"I dont wanna be you friend, i wanna be you bitch..." - Girls in Red.

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Capítulo oito

Isabella 

  Durante a minha longa vida, eu criei uma lista de coisas que invejo nos humanos, e dentre os itens, por algum motivo está escrito "Romances", que por sinal nem me lembro de quando escrevi ou adicionei à lista. Talvez tenha sido quando eu era bem mais nova ou quando roubei Romeu e Julieta da biblioteca da escola. 

   A questão é, que por mais que não pareça, estar apaixonada sendo uma vampira, é muito pior do que ser um humano apaixonado, isso por que, mesmo que eu tentasse, eu não consigo dormir. Humanos são fracos, e não importa qual o nível de paixão que estejam sentido, uma hora ou outra, vão acabar se rendendo ao sono, ou tomar um remédio que ajude no desafio.

   Mas no meu caso, simplesmente não há nada, exatamente nada, que me ajude a não pensar na Giulia, não consigo dormir naturalmente, e nem mesmo a Jennie me tirou atenção da pulguenta. 

   E algo me diz que eu deveria estar brava com ela, por ela me chamar de aberração, e gritar comigo. Mas tudo que eu consigo fazer é me preocupar e pensar em como está agora. Pensar no que o Salem quis dizer com "voltar a ficar mal", que inclusive, me fez acreditar que tem algo relacionado a frase que ela disse quando acordou, "Eu tava melhorando". 

   O que aconteceu com a Giulia? E por que ela acordou tão assustada. 

  Essas e outras perguntas fixaram na minha cabeça a noite toda, e o fato dela não querer conversar comigo e o que torna tudo pior, mais frustrante.

   Theo me garantiu que a deixou em casa, e que ela estava bem até onde ele pode perceber.

   E meu pai agora, no café da manhã tocou no assunto. 

   — Bom, a quantidade de bolsas de sangue no hospital está bem baixa. Por isso vamos ficar sem por um tempo. — Meu pai comentou colocando uma xícara de chá para minha mãe.  

 — A situação está tão ruim assim? — Minha mãe perguntou se virando para ele. 

  — Aparentemente sim, tive que doar sangue para um dos pacientes inclusive. — Ele se serviu com café. — Agatha Furizze, imagino que você deva conhecer Isa, a tia da Giulia.     

 — A tia da Giulia? Mas o que aconteceu? Ela já está bem? — Perguntei quase me engasgando com meu suco. 

   — Cuidado Isa! — Pediu meu pai oferecendo um guardanapo — Sim, o quadro dela melhorou muito depois da doação. Acredito que ela volte já essa semana para casa. 

— Ahh, claro, você comentou que a tia da Giulia era diferente, é uma humana, certo? — Perguntou minha mãe. 

  — Sim, ela é, por sorte ela respondeu bem a transfusão. E a Giulia até doou sangue ontem a noite! — Ele sorriu. — Parece uma garota encantadora, bem desconfiada, mas encantadora. O Irmão dela também, é o…

   — É o Salem! — O Oliver gritou com um sorriso gigante enquanto mastigava sua torrada. 

   — Sim querido! — Meu pai respondeu limpando as migalhas da boca do Oli. — E o Salem também, é um doce, ontem passamos um tempo juntos e ele até foi na sessão geriatrica do hospital, brincou com os idosos e tudo mais. 

   — Não sei não, nada contra o Salem ele é realmente um amor, mas a Giulia… Ela é como o pai e os irmãos, um poço de preconceito e arrogância! — Disse com a cabeça baixa, um pouco desapontada pela informação ser verdade. 

 — Peraí, como o Pedro? Definitivamente não. — Respondeu antes de comer uma torrada. — Eu já vi o que o Pedro é capaz de fazer, e a Giulia não é como ele, não seria capaz de fazer aquilo. Ela está confusa, e talvez um pouco perdida, mas definitivamente não é como o pai dela. 

Entre caninos e olhos vermelhos. Onde histórias criam vida. Descubra agora