Everybody falls in love somehow - Frank Sinatra

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Capítulo 9 

Giulia 


    Confesso que demorei pra entender o que rolou, depois que ela foi embora, eu ainda fiquei um bom tempo parada, pensando. Pensando no que eu tinha feito, no que ela tinha feito, o que ela quis dizer, é por que não fiz aquilo antes…

   — Então… Você e a Isabella… — Perguntou, fechando a porta, co— a cara do maior fofoqueiro do mundo. — Vocês estão juntas ou…? 

   — O que? Não! Não estamos! — Respondi saindo do transe. 

   — Como eu não percebi isso antes?! Vocês duas brigando o tempo todo, a tensão no ar! — Ignorando totalmente a minha resposta, ele disse pra si mesmo enquanto andava de um lado pro outro. — Espera aí! E ela? Você está afim da Benchiatto, Giulia?! — Ele se virou para mim. 

   — Não Léo! Eu não gosto dela! — Respondi cobrindo o rosto com as mãos. — Ela é insuportável! É metida, ignorante e se acha melhor do que todo mundo! 

   — Levando em consideração o beijo de vocês duas, não é dos ruivos, engraçadinhos, simpáticos que te tratam bem, que você gosta de beijar não é verdade? — Ele sorriu, cruzando os braços. 

   — Não enche Leo! Eu não tô brincando! — Joguei uma borracha que estava ao meu lado em sua direção, um dos únicos objetos que não havia caído no chão. — Eu tô confusa! 

   — Tudo bem haha — Ele jogou a borracha pra longe. — Não é tão difícil, olha só, você gostou do beijo? Faria de novo? — Perguntou se aproximado, curioso. 

   Eu pensei por um momento, dizer que não gostei do beijo, seria a maior mentira de toda a minha vida. Dizer simplesmente que gostei, seria pleonasmo ou redundância. 

   Quando voltava a lembrar do beijo, era quase como se eu conseguisse sentir todas as sensações de novo, totalmente reais, mesmo que a Isabella não estivesse presente ali. Conseguia sentir sua mão fria na minha nuca, seus dedos tocando minha perna, sua língua encostando nos meus lábios, e até sua respiração que tocava meu rosto. A resposta era óbvia pra mim.

  — Sim… gostei… — Respondi, baixinho. 

   — Legal, temos uma resposta para uma pergunta! — Ele se abaixou e começou a pegar os lápis do chão. — Mas, assim, o fato de alguém ter um beijo bom, não significa que você goste da pessoa. Eu mesmo sou a prova disso, lembra? — Ele sorriu e lançou uma piscadinha, que me fez esboçar um sorriso. 

   — O que nos faz chegar à segunda pergunta! — Ele se sentou ao meu lado na mesa. — O que você sente quando está ao lado dela? 

   — Que pergunta difícil Leo! Eu não sei! — Suspirei me encostando nele. — Raiva eu acho, estresse talvez! Estamos falando da Isabella poxa! 

   — Haha, desculpa, essa é uma situação engraçada! — Ele deu uma gargalhada alta, parecia estar se divertindo com minha frustração. — Tantas garotas loiras e metidas, você foi beijar logo a Isabella haha. 

   — Não ri seu idiota! Você não tá ajudando! — Dei um soquinho no seu ombro. 

    — Tudo bem, parei já haha. — Mesmo ainda com um sorriso no rosto, continuo a perguntar. — Além de raiva, ódio, estresse, e todos esses sentimentos ruins, você alguma vez já sentiu algo bom por ela? 

    Era óbvio que os momentos difíceis com a Isabella eram inúmeros, e bem fáceis de lembrar. No primeiro dia de aula, por exemplo, me senti ridícula diante dela. No evento onde acreditei ser culpada pelo desastre, mesmo sabendo que ela era tanto quanto eu, ou o medo que senti ao descobrir a verdade sobre ela. E hoje quando ela parecia tranquila e logo depois me humilhou com todos os adjetivos pejorativos que ela conseguiu pensar no momento. 

Entre caninos e olhos vermelhos. Onde histórias criam vida. Descubra agora