TRINTA E SEIS

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Martina

Juan fez a matricula do Junior na natação enquanto eu estava fazendo os exames, terá uma turma a tarde e ele quis a qualquer custo ir, então viemos comprar algumas roupas pra ele

— Olha Tina— ele aponta pra uma camiseta —Esse é o desenho do meu tio?— a camiseta tinha uma estampa do desenho e Tintim estampado de todo tamanho na frente

— Sim.

— Mas meu tio não é assim, esse boneco é estranho— não consigo conter a risada

— Não se parecem fisicamente, mas a determinação e coragem eles tem em comum

— Então eu quero essa, sou corajoso, não sou?

— Muito— peço a moça pra pegar a roupa e ele escolhe mais algumas coisas, como chinelo, uma boia, um short próprio e um óculos.

Depois da compras passamos pra pegar um sorvete e como de costume ele se distrai e esquece. O shopping é aberto, nada de um prédio fechado, as crianças pode ficar livres e sem preocupação, bem entre aspas né, porque o Camilo não sai do meu cangote e isso tá ficando insuportável

— Ele é bem disposto, fico impressionado com isso— o professor de futebol fica ao meu lado, não sei de onde ele veio, mas o Camilo fica em alerta— Não tivemos tempo para apresentações, sou Adrian— ele estica a mão e demoro uns instantes pra cumprimentar de volta

— Martina— aperto de volta e ele sorri educadamente, segundo o Valentim ele oferece risco mas pra mim não parece

— Esse garoto tem potencial, invista nele

— Oi tio Adrian, tudo bem?— sinto o pequeno segurar as minhas enquanto fala com o professor— Tio, essa é minha amigona... ela que veio do pais que o futebol é famoso

— Sim, inclusive, ela devia aparecer por lá algum dia— começo a sentir uma pontada no pé da barriga— Tá tudo bem?

— Sim— olho por cima do ombro e vejo que o Camilo não para de olhar um minuto e sinto mais uma pontada— Foi bom te conhecer, mas agora temos que ir, o pequeno vai comer e depois ir na natação, não é?— ele acena que sim e pega o sorvete, que parece mais um milk shake agora

— Tchau tio Adrian, até mais

Valentim

Antes de viajar, resolvi passar num lugar, Martina me mataria se soubesse que estou com a mãe dela esse tempo todo. Devido alguns acontecimentos "esqueci" da existência dessa criatura, Estela esta presa num contêiner longe da civilização, a obrigação dela era me dizer onde o Pablo estava e nem isso essa filha da mãe conseguiu dizer e depois que a filha sumiu resolvi deixa- lá um pouco sozinha com seus pensamentos

— Bom dia Estela, acorda— ela esta num canto abraçada as pernas, não tenho um pingo de pena, afinal ela fez pior com a própria filha. Bato palmas e ela levanta a cabeça— Olha isso aqui— entrego a ela o celular pra ver a situação em que a filha estava e a situação em que o Vicente ficou

— O que é isso?— tadinha, tá dando uma sonsa. Agarro os cabelos e a levanto por eles

— O estado que sua filha voltou de novo e o Vicente— ela geme da dor causada pelo aperto— Você conhece bem ele... e são duas coisas a mais para  você pagar

— Valentim... eu te juro que não sei onde estavam

— Para de se fingir de boba— cerro meus dentes pra tentar aliviar a raiva— Você é a mulher mais desprezível que eu conheci na minha vida— ela me encara e uma luz de prazer brilha nos olhos dela

— Querido... a mulher mais desprezível da sua vida é a mesma que você defende com unhas e dentes. A QUERIDA QUE DORME DO SEU LADO E QUE ESTA POR AI COM OUTROS HOMENS— essa mulher é louca— Não fica com raiva, imagino que já tenha descoberto que ela se aliou ao seu avô e por isso esta fugindo não é mesmo? Desde de evento importantíssimo que você a defendeu com unhas e dentes pra quem quisesse... que ela esta aliada a ele, ou até mesmo antes disso— sinto meu sangue ferver e solto a Estela antes de fazer algo impensável 

— Você tem sorte Estela de eu ter um processo importante em jogo se não esse seria seu ultimo dia de vida 

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Minha cabeça piorou muito depois que embarquei e o remédio que me aliviou de imediato foi um pouco de metadona, estou exausto psicologicamente e enfrentar onze dias de conferencia vai piorar ainda mais. Juan não fala comigo desde a madrugada, a Jimena esta indetectável e a Martina nem em sonho quero falar com ela, quanto mais tento achar uma brecha de que ela não foi porque quis, fatos indicam que sim e meus coração diz que não

O avião pousa e vou direto para o hotel, quero tentar dormir e descansar, foram muitas emoções em poucas horas, as ruas estão cobertas de neve e se tem uma coisa que não combina comigo é o frio, odeio com todas as minhas forças

— Boa tarde senhor Ramirez! Seja bem vindo ao Hotel Zoo Berlin— a maioria das pessoas que irão participar da conferencia ficam no Hyatt, mas lá tem um monte de esposa troféu que enche a paciência de qualquer um— Ficamos felizes por confiar em nós, boa estadia— ela me entrega o cartão e vou para o quarto

— Obrigado— reparo que o cartão é de uma das suítes, tinha reservado antes porque Martina viria comigo— Senhorita, teria outro quarto disponível? 

—Só um momento— ela digita rapidamente no computador

— Quero trocar a suíte pelo quarto— ela parece surpresa, então presumo que não é comum fazerem isso

— Senhor, temos um quarto disponível... o Grand Deluxe. Devido ao Natal e a próxima conferencia de ciência estamos com quase todos os quartos reservados

— Sem problema nenhum— ela confirma a troca de hospedagem e me entrega outro cartão— Com certeza essa cobertura encontrar um dono rápido

A conferencia tem como tema principal o uso abusivo de fármacos e como isso afeta a saúde mental e hepática eu como bom químico irei palestrar sobre opioides, Olavo também vem, mas só depois das festividades de fim de ano. Tomo um banho pra relaxar ainda mais o corpo, a janela do quarto da de frente com uma rua comercial que curiosamente fez parte da Alemanha ocidental na época da Guerra fria, já vim aqui algumas vezes mas sempre coisa rápida e nunca tive oportunidade de conhecer a história que o pais tem

A noite começa a cair e as temperaturas também, odeio com todas as forças sentir frio. As ruas estão reluzentes e um pouco movimentadas, afinal é vinte e quatro de Dezembro... véspera de Natal. Entrei numa loja de roupas de frio e meu celular vibra incansavelmente, mas decido ignorar até ter uma roupa de frio descente, ao meu lado para um casal, a mulher esta com uma barriga enorme e o homem sorri igual um idiota

— Tudo bem com você?— o homem diz e percebo que estou encarando os dois

— Sim... Tudo bem— balanço a cabeça pra sair do devaneio— Lindo casal vocês— ofereço um sorriso pra não parecer um maluco

— Aposto que você e sua esposa também são— os olhos dele vagam pra minha mão, esqueci de tirar a aliança

— Ah... Sim, somos sim— coitado, não é nem de longe isso. Meu celular não para de vibrar e é minha deixa pra sair.

"Eu te avisei! Consigo tudo que quero"

Vem a foto do Adrian e a Martina conversando com se fossem ótimos amigos, filho da puta!

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora