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ELA VOLTOU À CASA na praia no dia seguinte, pouco depois do meio-dia. Jennie usava um vestido preto, curto e justo. O tecido se amoldava ao corpo como uma segunda pele preta, realçando os cabelos marrons e os olhos castanhos.

-Oi - disse ela, simplesmente. -Estou perturbando?

-Não.

-Pergunta estúpida, eu acho. Nada jamais a perturba, não é?

-Por que não entra?

Jennie escancarou a porta e afastou-se pelo interior da casa. Lisa seguiu-a, os olhos nas nádegas firmes mexendo-se por baixo do vestido. As coisas na sala continuavam como na última vez em que ela estivera ali... só que havia mais recortes na mesa, a história inteira relatada pelos jornais da carreira tumultuada da Detetive Lalisa Manobal do Departamento de Polícia de San Francisco.

Ela pegou um dos recortes, deu uma olhada, depois mostrou-o a Lisa.

DETETIVE MATADORA ENFRENTA INQUÉRITO DA POLÍCIA, dizia a manchete.

-Estou usando-a como minha detetive.

-Sua detetive?

-Minha detetive. Em meu livro. Espero que não se importe. Não se importa, não é?

-Faria alguma diferença se eu me importasse?

Ela sorriu, esquivando-se à pergunta como um pugilista que se desvia

de um par de jabs.

-Quer tomar um drinque? Eu estava me servindo.

-Não, obrigado.

Jennie acenou com a cabeça para si mesma.

-Tem razão, eu esqueci. Você abandonou todos os seus antigos vícios. Nada de scotch, nada de Jack Daniel's. Nem cigarro. - Ela tornou a sorrir,

olhando para trás. -Nem sexo?

Ela não esperou por uma resposta. Foi até o bar, onde havia uma porção de garrafas na bancada de mármore e um bloco de gelo numa pia rasa.

-Quero lhe fazer algumas perguntas - anunciou Lisa, calmamente.

Havia um furador de gelo na mão de Jennie e ela começou a lascar o bloco.

-Eu também queria lhe fazer algumas perguntas.

-É mesmo?

O gelo rachou e se espatifou enquanto ela continuava a golpeá-lo.

-Perguntas para o meu livro.

-Tem alguma coisa contra cubos de gelo?

-Gosto de contornos irregulares.

Ela trabalhava com afinco no gelo, fragmentando-o todo. Levantava o

braço e batia com toda força, várias vezes.

-O que você queria me perguntar? - indagou Lisa.

Ela já acabara com o gelo. Largou o furador, pôs um punhado de

fragmentos no copo e completou com Jack Daniel's.

-Diga-me, Lisa, qual é a sensação de matar alguém?

Ela falou no mesmo tom de voz com que o proprietário de uma casa poderia perguntar a outro: o que você usa para matar a erva-daninha?

-Qual é a sensação? Por que você não me conta?

-Não sei. Mas você sabe. Qual é a sensação? De poder? Tristeza?

Náusea? Exultação? Uma mistura das quatro coisas? Ou é algo mais? Algo que não se pode saber até liquidar alguém.

Atração Fatal | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora