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NA MANHÃ SEGUINTE, todos os participantes da reunião na sala de
Walker receberam um exemplar de Amor Perigoso, de Jennie kim.
Lisa lera o livro na noite anterior e não sabia direito o que pensar a
respeito. Não conhecia nem se importava com literatura. Mal lia qualquer coisa além dos relatórios policiais e do San Francisco Chronicle, mas foi capaz de perceber a força do texto e a precisão enervante da sequência do assassinato.

Uma dúzia de vezes, enquanto lia através da noite, voltara à
página de copyright do livro. Ali, preto no branco, estava a verdade
indubitável: o livro fora publicado um ano e meio antes do assassinato de
Johnny Boz. A vida ou, mais precisamente, a morte imitando a arte.

Toda a equipe se encontrou na sala de reuniões, inclusive Talcott. Lá
estavam também Park Rosé e um homem mais velho, o Dr. Lamott. Ele
não pertencia à polícia, e os policiais na sala o fitaram cautelosos, como
fariam com qualquer pessoa de fora. Rosé fez a apresentação:

-O Dr. Lamott ensina a patologia do comportamento psicopático em
Stanford. Achei que seria melhor convidá-lo a servir como consultor do
departamento nesse caso.

-Não é a minha área básica de conhecimento.

-Dr. Lamott - disse Talcott, como se já estivesse preparando uma
argumentação contra o especialista -será que se importaria se eu lhe
fizesse uma pergunta?

-É para isso que estou aqui, Capitão.

-Tem alguma experiência prática de trabalho legal?

Todos os policiais na sala pensaram a mesma coisa: "como se você tivesse."

Walker olhou de um rosto para outro, torcendo para que ninguém dissesse isso expressamente.

-Sou membro da Junta de Perfil Psicológico do Departamento de Justiça -
respondeu o Dr. Lamott.

-Creio que é suficiente - murmurou Talcott.

Primeiro ponto a favor do analista, pensou Lisa.

Walker assumiu o
comando da reunião:

-A Dra. Park já deve ter lhe fornecido os elementos básicos do caso.

-Estamos todos interessados em ouvir o que pode dizer a respeito.

-É muito simples - disse Lamott, como se fizesse uma preleção para um
grupo de estudantes de pós-graduação.

Contínuo ele:

-Há duas possibilidades em ação
aqui. Primeira: a pessoa que escreveu o livro é a assassina e reproduziu o
crime descrito em detalhes literais, ritualistas.

-A classe social, riqueza, proeminência ou educação da autora teriam alguma relação com isso? - indagou Talcott.

Lamott sorriu.

-A loucura prevalece sobre as condições de classe, Capitão.

-E qual é a segunda possibilidade, doutor? - perguntou Walker.

-Também muito simples... e sem qualquer base na classe social... alguma
pessoa foi profundamente afetada pela leitura do livro e desejou
reproduzir os eventos descritos. Isso poderia derivar de um desejo inato,
ou talvez de um desejo subconsciente, de prejudicar a autora do livro.

-E o que me diz da vítima? - perguntou Jisoo.

-O morto?

-Ele não passou de um meio para atingir um fim. Se a vítima tencionada
era a autora do livro, então a pessoa culpada reproduziu o crime como está
descrito no livro para incriminá-la.

Atração Fatal | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora