QUARENTA E TRÊS

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Valentim

Tem três dias que eu não consigo dormir. Três dias que não como. Três dias que continuo na cama. Nunca tinha acontecido, nem mesmo quando peguei dengue, mas meu emocional tá fudido e a culpa tá me corroendo por dentro e pra piorar o Juan não quer me deixar vê- lá

O vídeo dela que o Juan me mandou quando estava na Alemanha foi de acabar com qualquer um, no dia estava com tanta raiva que não prestei atenção, mas vendo de novo... Foi a pior coisa. Não dá pra ver o rosto da, mas a respiração estava alterada e ela lutando pra não desmaiar "Não, por favor... Na... Não apaga"

" Porque ele tá fazendo isso comigo, eu nunca fiz mal a ele. Eu... Eu te disse que podia ter quantos casos quisesse, eu não me importo"

- Valentim?- a Jimena diz do outro lado da porta

- Entra- ela trás comida, mas não sinto vontade de comer

- Trouxe um pouco de comida

- Obrigado, mas não estou com fome- ela senta ao meu lado na cama

- Filho, você tem que comer

- Jimena, eu não sinto vontade nenhuma de fazer nada... Sei que tudo de ruim na vida dela tem um dedo meu e quando eu podia sair da vida dela... Eu não fiz

- Valentim...- ela aperta minha perna- A culpa é um fardo pesado demais, mas não cabe a você decidir se vai ou não carrega-lá... Minha sobrinha já sofreu o suficiente e eu quero que ela fique bem

- Não estou entendendo

- Mesmo a Martina te perdoando, eu não quero que fique com ela. Aquela garota te ama de verdade, ela nunca fez nada pra te fazer sofrer e você sempre errou com ela- uma lágrima solitária escapa no canto do meu olho

- Eu sei e só quero ver ela e pedir perdão, mais nada

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Depois da conversa com a Jimena, me levantei, tomei banho e vim pra área externa, o Júnior sentou ao meu lado com um caça palavras e estou até agora fazendo, faltam poucas palavras pra encontrar

- Beterraba- aponto e ele circula

- Agora é minha vez- ele passa os dedinhos e os olhos pela folha e aponta pra uma sem nexo- Votyx, circula tio

- Essa palavra não existe- ele faz um biquinho

- Tá difícil

- Não tá, olha mais um pouco- ele passa os dedinhos rápido nas palavras e encontra a última que faltava

- Uva- ele aponta e eu circulo- Eba- ele comemora batendo os pés na minha canela- Tio?

- Diga- passo a mão no cabelo dele, está quase tudo escuro e esse porquinho ainda não tomou banho

- Vamos ver a minha amigona? Tô com saudades- sorrio, esse dois se amam incondicionalmente

- Eu também pequeno, mas eu...

- Vamos depois do jantar- o Juan me corta- Que inclusive já foi servido

- Ebaaa, vamos comer tio- ele levanta e me puxa pelas mãos - E depois vê a Tinaaa

Eu queria mesmo vê-la pequeno, queria muito. Passo pelo Juan e ele segura meu braço

- Esteja pronto pra vê- lá, a médica disse que... - ele limpa a garganta na tentativa de espantar a voz de choro- A situação dela é crítica e pediu pra que fossem vê- lá

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora