O Encontro

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     Em seu quarto, Patrícia terminava de se vestir. Escolheu uma regata preta sob uma camisa amarela aberta, além de uma larga bermuda jeans. Calçou um par de sapatênis da mesma cor da jaqueta improvisada. Passou as mãos pelos curtos cachos, bagunçando-os um pouco. Percebeu que seu cabelo estava crescendo mais do que deveria. Resolveria aquele problema outro dia.

     Quando ficou pronta, prendeu um singular brinco de ouro falso, todo enferrujado, em sua orelha direita. Se aquela determinada escolha indicava algo relacionado a sexo ou crimes, ela não sabia, tampouco ligava. Preferiu aquela orelha pois era destra.

     Saiu do quarto com sua bolsinha essencial na mão, deparando-se com sua mãe. A mulher adulta cruzou os braços, esfregando-os com as mãos. Estava preocupada.

     -- Filha, tem certeza que vai ficar bem? -- indagou.

     -- Vou sim, mãe -- Patrícia sorriu, reconfortante -- A pracinha é aqui perto e não vou ficar lá além das 6. Sem falar que a Júlia também vai estar lá, então...

     -- Se tu dizes... -- Olívia tomou as bochechas da filha com as mãos carinhosas e beijou uma delas -- toma cuidado, tá? Olha pros dois lados antes de atravessar a rua, mantenha o celular no bolso enquanto estiver na calçada e cobre sempre o troco.

     -- Eu sei de tudo isso, mãe. Não se preocupe comigo, sou extremamente responsável.

     -- Filha! -- Valdir gritou de lá da frente da casa, acompanhado dos latidos de Mel. Ele gostava muito de passar seu tempo livre na área aberta de sua propriedade -- A tal Júlia tá aqui na frente!

     Patrícia espertou-se, beijando a testa da mãe e afastando-se em direção da porta com um acenar de despedida para a mulher. Olívia retribuiu, ainda meio preocupada, porém se forçando a ficar tranquila.

     Fora de casa, Pat alcançou o portão e deu um último beijo na bochecha de seu pai antes de abrir o portão. Viu Júlia e sorriu. Júlia sorriu de volta.

     -- Te cuida, tá? -- Valdir deu dois tapinhas na cabeça da filha. Ela riu e confirmou que ficaria bem.

     Então, Patrícia saiu de casa e já foi na frente, saltitante. Virou-se para cumprimentar Júlia melhor, contudo falhou na missão graças a uma ótima distração: a própria Júlia.

     Desde a festa à fantasia, Pat percebera que sua amiga se vestia muito bem. Entretanto, naquele primeiro dia, Watanabe vestira algo mais tradgoth e formal. Em seu encontro, seus trajes eram mais confortáveis, todavia não menos estilosos: uma camisa preta de mangas longas repleta de pins de bandas e artistas que Patrícia nunca ouvira falar -- sim, Júlia trajava roupas pretas no calor vespertino nortista. Vestia também uma saia quadriculada, vermelha e preta, sobre uma meia-calça escura com alguns buracos. Calçava um par de coturnos pretos de cano baixo e luvas sem dedos. Pintou suas unhas de preto e sua cara com uma maquiagem escura mais básica. Estava deslumbrante, fazendo com que Patrícia paralisasse imediatamente.

     -- Curtiu? -- Júlia deu uma voltinha, segurando sua bolsinha preta com ambas as mãos.

     -- Você... égua, você tá linda... -- Pat permitiu que a voz escapasse. Sua acompanhante riu.

     -- Tu também tá linda, Patrícia.

     Pat sentiu o rosto esquentar. Nem respondeu, somente acenou com a cabeça. Júlia riu de novo.

     -- Você já foi nessa praça, né?

     -- Sim, sim... eu moro aqui faz um tempo, já -- Patrícia coçou a nuca.

Mais Um Triângulo Amoroso Idiota (SAPPHIC EDITION!!!!!!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora