Capítulo 15
Leonardo
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Minha mãe sempre me chamou de Menino de açúcar, dizia que eu era mais gentil e doce do que outros meninos da minha idade, eu tinha oito anos na época, havia acabado de trazer um gatinho da rua para casa, e coloquei o resto de leite que tinha na geladeira, e limpei o corte no meu joelho enquanto via ele beber.Comi biscoitos secos naquela noite, mas não contei sobre o felino que escondi em uma caixa embaixo da pia. Meus pais já sabiam o que eu tinha feito, sabiam que eu tinha um bichinho escondido na cozinha, mas não me ousaram contar.
Dias depois, ainda com o leite desaparecendo misteriosamente da geladeira, meus pais decidiram me falar a verdade, que eles sabiam que o gato estava bebendo toda a bebida da casa. Me disseram que iam doá-lo para outra pessoa, alguém que tivesse mais leite para oferecer.
Eu como uma boa criança de oito anos, chorei horrores pedindo para que ele não fizessem, disse que faria qualquer coisa para mantê-lo comigo. Afinal de contas, já tinha me apegado a ele, mesmo ainda não lhe dando um nome.
Meu pai, um homem frio e rígido que sempre foi, na tentativa de me dar uma lição, disse que só ficaria com ele se eu buscasse o leite dele, uma garrafa que não fosse da nossa família.
Concordei com o termo, e durante um ano, acordei uma hora e meia mais cedo, e ia buscar o leite com a vizinha, na qual tinha feito um trato. Eu limparia seu quintal e o galinheiro, em troca de um pouco de leite para o meu gatinho.
Mas em uma certa noite, com meus noves anos feitos, ouvi uma discussão dos dois na cozinha.
“Não vê que esse garoto é um fraco Rita! Prefere ficar limpando o galinheiro dos outros para manter um animal que nem retribui a altura! Não sabe se defender, toda semana vem com um machucado novo, e finge que não foi os outros garotos da rua! Estou cansado de tentar consertar o menino. Se quer que ele seja um capacho, um trouxa, que seja, mas não me responsabilize por isso!”
Pelo menos foi isso que me lembro da fala do meu pai. Minha mãe por outro lado, assim que a discussão cessou, me chamou para conversa, e me disse:
“Senti figliolo, devo dirti una cosa…” E nesse momento soube que havia um problema sério.
“Você é um bom garoto, um garoto doce e gentil, meu menino de açúcar! E eu não quero que você mude, nunca! Mas se você continuar desse jeito, preciso que você esteja pronto para as outras pessoas, que vão se aproveitar disso, e te chamar de fraco. Você vai sentir que não vale a pena, e que devolver aos outros o que lhe é entregue é o melhor caminho! Mas quando isso acontecer, você deve se lembrar que bondade é algo raro, e que vale a pena, Por que você é especial! Me escutou bem?”
Para a minha felicidade, as palavras da minha mãe se fizeram mais presente que as dos meu pai.
E por isso posso dizer que mesmo sendo muito usado, sendo um trouxa como todos dizem, não mudo, não posso e nem consigo.
Nem mesmo quando o garoto na qual estou supostamente apaixonado deixa bem claro que não tenho a menor chance com ele, quer dizer, o que fazer quando ele grita com você dizendo que não gosta de meninos e que não teria você como namorado? Exatamente, você acompanha ele na terapia e depois leva ele para comer macarrão no restaurante da sua família! —Quase como de fato, ele fosse seu namorado, mas ele não é.
Confesso que mesmo não querendo ser desse jeito, ainda me acho um completo idiota por fazer essas coisa. Não só com ele, mas com todos, as vezes realmente sinto que ser assim, não vale a pena.
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Entre caninos e olhos vermelhos.
WerewolfGiulia, uma jovem e corajosa lobisomem, é forçada a se mudar com sua família para uma pequena cidade após a trágica morte de sua mãe. Porém, ela está prestes a descobrir que essa nova mudança trará muito mais do que ela jamais imaginou. Assim que ch...