AS LUZES VERMELHAS e brancas no alto dos carros da polícia, espalhados
pelo quarteirão 3500 da Broadway, na frente da casa vitoriana de Johnny
Boz, em Pacific Heights, faiscavam como faróis. O ar estava impregnado
pela estática e zumbido do tráfego de rádio policial. Alguns madrugadores
- os passeadores de cachorro, no jargão da polícia - observavam a cena
como espectadores de teatro; os guardas ali adotavam a atitude de indiferença que decorria de uma longa e constante familiaridade com o
assassinato.Um carro da polícia sem qualquer identificação - sem cromados, sem
frisos, sem qualquer acessório extra, de tal forma que só podia ser um carro da polícia, desceu pela rua, e parou junto do agrupamento de
guardas e carros. Duas pessoas saltaram e contemplaram a fachada da elegante casa vitoriana. Uma mulher mais velha, Kim Jisoo, acenou com a
cabeça em aprovação, comentando:-Um bom bairro para um homicídio.
-Não resta a menor dúvida de que estamos tendo uma classe superior de homicídio nesta cidade - respondeu sua parceira.
-Deve ajudar na
atração de turistas.As duas não podiam ser mais diferentes. Como o carro que guiava, Jisoo nunca poderia ser tomada por outra coisa que não fosse um típico
representante do Departamento de Polícia de San Francisco. Mas os olhos
irradiavam vinte anos de desilusão. A Mulher sentia-se cansada.A parceira, Lalisa Manobal, era mais jovem e mais difícil de definir. Usava
um bom terno preto com camisa social branca, um pouco elegante demais, indicando que era uma tira no
momento em que se punha os olhos nela. Mas havia algo mais em sua pessoa, a esperteza das ruas, a dureza da cidade grande, a ligeira, arrogância e confiança de uma mulher que passava a vida, um dia sim, outro também, com um revólver junto do peito.Ao contrário de sua parceira desanimada, para Lalisa o jogo ainda continuava, as regras mudavam todos os dias. Na maior parte do tempo, a única regra era a de que não havia regras. As ruas se tornavam cada vez mais brutais, mas Lalisa ainda podia controlá-las. Não desistira, nem pretendia... pelo menos ainda não.
Abriram caminho pelos guardas até a porta, entraram na casa elegante. Jisoo farejou o ar como um sabujo e bateu de leve com um dedo no lado
do nariz. Havia um cheiro naquela casa, um cheiro que ela já encontro antes, não muitas vezes, é verdade, mas bastava senti-lo uma vez para
se saber o que significava.-Dinheiro - murmurou ela.
Correu os olhos pelo ambiente sofisticado, os móveis perfeitos e informais em art deco, os tapetes grossos, os quadros nas paredes.
-Muito bonito. Quem era mesmo a porra desse cara?
-Um astro do rock, Jisoo. Johnny Boz.
-Nunca ouvi falar.
Lalisa sorriu.
Se Jisoo já tivesse ouvido falar de Johnny Boz, ela teria a maior surpresa. O gosto musical de Kim Jisoo, se é que se podia chamar assim, reduzia-se ao country tradicional do Texas.
Ele surgiu depois do seu tempo, em meados da década de sessenta.
-Deve estar lembrado... hippies, o verão do amor.
-Você devia estar de uniforme na ocasião, quebrando cabeças no Heights. Eram dias felizes - comentou Jisoo.
-Boz era um deles. Cinco ou seis grandes sucessos. Depois, tornou-se respeitável... isto é, em termos do rock. Tem um clube no centro, na Fillmore.
Lisa olhou para o Picasso pendurado no vestíbulo.
-Mas com certeza virou um aristocrata.
Jisoo seguiu na frente para o quarto todo sujo de sangue.
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Atração Fatal | JENLISA G!P
Mystery / ThrillerRuby Jane, ou mas conhecida como Jennie Kim, é uma escritora extremamente sedutora e principal suspeita de um assassinato. A policial Lalisa Manoban é incumbida de desvendar o crime, mas fica fortemente atraída por Jennie, colocando a própria vida e...