que, do momento em que você para de pegar seu caderno de desenho e pintar árvores de azul, amarelo e vermelho, fica um saco. Você passa a se aprofundar sobre vários movimentos e vanguardas artísticas, contudo sem desenhar merda alguma. A parte mais divertida das aulas de Artes era fazer sua própria obra. Felizmente, a professora entendia isso.

     Brigitte era como se chamava a tutora da disciplina. Da pele escura e dos cabelos crespos de um tom bem escuro, mas ainda azulado -- pigmento artificial. A mais bonita das professoras, com um sorriso contagiante e uma tiara branca que se destacava contra suas madeixas. Uma das mais simpáticas, também, especialmente se comparada à de Geografia, Karla. E, sem dúvida alguma, uma das mais criativas. Ao ponto de bolar um dever de casa bem legal.

     -- Eu quero que, daqui a duas semanas, vocês me entreguem uma tela, uma pintura -- iniciou com as mãos sobre a mesa -- Entretanto, eu que vou escolher o tema.

     Inicialmente, a turma ficou feliz, todavia se entristeceu. Queriam tema livre. Não que isso fosse uma ideia boa. Há relatos de que, no ano anterior, pintaram um quadro de Benito Mussolini mijando no território dominado pela Itália. Sim, é nojento, mas pelo menos não desenharam a peça dele.

     -- Os temas estarão relacionados aos assuntos do livros. No caso, os movimentos artísticos: Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo, Futurismo, Impressionismo, Pop Art, Simbolismo e Surrealismo.

     Pat pôs o queixo sobre o punho, olhos brilhantes de interesse.

     -- Entretanto, sou eu quem vou escolher as equipes.

     A turma vaiou novamente. Brigitte, na visão dos estudantes, tinha um defeito: amava forçar amizade entre os jovens. Abominava panelinhas e cria que todos deveriam dar as mãos e se dar bem.

     -- Como temos 24 alunos, vou dividi-los em grupos de três.

     -- Não pode ser de quatro, não? -- um aluno engraçadinho zombou. A galera riu junto.

     A professora segurou uma gargalhada. Quanto ao humor, tinha o mesmo nível de maturidade dos adolescentes.

     -- Não, não dá. Na verdade, eu vou dividi-los em trios por conta do número de alunos, que são 24 -- explicou -- Como são 8 assuntos... vocês entenderam.

     Brigitte sentou-se a sua mesa, sorteando os estudantes. Enquanto isso, os jovens cochichavam entre si. A cada trio citado, era ou uma comemoração, ou uma vaia.

     -- Puxa vida -- sussurrou Rafael para Patrícia -- Espero que eu não faça trio com alguém como...

     -- ... José Carlos, Rafael e Nina vão ficar responsáveis pelo Dadaísmo.

     As pupilas de Rafa ficaram menores que um átomo. Pat segurou uma risada.

     -- Não ri! -- o rapaz se tremia. Olhou para a cadeira onde José se sentava. O jovem mais alto pareceu decepcionado de início. Contudo, ao avistar a face medrosa do colega, abriu um sorriso malévolo -- Eu tô fudido.

     -- Por fim -- Brigitte iniciou (finalizou?) -- Patrícia, Melissa e Júlia ficarão responsáveis pelo Simbolismo.

     Foi a vez dos olhos de Patrícia se arregalarem. Rafael sacudiu a mão, entre dentes.

     -- Eita, pau... -- o garoto vocalizou.

     Melissa tentou ser discreta, porém Júlia reparou seu olhar perplexo. Não teve escolha a não ser retribuir. A sala inteira percebeu a tensão.

Mais Um Triângulo Amoroso Idiota (SAPPHIC EDITION!!!!!!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora