Lalisa quase conseguiu chegar a tempo para o encontro marcado às três horas. Jisoo guiou o carro da polícia tão depressa quanto era possível, pela Rodovia 101, atravessou a ponte Golden Gate como uma maluca, xingando
os motoristas que andavam devagar na extremidade de Marin e no
engarrafamento do meio da tarde no Presidio. Ainda assim, é um longo percurso de Stinson Beach à chefatura de polícia e por isso o relógio marcava 3h15 quando Lalisa abriu a porta da sala de Park Rosé, a psiquiatra do Departamento de Polícia de San Francisco.-Desculpe, Rosé - disse ela, avançando pela sala. -Tive de fazer uma
viagem imprevista a Stinson.Manobal parecia muito mais transtornada com o atraso do que a
psiquiatra. Park Rosé era uma mulher atraente com apenas vinte e sete anos de idade e há dois no cargo.Lalisa era sua amiga antiga, uma cliente e, por um breve período, sua amante. Envolver-se com uma detetive
e ainda mais alguém sob seus cuidados profissionais era uma violação da política do departamento e da ética de sua profissão. Mas Lisa possuía um magnetismo intenso, era a quintessência de uma policial o tipo de atração que a levara a trabalhar na polícia, em primeiro lugar. Ela sentia-se sinceramente satisfeita por vê-la.-Como vai, Lisa?
Manoban conhecia o suficiente de psiquiatria para compreender que
quando eles perguntavam como vai, não era apenas uma indagação cortês sobre sua saúde.É uma pergunta capciosa.
-Estou bem.
-Está?
-Ora, Rosé, deixe disso! Sabe que estou bem. Por quanto tempo terei de continuar a fazer isso?
-Por tanto tempo quanto a Divisão de Assuntos Internos quiser -
respondeu ela, calmamente.Rosé já estava acostumada à irritação de Lisa. Não era muito
diferente da reação de outros policiais sob sua supervisão. Em algum lugar, na alma de cada policial, espreitava uma dúvida sobre a psiquiatria. De
certa forma, era pouco viril conversar com um analista, homem ou mulher.Depreciativo. Todos os dias, os policiais da cidade levavam malucos recolhidos nas ruas ao Hospital Geral de San Francisco, onde permaneciam
até serem despachados para o hospício estadual em Napa. Ou tomavam conhecimento de que colegas seus estavam sendo submetidos a uma
"avaliação psiquiátrica".-Qual era a diferença entre um policial sob cuidados psiquiátricos e algum lunático arrancado da Market Street no
momento em que bradava aos quatro cantos que era Jesus Cristo?-Tudo isso não passa de besteira - resmungou Lisa.
-Eu sei disso.
-Você sabe. É pura coação.
Rosé sorriu, sugestiva. Era típico de um policial se abrigar por
trás de um termo jurídico para contestar algo de que não gostava ou
mesmo temia.-Por que não senta? Vamos conversar. Não há mal nenhum nisso.
Lisa sentou, os braços cruzados.
-É tudo besteira - insistiu ela, como se pusesse um ponto final à questão.
-Provavelmente é mesmo. Mas quanto mais cedo acabarmos com essas
sessões, mais depressa você poderá esquecê-las. Sabe tão bem quanto eu,
a política não é minha.-A política é besteira também.
-Não necessariamente.
-O que isso significa?
-Quer você tenha percebido ou não, Lisa, deve ter sofrido um certo
trauma depois do... incidente.Oh, Deus, o incidente! Por que não chama pelo nome que é? As mortes.
Os dois pobres e inocentes turistas, espectadores em suas camisas de
malha do Fisherman's Wharf, que se meteram no caminho das balas
saídas do cano de uma automática de nove milímetros, empunhada por um
certo detetive da polícia de San Francisco.
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Atração Fatal | JENLISA G!P
Mystery / ThrillerRuby Jane, ou mas conhecida como Jennie Kim, é uma escritora extremamente sedutora e principal suspeita de um assassinato. A policial Lalisa Manoban é incumbida de desvendar o crime, mas fica fortemente atraída por Jennie, colocando a própria vida e...