CINQUENTA E SETE

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Valentim

Com a Martina e o Juan longe, agora podemos enfim transformar essa cidade num cenário de guerra e o primeiro lugar que vou é até a casa do meu pai. Está mais sombria do que antes, o cheiro de podridão emana dessa casa e a única felicidade que esse maldito lugar presenciou foi a minha mãe e depois da morte dela tudo acabou

- O senhor Rojas esta esperando- presumo que eles sabiam, já que eu liguei. Passo pela segurança e entro na casa, que esta estranhamente calma e... vazia, caminho até o escritório e quando abro a porta vejo o Rojas sentado, fumando um charuto

- O bom filho a casa torna

- Não vim pra isso- me sento e passo os olhos pelo lugar- Vim propor um acordo- ele sorri mostrando os dentes. Filho da puta

- Diga- ele diz soltando a fumaça, cigarro nunca foi um ponto fraco pra mim

- Você quer tanto a cabeça do Alonso quanto eu e se me ajudar... Eu deixo a Jimena- estou disposto a isso, quero que isso acabe

- O que te faz pensar que eu te quero de volta?... Ou quero acabar com meu próprio pai?- não contenho meu sarcasmo

- Não finja Rojas, ele te mandou pra fora da sua zona de comando e se te conheço bem, não gostou nada- ele se levanta e encara o imenso lago lá fora

Se tem uma pessoa que odeio mais que o Rubem, é o Alonso, ele é um câncer pra essa família, por mim ele já estaria descansando nós braços quentes do diabo

- Não era pra sua mãe ter morrido daquela forma- ele nunca fala da minha mãe e tenho pra mim que ele nunca a amou de verdade. Ele traga o charuto e volta a falar- O Pablo... Ele me disse com todas as palavras o que a Isabel tinha feito e depois de algum tempo eu descobri, mas era tarde de mais.

- É? O que eles fizeram?- eu sei o que o Vicente me disse, mas quero ouvir da boca do Rojas. Ele se vira e senta de frente pra mim

- A Estela e o Pablo eram amantes, eles inventaram que sua mãe e o Ramiro tinham um caso secreto há anos e... Que você poderia ser filho dele, mas isso eu sabia que não. A Estela veio até mim pra falar isso e que disse que o Ramiro faria qualquer coisa pra escapar da morte, por ter traído um amigo

- E?- encaro ele impaciente, meus pés batem no chão rápido, não gosto que falem da minha mãe

- Eu fiquei cego de raiva e fui atrás do Ramiro e pra minha surpresa ele e sua mãe estavam conversando baixo demais com a porta entre aberta e...- aperto o braço da cadeira e os nós dos meus dedos ficam brancos, porque sei exatamente o que aconteceu depois. Ele matou o Ramiro primeiro e em seguida minha mãe

- E aí você tirou sua arma e atirou no Ramiro primeiro, abriu a cabeça dele na frente da minha...- minha voz falha, odeio tudo isso- Mãe... Mostrando a ela o que acontece com traidores não é? E depois você a matou sem piedade... Ela agonizou por meia hora naquele maldito quarto lá em cima

A morte dela me atormenta, eu amava minha mãe como ninguém e mesmo assim acreditei no meu pai e a odiei por um bom tempo

- Antes de matar a sua mãe, ela me falou a verdade... Mas não acreditei- estou com falta de ar, me levanto e o agarro pela camisa

- Não deveria ficar sozinho... Nunca aprende- ele sorri e meu sangue ferve- Se você sabia, porque fez isso?

- Somos iguais Valentim... Mesma personalidade- solto a camisa dele e aperto meus olhos com o dedos- A sua protegida por exemplo- ele sai do meu campo de visão e encaro o imenso lago- Ela nunca teve culpa de nada e mesmo assim você sempre dúvida dela

- Eu não sou igual a você... Nunca

- Não, você é pior! Eu nunca trai a sua mãe- ele caminha até a porta e volta- E antes que diga, eu aceitei a Martina pra ela, não cair nas mãos do seu avô, a situação seria muito pior e... - ele me encara e solta uma música para meus ouvidos- Temos um acordo!

Martina

Estou me preparando pra dormir, quando ouço batidas na porta do quarto, digo pra entrar e espero que não seja a Camila, é a única pessoal que não quero ter uma conversa

- Oi, posso?- Maribel aponta da porta e aceno que sim- Eu... Te devo uma explicação- ela estala todos os dedos de uma vez e olha pela janela

- Claro, senta aí- me sento e aponto para que ela faça o mesmo- Na verdade eu já sei, Valentim me disse- ela franse o cenho

- Martina, me desculpe. Estava desesperada, Matias disse que colocaria meu pai na cadeia e meu maior medo era ele chegar no Mateo- a voz dela é tomada pelo desespero

- Porque você não disse nada?

- Não podia, ele é filho de um cara poderoso e eu sei bem do que ele é capaz e... Meu maior medo é ele chegar no meu filho Martina- a Maribel tem um bom coração e sinto que ela está falando a verdade, uma mãe faria de tudo pra salvar seu filho. Pego nas mãos delas, que estão suadas e trêmulas

- Relaxa, eu não estou com raiva- ofereço a ela um sorriso amigável e pela primeira vez desde que entrou nesse quarto, ela me olha- Só uma mãe...

- Que isso no seu pescoço?- me esqueci da marca no meu pescoço

- Nada demais. Como eu estava dizendo, só uma mãe agiria assim- ela sorri de alívio

- Então podemos ser amigas? Viver em harmonia?- a abraço

- Claro que sim, mas em harmonia eu vivo com a Camila, já você eu quero uma amizade de verdade- ela se solta do meu abraço

- Ah... O Juan pediu para ajudar a encontrar uma garota que ficou com você naquele lugar, mas com essa bagunça me esqueci de falar com ele, a garota continua lá, mas estamos tentando mudar a cabeça dela

- Eliza é igual a Regina, cabeça dura demais. Espero que ela mude de ideia

Júnior

Não aguento mais ficar aqui longe do meu tio, minha avó trouxe um garoto grande, mas ele nem brinca com a gente direito

- O que você está fazendo?- o menino grande pergunta

- Estou esperando minha amigona sair e você?- levanto do chão, estamos perto do quarto da Tina

- Esperando minha mãe. O que aconteceu com seu braço?

- Cai de uma escada, mas vou tirar daqui a pouco. Você tem quantos anos?

- Oito. Aquele cachorro é seu?- esse garoto é estranho

- Sim, o nome dele é Pingo, meu tio Juanito me deu de presente de Natal- balanço meu corpo pra frente e pra trás- Eu tenho seis anos, fiz dia dessete do mês um, mas não teve uma festa, meu tio Timtim disse que teria, mas teve alguns problemas

- Seus tios tem nomes estranhos Você sabe jogar alguma coisa?

- Um pouco de futebol. Junito, chama Juan, Timtim, chama Valentim e minha amigona chama Martina e eu chamo ela de Tina

- Você é estranho- o menino grande pergunta e a porta abre e veja minha amigona

- Tinaaa- minha amigona sai do quarto, junto com a moça que é amiga do meu tio Juanito

- Oi pequeno, porque está acordado ainda?

- Estava com saudades de você- ela me dá um abraço e eu retribuo

- Espertinho. Mas tá na hora de dormir, eu vou pegar água e quando voltar vamos dormir, tá?

- Taaa. Tchau menino grande, tchau amiga do meu do meu tio- dou a mão pra Tina e vamos pegar água

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE VINGANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora