Prólogo

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A música saía de um reluzente aparelho de CD, perto da janela, no
quarto, o volume baixo. Além da janela, a cidade de San Francisco despertava para uma rara manhã clara; não haveria o famoso nevoeiro de
San Francisco naquele dia.
Na cama, uma enorme cama de latão, deitava-se Johnny Boz — um
homem rico, sem dúvida, e também um homem de gosto, mas gostos bons e
maus. Gostava de arte e de música, do luxo informal; os gostos maus eram
mais destrutivos — drogas pesadas, alguma submissão e as mulheres
erradas.

A mulher montada em seu peito nu era linda. Os cabelos pretos
compridos caíam pelos ombros, os seios perfeitos balançavam como frutas
maduras por cima de seu rosto, sedutores, um pouco além do alcance de
seus lábios famintos.

A mulher baixou a boca vermelha para a sua e beijou-o, sôfrega, a
língua ansiosa. Ele reagiu ao beijo, sugando aquela língua para o fundo de
sua boca. Ela estendeu as mãos de Johnny acima de sua cabeça e
imobilizou-as. Tirou uma echarpe branca de seda de debaixo do
travesseiro e amarrou os pulsos juntos, depois prendeu-os à grade de latão
da cama. Ele fez força para se libertar, os olhos fechados, em êxtase.
Ela desceu por seu corpo e Johnny penetrou-a, bem fundo. Os quadris
da mulher subiam e desciam. Ele arqueava o corpo, projetava-se para
cima, tentando aprofundar-se ao máximo naquele corpo, sentindo todo o
seu peso.

Estavam capturados pelo momento, dominados pela força irresistível
do sexo e do narcótico. Os olhos fechados, ela empinou e depois despencou com toda força, os quadris empalados no homem. Arqueou as costas, ressaltando os seios altos e firmes.
Ele sentiu que seu orgasmo a lorava das profundezas e inclinou a
cabeça para trás, expondo a garganta branca, a boca se abrindo num grito
silencioso, os olhos revirando. Em tormento de prazer, ele puxou e rasgou
a seda que segurava seus braços.

O momento dela chegara. Havia um brilho prateado em sua mão, um
pedaço de metal, a iado e mortífero. A mão direita baixou, rápida e cruel, a
arma perfurando a garganta pálida, que no mesmo instante se tornou
vermelha de sangue.

O homem teve uma convulsão, o corpo sacudido pela dor da morte súbita e violenta e pela força total do orgasmo.
Muitas e muitas vezes, a mulher baixou o braço para a garganta de
Johnny, o peito, os pulmões. Os lençóis creme se tornaram vermelhos. Ele
morreu, projetando corpo e alma para a mulher.

Atração Fatal | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora