Todas as salas de interrogatório no prédio da chefatura de polícia de
San Francisco, no Palácio da Justiça, na Bryant Street, possuem o mesmo charme do interior de uma geladeira.Aquela em que Corelli, Talcott e
Walker esperavam era considerada a melhor de todas... mas ainda assim a decoração era depressivamente institucional. Havia uma mesa fornecida
pelo Departamento de Serviços Públicos, algumas cadeiras com assentos estofados em vinil preto e uma cesta de papel. Montada na frente da mesa havia uma câmera de videotape, a lente fixada como o cano de uma arma na única cadeira desocupada. Era esse o lugar em que Jennie deveria sentar.Ela entrou na sala, flanqueada por Lisa e Jisoo, avaliou o lugar e os homens ali com um olhar frio. Parecia deslocada. Se o sentia, não deixou transparecer. Lisa podia perceber que disfarçar suas emoções era uma segunda natureza para Jennie.
Corelli levantou-se de um pulo quando ela entrou, estendendo a mão enorme.
-Sou John Corelli, Sra. Jennie kim, promotor distrital assistente. Devo
informá-la de que esta sessão será gravada. Está dentro dos nossos
direitos fazer isso...-Eu nunca disse que não estava - respondeu Jennie.
-Sou o Capitão Talcott.
O capitão dava a impressão de que estava prestes a pedir desculpas, depois mudou de ideia e contentou-se em apertar a mão esguia de Jennie
-Tenente Walker.
Ele não parecia constrangido e fitou-a com frieza.
-Podemos lhe providenciar alguma coisa? - indagou Talcott, solícito. - Talvez um café?
-Não, obrigada.
Corelli tirou um lenço do bolso e enxugou a testa. As janelas haviam
sido fechadas, fazia calor na sala.-Quando seus advogados vão chegar?
Lisa fez o melhor possível para esconder seu sorriso.
-A Sra. Jennie kim renunciou ao direito de contar com a presença de um
advogado.Corelli e Talcott olharam irritados para Lisa. Jennie Kim percebeu o olhar e fitou cada rosto, indagando:
-Perdi alguma coisa?
-Eu tinha dito a eles que você dispensaria a presença de um advogado.
-Por que renunciou a seu direito de contar com a presença de um advogado, Sra. Jennie? - indagou Walker.
Jennie ignorou-o, o olhar fixado em Lisa. Era uma expressão que até parecia de admiração. Algo que exibia pela primeira vez.
-Por que achou que eu não ia querer um advogado?
-Eu disse a eles que você não tentaria se esconder - respondeu Lisa, na
maior calma.As duas falavam como se fossem as únicas pessoas na sala.
-Não tenho nada a esconder.
Eles continuaram a se fitar por mais um momento, depois Jennie sentou e olhou para seus inquisidores, como se dissesse:
"Podem começar, senhores".
Estava calma, fria, no controle total de si mesma. Tirou um cigarro da bolsa e acendeu-o, largou o fósforo usado em cima da mesa, à sua frente.
-É proibido fumar neste prédio, Sra. Jennie kim- disse Corelli.
-E o que vai fazer a respeito? - Ela alteou uma sobrancelha. - Acusar-me
de fumar?Em San Francisco, a capital de proibição do fumo no mundo, havia antitabagistas militantes, que não apenas a processariam por fumar, mas também a condenariam com a maior satisfação e até a mandariam para a cadeira elétrica.
Corelli, no entanto, não estava disposto a insistir no assunto. Bateu em retirada apressado. Jennie soprou a fumaça através da mesa, na direção de Lisa.
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Atração Fatal | JENLISA G!P
Mystery / ThrillerRuby Jane, ou mas conhecida como Jennie Kim, é uma escritora extremamente sedutora e principal suspeita de um assassinato. A policial Lalisa Manoban é incumbida de desvendar o crime, mas fica fortemente atraída por Jennie, colocando a própria vida e...