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Lisa provaveolmente marcou algum recorde no percurso de Stinson Beach ao centro de San Francisco. Enquanto acelerava pela estrada, um único pensamento ardia em sua mente: fora traída, vendida a Jennie. Não sabia por quê, mas tinha uma boa ideia de como.

Os policiais usam informantes todos os dias. Na verdade, raro é o caso
que não é esclarecido por informações compradas ou extorquidas de um
alcaguete. Detetives como Lisa controlavam uma dúzia de informantes,
alcaguetes no mundo das drogas, na Máfia, nas quadrilhas vietnamitas,
jamaicanas e chinesas. A traição fácil de segredos é a base do trabalho da
polícia; os criminosos odeiam os alcaguetes, e os policiais também, por mais estranho que pareça. Talvez seja o reconhecimento das semelhanças entre
a vida fora da lei e a vida de quem impõe a lei são como duas irmandades, com seus próprios códigos, credos e tabus que crie essa pequena área de terreno comum.

Apesar de muito dependerem deles, os
policiais sentem o maior desprezo pelos alcaguetes. Por isso, era
particularmente irritante para Lisa pensar que alguém fornecera
informações a seu respeito.
Ela saiu furiosa do elevador no décimo andar da chefatura de polícia,
avançou pelo corredor até a sala de Rosé. A secretária parou de datilografar por uma fração de segundo e tentou impedi-la de entrar na sala de Rosé.

-Ela está ao telefone. Já vai recebê-lo, Detetive. Avisarei que está aqui.

-Não precisa se preocupar - rosnou Lisa. - Vou entrar agora.

Ela quase chutou a porta. Estava enfurecida, com raiva suficiente para
matar alguém.
Arrancou o telefone da mão de Rosé e bateu com ele no gancho.
Inclinou-se por cima da mesa, até que o rosto estava quase colado no de
Rosé. Ela se lembrou do último encontro e encolheu-se, assustada.

-Quem tem acesso ao meu arquivo?

Rosé empalideceu.

-Do que está falando, Lisa? O que há com você? Qual é o problema?

As palavras de Lisa soaram claras e incisivas, impregnadas de
hostilidade.

-Quem tem acesso à porra do meu arquivo?

-Lisa...

Lisa agarrou-a pelos ombros frágeis, puxou-a rudemente da cadeira.

-Não banque a inocente comigo. E não me venha com essa merda de que
é confidencial o que se passa entre analista e paciente. Vou perguntar de
novo e quero uma resposta: a quem você entregou minha ficha?

Ela não precisava ameaçar. Rosé sabia muito bem que Lisa era capaz
de recorrer à violência.

-A ninguém - murmurou ela, incapaz de fitá-la nos olhos.

-Estou avisando, Rosé.
É uma ficha psiquiátrica confidencial,

-Lisa. Seria ilegal...

-Essa é a merda que eu disse que não queria ouvir, Rosé.

-Mas é verdade!

Ela sacudiu a cabeça.

-Não, não é. De jeito nenhum. Não minta para mim, Rosé.

-Lisa, eu...

-Foi a Assuntos Internos, não é? - indagou Lisa subitamente. -Procuraram você, contaram alguma história e você mordeu a isca, com anzol e tudo. Certo?

-Lisa, eles me disseram que...

-Quem? Quem foram "eles", Rosé?

Ela engoliu em seco.

Atração Fatal | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora