Martina
Acordei um pouco sem rumo, na primeira vez que abri os olhos tinha algo me incomodando, mas agora não tem mais. O primeiro rosto que vejo é o mais lindo e fofo desse mundo, eu lembro dele dizer que me ama, a esse garoto é demais, ao lado dele esta o Valentim.
Seria uma hipocrisia imensa dizer que não quero vê- lo, mas não imaginei que ele estaria aqui e como sempre impecável, calça social, camisa de botão sem deixar as tatuagens a mostra e cabelo e barba sempre aparados
— Olha tio, ela ta sorrindo— ele me recepciona com o sorriso mais fofo do mundo— Posso te abraçar?
— Claro— minha voz sai estranha e sinto um pouco de incomodo pra falar e engolir
— Cuidado— Valentim diz enquanto o Junior sobe no que parece uma escada para me abraçar
— Senti muita saudade Tina e... fiquei com medo quando te vi como aqueles negócios que fazem bipi bipi
— Eu também senti muita saudade— passo a mão nos lindo cabelos castanhos dele, que precisam urgente de um corte— Como tá o braço?— ele esta com metade do braço esquerdo engessado
— Tá estranho usar isso, não consigo fazer muita coisa e o Pingo fica mordendo e puxando— ele dá uma risadinha— Tina eu quero fazer xixi, ele pula da escadinha e sai me deixando sozinha com o Valentim, fica um silêncio insurdecedor na sala e pra nada não olhar na cara dele, olho para os meus dedos que está tão feios com as feridas que eu mesma fiz e ligo desvio o olhar pra janela. A paisagem lá fora mostrar que o dia está ensolarado e quente e também me mostra a falta que faz minha amiga e como ela mataria ele aí saber o que fez, mas tem o Juan que é uma Regina 2.0
Sinto uma mão segurar a minha durante meu devaneio e quando o o encaro, vejo preocupação e dor nos olhos dele e também lembro do que ele me fez.
— Para de fazer isso— tento puxar minha mão mas ele não solta
— Solta... Por favor!— minha voz sai trêmula pela vontade chorar— Você não ter que ter responsabilidade afetiva por mim Valentim
— Martina, do fundo do meu coração eu...— ele segura minha mão com mais força e a minha vontade de chorar aumenta— Me desculpe, eu fui imaturo demais e um filho da mãe de mão cheia
— O amor dói Valentim, por mais leve que seja dói— o nó na minha garganta aumenta e sinto uma lágrima solitária cair pelo meu rosto— Eu não quero ter raiva de você... Por isso eu te desculpo, mas conviver com você é outra história— o Juan e uma mulher entram na sala e interrompem nossa conversa
— Boa noite senhora Rimenéz, como está?— a mulher pergunta e leio o nome dela no crachá quando se aproxima Ana Lúcia— Está sentindo algum incômodo?
— Estou bem, nenhuma dor— digo e ela e meu primo se entre olham
— Tina, vamos conversar sobre um assunto sério e quero que o Valentim fique— olho para eles e percebo que o Júnior não voltou do banheiro ainda
— Onde está o Júnior?
— Está com minha mãe, depois ele volta— assinto e a médica começa a falar
— Bem, como já e de conhecimento a senhora está com um infecção nas trompas uterinas e como eu lhe disse ela demorou um tempo pra se manisfestar... E quando se manifestou já estava em um estado avançando— eles se entre olham e eu fico perdida— Martina... Tivemos que retirar uma da trompas e vamos assistir como está outra atrás de exame quinzenais
— O que isso quer dizer?— sinto meus olhos borrarem
— Não temos uma decisão final, mas... suas chances de engravidar não são nulas, mas são baixíssima e se a outra não recuperar, infelizmente a senhora e seu marido não poderam ter filhos— sinto como se o mundo tivesse parado a minha volta, meu queixo treme incontrolávelmente e minha respiração fica ofegante— Fizemos um pequeno corte no pé da barriga, a cicatriz é minima— a voz da mulher fica cada vez mais longe e
— É... É... Incrível, como as melhores coisas— sinto todo meu corpo tremer e levo minhas mãos aos olhos pra secar as lágrimas— Eu perco
Valentim
Ver o sofrimento da Martina é uma ferida incurável, ela nunca fez mal a ninguém e sempre sofre as piores coisas possíveis, quando nossos olhares se cruzam eu ignoro tudo a minha volta... Ela não está com raiva, ela precisa de alguém e me lembro que todas as vezes que ela mais precisou eu nunca estive lá pra ela
— Martina— caminho e a abraço com cuidado, agora eu entendo porque o Juan queria que ficasse— Eu tô aqui... Dessa vez você não tá sozinha amor— a forma como ela aceitou meu conforto, me diz mais sobre mim do que ela... Essa garota não consegue odiar ninguém e eu consigo deixar ela cada vez mais longe de mim
Ela chorou muito e acabou dormindo ainda abraçada a mim, são quase vinte duas horas, o pequeno foi pra casa e o Juan continua aqui como um cão de guarda. Levanto e desligo o ar que tá gelado demais pra ela e sinto uma tontura terrível, tenho que me apoiar na cama pra não cair, volto para o lado ela e percebo a respiração acelerada e em pouco segundos ela acorda desesperada
— Calma, calma— passo a mão pelo cabelo dela e a trago mais pra perto e é ouvir os soluços dela, meu celular toca, é a Jimena e quando atendo aparece os rostos mais engraçados do mundo
— Oi tioo— a Carmem e o Júnior dizem juntos, a Martina se afastou e está ouvido
— Não tá tarde pra estarem acordado?— eles se olham e dão uma risada tão gostosa— Hein?
— Tá tarde tio, mas é que você levou o Júnior pra ver a Tina e não me levou— a Carmem é a Camila em todos os jeitos, até no bico— Que raiozão
— Tá chovendo ainda?— eles balançam a cabeça que sim
— Queremos ver a Tina tipo
— O princesa, a Tina tá dormindo... Ela tá um pouco doente— ela faz um bico enorme
— Nossa— o Júnior cochicha alguma coisa com ela— Me leva pra ver ela amanhã?
— Levou. Agora vão pra cama que passou da hora
— Tchau tio... Fala com a Tina que amamos muito ela e... Você também— ela manda um beijo e depois desliga... Na minha cara sem esperar que eu me despeça
Coloco o celular na mesinha e abaixo a luz, a Martina está dormindo tranquilamente, parece relaxada e tranquila e uma boa notícia que não deram nenhum calmante, passo a mão pelos cabelos dela
— Você pode me odiar o quanto quiser Martina, mas me deixa cuidar de você pelo menos hoje— arrumo a coberta e ela se mexe um pouco— Te amo Martina— deixo um beijo no topo da cabeça dela— Eu te amo para um caralho
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A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE VINGANÇA
Fiksi PenggemarUma vez eu ouvi essa frase: O melhor modo de vingar-se de um inimigo é não se assemelhar a ele, ainda bem que me chamo Valentim e não fui eu quem disse isso, mas relaxem, não vou me assemelhar a eles... serei mil vezes pior.