Entre caninos e olhos vermelhos.

"faça o favor de se cuidar, [...] o quanto há de ter,coragem pra viver"-Coragem

Capítulo 22 

🐾🐾🐾

Giulia 

 Sabe quando você se dá muito bem em uma das matérias da escola? Quando você recebe uma estrelinha dourada da professora no seu caderno, quando ela usa aquele carimbo especial que sempre fica no estojo dela? E você fica super feliz por que finalmente se saiu bem em alguma coisa? E se sente orgulhosa de você mesma, por que vai chegar em casa e ter algo positivo para o seus pais? 

   Eu estava assim no começo da manhã. Estava bem feliz pela minha nova conquista. Mas da mesma forma que tem o professor doce e gentil com os alunos, têm também o professor menos paciente e estressado com a própria vida. 

   Que acaba apontando literalmente todos os erros do seu caderno, fala como sua letra é feia e difícil de entender e como você é difícil de ensinar as coisas. Ele faz isso, falando em voz alta para todos os outros alunos escutarem, você sabe que alguns alunos estão com pena de você, mas os outros só vão usar isso pra te zuar depois. 

    Neste momento tenho os dois professores na minha cabeça, mas o que julga tudo que eu faço está gritando bem mais do que o que me ensina de forma paciente. 

   E com razão, como posso acertar em algo e errar tão fortemente em outra coisa? 

   Idai que eu ganhei um emprego, isso vale alguma coisa se perdi de vez a coisa mais preciosa que tenho? 

   Só mesmo uma pessoa muito estúpida comete o mesmo erro depois das pessoas te explicarem um milhão de vezes sobre o erro…

   E mesmo agora, que eu acabei de sair daquela sala, onde acabei de vez com o meu relacionamento na qual, fazia a minha vida um milhão de vezes. 

   Eu não sabia exatamente para onde ir, estava completamente desolada, e angustiada, não consegui parar de chorar, e eu definitivamente não poderia aparecer assim na frente dos meus irmãos. 

   Não poderia deixar outra pessoa que se importa comigo preocupada. Por isso tentei enviar uma mensagem para o Sirius enquanto andava pelos corredores da escola. 

   Nunca uma tarefa tão simples foi tão difícil de ser realizada, meus dedos tremiam tanto que nenhuma palavra na qual tentei escrever saiu escrita de uma forma minimamente entendível. 

    E sem perceber esbarrei em uma pessoa cheia de livros que vinha em minha direção, os livros imediatamente caíram no chão, assim como o meu celular. Sem pensar me abaixei para juntar os livros que agora estavam jogados no piso frio da escola. 

   —Me desculpa, não estava pres… prestando atenção e… —Me desculpei. 

   —Giulia? Está tudo bem? —Eu já ouvi essa voz, ou melhor, já vi esses sapatos… 

   Minhas mãos ainda tremiam, e se alguma vez, eu já tive vontade de me matar, agora era o momento perfeito para isso. 

   Logo que a garota se abaixou para me ajudar, confirmei quem era. 

   —Estou, estou sim! —Minha fala pareceu mais arrogante do que eu imaginei que fosse sair. 

    —Por que está chorando? O que aconteceu? —Ela perguntou agora pegando o meu celular. 

   —Não te interessa! Devolve o meu celular, por favor! —Novamente foi mais arrogante do que queria ser. 

    Ela não me respondeu, pareceu acostumada com pessoas ignorantes para se importar. Mas ainda sim pareceu se preocupar, ainda mais depois que olhou para o meu rosto, com meus olhos vermelhos de choro, minhas mãos tremendo absurdamente, e a suposta mensagem no meu celular para o meu irmão.