TRINTA E QUATRO

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Valentim

Não dormi um segundo, toda vez que olhava para a cama eu sentia raiva. Arrumei minha mala e pedi para preparem o avião, não vou passar o Natal aqui e quero levar o Junior comigo, pelo menos ele também sai um pouco

— Jimena? Posso entrar?— ela esta ao telefone e pede pra eu entrar e esperar um pouco

— Perfeitamente, nos encontraremos para um almoço, tchau, tchau— ela desliga e volta sua atenção pra mim— Sente- se, vamos conversar

— Não tenho tempo, preciso terminar de arrumar minha mala

— Valentim, fugir não fara o problema sumir— ótimo, o boca aberta já falou com a Jimena

— Não estou fugindo, apenas adiantando a viagem

— Chame do que quiser, pra mim você esta fugindo. A situação da Martina é complicada Valentim e deixa- lá assi...

— Não quero saber. Estou dizendo que vou viajar hoje e quero levar o Junior comigo— ela olha pela janela, os raios de sol reluzem na agua do lago

— Você não tem as mínimas condições de viajar sozinho e muito menos com uma criança— isso Valentim, você com quase quarenta tomando esporro— Eu vi a quantidade de droga no escritório, deveria pensar como ser um bom pai e não usar

— Caralho Jimena, eu fiquei meses sem nem passar perto, mas ontem... ontem foi a gota d'água, foi uma necessidade extrema— aperto meus olhos, minha cabeça esta começando a doer de novo— Eu vi a Martina ontem... no lugar que a Camila levou o Santiago e a forma como ele estava me deixou sem rumo e depois recebi algumas coisas, eu só preciso sair daqui— realmente estou fugindo, não é a melhor escolha. Ouço palmas vindo da porta, que ficou aberta

— Parabéns... muito lindo da sua parte— certamente se o Juan tivesse uma arma me mataria nesse exato momento— É incrível como você sempre erra... nunca acerta uma mínima coisa.

— Falta de educação ouvir a conversa dos outros

— Cala boca Valentim— ele me examina— Realmente você deve ir embora hoje e de preferencia nunca mais voltar— sinto a respiração forte dele na minha cara quando se aproxima— Se depender de mim a Martina nunca vai olhar na sua cara, nunca mais

— Um favor que você me faz— sinto uma dor crescente no meu rosto e que faz minha cabeça doer mais ainda, passo a língua para conferir se meus dentes estão todos no lugar. Devolvo o soco— Me bater não vai aliviar sua raiva e muito menos fazer a Martina intocável... ela com certeza pode ficar com qualquer pessoa que ela quiser, afinal o trabalho de uma puta é esse

— Valentim, saia!— Jimena ordena, a raiva dela é imensa— Arrume suas coisas e vá.

Martina

O copo de água que estava na minha mão se estilha no chão quando bato de frente com o Valentim, os olhos dele são frios e impacientes, o nariz e boca sangram um pouco. Quando ele me vê percebo um sorriso irônico vindo dele e desvio o olhar no mesmo instante, a frieza com que ele passa por mim me assusta

— Tina, tá tudo bem?— ouço o Juan dizer

— Sim... só me assustei um pouco

— Vamos descansar um pouco, depois limpamos— ele me guia de volta para o quarto. Passamos na porta do quarto do pequeno e o Valentim esta lá, queria vê- lo um pouco— Agora deita e dorme um pouco, são...— ele encarra o relógio na cabeceira— Quase cinco da manhã, dá pra dormir muito até a hora do exame

— Exame?

— Sim, você nada tento muita febre e vamos ver o que é isso— ele me cobre, parece até que estou doente

— Como eu cheguei aqui?... não lembro de muita coisa— me lembro apenas da Elisa me dando um remédio

— Depois eu te explico com mais calma, agora descansa

— Onde a Elisa esta?

— Ela não quis vim

— Porque não?

— Disse que não podia e...

— Juan, por favor ajuda a Elisa... ela acha que não merece sair de lá— ele assente

— Irei, agora descansa um pouco tá? Daqui a pouco eu volto 

Juan

Algumas horas antes

Estava tentando dormir, mas alguém resolveu me incomodar essa hora da noite e espero que seja serio. Quando pego o celular o filho da mãe desliga, mas teve a decência de pelo menos deixar mensagem

Santiago (marido da Cami): Juan, tenho más noticias

Santiago (marido da Cami): Viemos num bar e por coincidência ou não o Valentim viu Martina e tenho quase certeza que a Camila tem dedo nisso. A garota não esta nada bem e seu primo saiu daqui como se fosse matar alguém. Traga um remedio e faça ela dormir, vou tentar ao máximo segurar a Camila pra sairmos daqui juntos

Salto da cama e a única coisa que levo comigo é o celular, não tenho tempo de pegar mais nada. No caminho ele me manda a localização e faço o que posso pra chegar rápido, aquele filho da mãe viu ele e não teve a mínima decência de ajudar, um covarde idiota

Na porta tem um homem, não sei se eles tem ordem pra alguma coisa, mas duvido que dinheiro não compre esses caras

— Boa noite senhores— um deles da um passo a frente

— O Santiago esta te esperando— dessa vez o Santiago brilhou igual ao sol, merece um pedido de desculpas

O lugar é escuro e tem algumas pessoas bebendo, outras se pegando a ponto de transarem em qualquer lugar, outras estão apagadas, impossível a Martina ter vindo pra cá por vontade própria

— Juan, a Camila entrou pra falar com a Martina. Tem uma moça... o nome dela é Elisa, ela disse que é a mais próxima da garota

— Tá e onde eu a encontro?

— Ela esta perto da porta e não tem ninguém... caso alguém pergunte diga que é meu segurança ou que conhece meu pai

Vou atrás da tal garota e realmente ela esta perto a porta, mas andando de um lado para o outro impaciente

— Elisa?— ela me encarra com preocupação— Você é conhecida da Martina?

— Sim. Estou preocupada... uma moça entrou e ouvi uma gritando com a outra

— Olha— seguro os braços dela, obrigando- a me olhar— Você vai entrar quando a moça sair e colocar esse remédio na boca dela— estrego a ela o remédio— bata na porta duas vezes e assim vou saber que ela dormiu e tiro vocês daqui?

Ouvimos a maçaneta e corro pra me esconder, Camila passa como uma bala e peço a Elisa que entre

— Use o que der pra deixa-la diferente — depois de uns dez minutos ouço a batida, o Santiago disse que tem só dois seguranças e será fácil sair

A Martina esta mais leve do que antes e parece que alguém bateu nela. Os hematomas na foto estão muito menores do que pessoalmente e ela esta ardendo em febre e muito, muito magra

— Vamos Elisa— a garota para na porta do quarto 

— Eu não posso

— Porque não?

— Questões de família, agora vai... ela precisa sair daqui

Deixo Elisa pra trás com os olhos cheios de água, sei que a vontade dela é ir, mas algo a prende aqui. Na saída noto que me deixaram sair muito fácil, suspeito que Santiago tenha feito algo, mas não interessa o que seja, ele dessa vez ajudou muito 

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora