TRINTA E CINCO

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Juan

Monitoro a Martina de tempo em tempo, a febre abaixa, mas logo volta, Elisa me disse que ela tem tido febre desde de o dia que chegou naquele lugar e isso me preocupa, pelo tempo que ela tem estado doente sem acompanhamento. Do meu quarto vejo a movimentação do Valentim, ele resolveu adiantar a viagem, mas só tá fugindo, minha vontade é jogar ele pela escada ou então dar uma surra bem dada pra ele aprender ser mais humano, não são nem sete horas da manhã e ele conseguiu drenar minha paciência pra dois meses  

— Oi tio— o Junior aparece na porta segurando um copo de suco vermelho, esse garoto tem um fascínio enorme com essa cor

— E ai garoto— sento ele no meu colo, os cabelos castanhos estão precisando urgente de um corte— Que isso?

— Suco de melancia, quer?— ele praticamente enfia o copo na minha boca 

— O tio não gosta— ele faz uma careta tão fofinha— Pequeno, quer olhar a natação? 

— Timtim não vai poder... ele vai viajar— a tristeza na voz dele é perceptível. O Valentim é filho um  da puta, mas com o Junior ele é uma pessoa totalmente diferente e tenho que admitir que como pai ele será excelente 

— Então eu não posso?— ele dá uma risadinha e balança a cabeça que sim— Então vamos hoje

— Eba!— ele bebe mais um pouco do suco e me lembro que a Martina ama coisas de melancia

— Pequeno, tem uma pessoa que vai amar esse suco— ele arregala os olhos, imagino que ele saiba quem seja. Levanto com ele ainda no colo e vamos até o quarto ver a Martina, aproveito e levo a mochila dela

Ele abre a porta com cuidado, disse a ele que ela tá um pouco doente

— Onde ela tá?

— Aqui— ela sai do banheiro com uma toalha enrolada no cabelo— Oi pequeno, tudo bem?

— Sim, estava com muita saudade e...— ele parece querer chorar— Fiquei com medo de você não voltar

— Porque?— ela passa a mão no cabelo dele, meu Deus, como o Valentim faz isso, eles são a família mais linda que já vi

— Meu tio disse que você não ia voltar... ele estava dormindo e começou a falar

— Meu bem, não chora... eu voltei tô aqui, viu?— agora não é só o Junior que tá chorando

— Promete?

— Prometo— os olhos dela encontram o meu e ela parece preocupada— Que foi Juan?

— N.. nada— seco rapidamente meus olhos

— Pode chorar tio... não vamos rir— olha que bocudo

— Não tô chorando— ele dá um risada e cochicha algo com a Martina— Pequeno, cadê o que você trouxe?

— Verdade. Tina, trouxe suco de melancia... eu gosto muiito de você, um montão—  a quantidade de afeto presente entre os dois me faz arrepender de não querer da um rumo certo na minha vida

Valentim

Estou sentado do lado de fora revisando algumas coisas até o carro chegar pra eu poder sair, a noite e madrugada foram um inferno, ainda mais depois que tive o desprazer de encontrar com a Martina, Juan passa por mim e se quer me olha

— Não tem necessidade de me tratar assim. A Martina quis ficar, ela sabia o caminho de volta e se tivesse tão ruim ela teria voltado 

— O calado vence sempre Valentim, sempre. Ela está vindo com o Junior e não quero te ver nem compartilhando o mesmo ar que ela

— Não se preocupe, puta não tem dono e quero distância— pisco pra ele e vejo os músculos do rosto enrijecer

— Parabéns Valentim, você conseguiu um novo inimigo— ele pisca e ri debochado— Cuidado pra não morrer de overdose antes de chegar na Alemanha— ele bate no meu ombro e sai, filho da puta.

Estava prestes a voltar pra os meus afazeres quando a Martina aparece na porta segurando a mão do Junior, ela parece doente e muito cansada, parece um animal que ficou numa gaiola por muito tempo e não olha em nenhuma direção além do chão e não consigo deixar de ver que mesmo com a aparência ruim ela continua bonita e parece feliz em estar de volta, a forma como vestidos floridos ficam perfeitos nela é diferente

— Oi tio— a voz do Junior me tira do transe— Vamos olhar as aulas de natação

— Que legal— me abaixo pra ficar na altura dele— Vou ficar uns dias fora, volto no seu aniversário e vamos poder nadar um pouco no lago, pode ser?

— Pode— a Martina esta de costas pra nós olhando as flores, estou perto o suficiente para ver que as  mãos dela que estão extremamente machucadas, a ponto de não saber diferenciar a carne da pele

— Vamos?— o Juan diz do carro

— Tchau tio, boa viagem

— Até mais pequeno, te amo viu?— ele me da um abraço apertado e muito gostoso, em seguida corre e da a mão pra Martina, que em nenhum momento olha pra mim. Odiar ela de longe é mais fácil do que de perto.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora