"And I never felt so alone Felt so alone, no, no" - Labririth

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Capítulo quatro.
Isabella

Passei uma longa madrugada maratonando meu sitcom favorito: Jeannie é um gênio.

Às vezes me pergunto por que não posso me esforçar mais em ser uma adolescente normal. Quer dizer, eu poderia abrir a Netflix e procurar por uma série no top dez do momento, observar os trailer dos cinco primeiros e escolher a que tivesse mais cena de droga e sexo. Em seguida poderia ir para a escola e apenas me infiltrar em um grupo de jovens e falar sobre a série como se tivesse adorado, mesmo achando totalmente sem conteúdo e repetitivo.

Mas claro que eu não gastaria meu precioso tempo fazendo isto, não é mesmo? Eu prefiro assistir um sitcom de 1965 de cinco temporadas com efeitos especiais questionavelmente de baixo nível.

Comecei a assistir quando a série estreou, tinha 122 anos, e desde então se tornou a minha série de conforto, não importa quantas vezes eu tenha assistido - o que acredito que mais vezes do que gostaria de contar - eu não me canso nunca, é quase como se aquela série me trouxesse novos sentimentos a cada episódio, mesmo eu já sabendo cada fala de Jeannie, Tony e do Capitão Roger.

Talvez seja os efeitos especiais simples - mas ótimos para a época - as piadas de graça questionável, ou a minha pequena grande queda pela Bárbara Éden.

É, definitivamente é pela Bárbara. Mas não vou colocar toda a responsabilidade na genia, a série é realmente boa na minha opinião, e valia a pena cada segundo em que eu assistia.

Mesmo que seja bem prejudicial para a minha vida social. O que para mim, não fazia muita diferença, mas sim, para os meus pais, eles achavam que eu deveria passar mais tempo com outras pessoas.

E um dos motivos é pelo nosso nome. Nenhum de nós é realmente famoso, no entanto todos na cidade nos conhecem, ou porque meu pai trabalha no único hospital perto o bastante para emergências e imprevistos leves que não valem o preço da gasolina para um hospital mais longe, ou pelo meu irmão que vive em trabalhos voluntários. Sem falar que todas as meninas da minha escola e da faculdade dele são totalmente apaixonadas pelo Arthur Benchiatto.

E minha mãe, conhecida pelo seu impecável trabalho como jornalista. Não que uma carreira como essa seja boa para alguém que precisa mudar completamente a cada vinte anos. Ainda mais quando se chama muito atenção, do exato jeito que minha mãe adora fazer, mas ela é boa no que faz, e fica muito feliz fazendo, então, apenas concordamos em deixá-la trabalhar com o que ela gosta.

Tudo isso faz com que todos na cidade conheçam a família Benchiatto, e em certo ponto, adorem os integrantes, que são sempre muito gentil e amigável com todos. Quer dizer, todos exceto eu.

Sempre evitei muito contato com humanos, eles são frágeis e não duram muito, e não estou disposta a perder alguém de novo. Então sempre cortei laços, principalmente na escola, o que me faz parecer uma antissocial estranha, não que eu não seja, mas nunca fez bem pra imagem da família.

A questão disto tudo é que: meus pais como bons vizinhos e apoiadores da educação, são um dos principais patrocinadores das escolas Blue River College para garotas e Red River College para rapazes. Duas escolas de Elite com educação de alto nível, que segundo seu slogan "cultivam mentes brilhantes e geram corações compassivos".

E onde eu entro nisso tudo? Bom, eu como filha deles e como líder do Grêmio estudantil, tinha a responsabilidade de organizar o evento anual, para arrecadar fundos que na teoria estariam sendo investidos em equipamentos para melhoria da escola. Fiz isso por cinco anos, isso tudo apenas no meu último ensino médio, e duas coisas que eu posso dizer com certeza é que: primeiro, eu sei fazer isso muito bem, e segundo, que eu não aguentava mais.

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