11.

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Lalisa não se meteu em nenhuma encrenca por quase quinze minutos... o
tempo que levou para ir da chefatura a seu apartamento. A encrenca, sob a
forma de Jennie, estava sentada na escada na frente do prédio,
o Lotus preto estacionado junto ao meio-fio.

-Acabei de saber o que aconteceu - disse ela, com um sorriso que por
pouco não era escarninho. - De que adianta um Tira Certo sem a sua arma?

Lisa não sentia o menor ânimo para provocações.

-Como exatamente você soube?

-Tenho advogados. Eles têm amigos. Eu tenho amigos. O dinheiro
compra uma porção de advogados e amigos.

-Não sei nada sobre essas coisas. Não tenho nenhum dinheiro. Não
tenho nenhum advogado. E Jisoo é meu único amigo de verdade.

Ela deu de ombros.

-Eu não estava falando de amigos de verdade. Por que Jisoo não gosta de
mim?

Lisa riu.

-Jisoo não gosta de você porque acha que é perniciosa para mim. E
provavelmente está certa. Mas eu gosto de você. Gosto de coisas que me
são perniciosas.

-Gosta mesmo?

-Gosto. Quer subir para um drinque?

Ela olhou para o relógio em seu pulso, uma peça fina e delicada, de platina.

-Às nove horas da manhã? Não acha que é um pouco cedo?

-Estou acordado há tanto tempo que é quase hora do almoço para o meu
relógio do corpo. Quer ou não?

Jennie ofereceu-lhe seu sorriso mais deslumbrante.

-Pensei que nunca ia me convidar.

-Acho que você não conhece sua personagem tão bem quanto eu
pensava.

Elas entraram no prédio, subiram pela escada escura e suja para o
apartamento no terceiro andar. Jennie seguiu na frente, falando
enquanto subia.

-Estou aprendendo - disse ela. - Estou aprendendo tudo a seu respeito.
Muito em breve o conhecerei melhor do que seus amigos. Melhor do que
você própria.

-Já lhe disse que Jisoo é minha única amiga, e aposto que ela também me
conhece mais do que gostaria. E não tenha tanta certeza de sua capacidade
de análise. Nunca vai me entender por completo.

-Acha que não? Por quê?

Pararam diante da porta escalavrada do apartamento, Lisa enfiou a
mão no bolso para tirar a chave.

-Nunca vai me entender por completo porque sou muito...

Em perfeita sincronia, Jennie e Lisa disseram a mesma palavra:

-Imprevisível.

Lisa tentou não amarrar a cara, e Jennie tentou não rir, pela
previsibilidade dela. Lisa abriu a porta e introduziu-a no apartamento.

Ela permaneceu em silêncio por um longo momento, parada no meio da
sala grande, parecendo uma mansarda, a estudar as paredes nuas, os
poucos móveis, a ausência de toques pessoais que marcariam o lugar como
um lar específico. Era tão impessoal quanto um quarto de hotel.

-Devia dar um pouco de calor pessoal ao apartamento - comentou ela, ao
final.

-Não sou uma pessoa quente - respondeu Lisa, bruscamente.

-Sei disso. O apartamento o reflete bem demais. Eu teria imaginado que
você gostaria de esconder isso.

-Não tento enganar ninguém - declarou ela, da pequena cozinha, um
buraco ao lado da porta de entrada.

Atração Fatal | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora