Finalmente, a Festa a Fantasia

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     A semana foi se passando. Não quis escrever os eventos que ocorreram por pura e simples preguiça. Vou dar apenas um resumo do que houve: Patrícia decidiu que iria para a festa, para a alegria de Júlia e Rafael. Ela também arranjou sua fantasia de Beetlejuice -- com muita persuasão, convenceu a mãe a passar um spray lavável na jaca superior -- e escolheu ir sozinha para a festa. Isso também requereu muita persuasão, visto que a celebração era noturna e a moça estaria sozinha com uma porrada de gente que ela conhecera há poucas semanas.

     -- Minha filha, tem certeza que você vai ficar bem? -- Olívia indagou, sentada no banco de passageiro do carro com uma face aflita. Valdir, por sua vez, conduzia o resto da família em direção ao IFM.

     -- Relaxa, mãe. Eu vou ficar bem -- Patrícia sorriu do banco traseiro. O cinto de segurança amassava um pouco o paletó listrado, mas o bloqueio da inércia era muito mais importante -- Os professores vão estar lá e os meus colegas também. Vai ficar tudo bem -- ela aproveitou e deu mais uma apertada na gravata preta -- Inclusive, pai, obrigada por ter me ensinado a amarrar uma gravata! Vai ser muito útil futuramente.

     -- De nada, minha filha -- Valdir respondeu -- Mas como que amarrar o nó da gravata vai ser útil pra ti futuramente?

     -- Pra minha formatura, ué! Vou vestir um paletó bem bonito lá!

     O casal trocou olhares. Embora fossem bastante receptivos quanto às maneiras de expressão da filha, ainda estranhavam suas atitudes fora da curva ocasionalmente. Eram de outra geração, afinal. Não podemos esperar que reajam a uma garota de paletó como um jovem progressista da nossa época reagiria.

     De qualquer maneira, não houve tempo para discutir o assunto. O veículo prateado da família estacionou em frente à escola, onde diversos outros carros e meios de transporte individuais partiam após algum adolescente descer e entrar no edifício do IFM. Como já fazia um tempo desde o horário de entrada para a festa, os veículos que lá estavam não permaneceriam por muito tempo.

     Assim que seu automóvel colocou-se no lugar, Patrícia pegou a bolsinha preta -- presente de sua tia paterna -- que guardava itens importantes. No caso, seu celular, fone de ouvido e alguns guardanapos. Antes de abrir a porta do carro, Pat deu dois beijos, um em sua mãe, outro em seu pai, nas bochechas de seus progenitores. Despediram-se e Olívia mandou a filha tomar cuidado. A menina aceitou a preocupação e saiu, andando em direção ao portão da escola enquanto seus pais vazavam.

     O nome do porteiro era Joaquim. Joaquim era grandão e meio bravo. Portanto, vestiu uma camisa social verde, calças roxas e pintou a cara e braços de verde. Supostamente, o Incrível Hulk.

     -- Boa noite, Seu Joaquim -- Patrícia cumprimentou. O homem somente acenou como responsa.

     Caminhando até o corredor principal do IFM, Pat começou a refletir. Não havia nenhum jeito de identificar quem entrava na escola, se era aluno, parte do corpo docente ou nenhum dos dois. Praticamente qualquer sujeito poderia chegar lá no local e fazer a maior algazarra. Tal fato acendeu uma faísca de ansiedade na pobre Patrícia. Ela torcia para que nenhum maluco com o amigo aparecessem caracterizados de Eric Harris e Dylan Klebold na escola e decidissem entrar para valer no personagem.

     No entanto, toda a preocupação esvaiu-se no momento em que Pat se deparou com uma pá de gente espalhada por tudo que tangia os corredores principais. A maioria estava fantasiada do modo mais bunda já visto, todavia existiam algumas pérolas polidas. Era notável que certas pessoas botaram amor em suas fantasias, fossem elas simples ou complexas. Cacilda, Patrícia avistou até mesmo um traje digno de um concurso de cosplay, do mesmo calibre daquelas fantasias inspiradas em "Berserk" e "Chainsaw Man"! Ela mal podia esperar para ver como Rafael estava.

Mais Um Triângulo Amoroso Idiota (SAPPHIC EDITION!!!!!!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora