LEANDROGuilherme conseguiu me convencer a tomar um banho e comer uma comida que ele fez. Comi com ele me olhando.
_ Você tem algum dinheiro guardado pra se virar por enquanto?
Ele me pergunta e eu morro de vergonha, ele sabe da minha história com Lúcio nos mínimos detalhes, Lúcio contava tudo, é óbvio que ele sabe que eu dependia financeiramente de Lúcio.
_ Eu... eu vou me virar..
_ Se virar como? Lúcio tinha algum dinheiro na conta?
_ Eu só preciso de um emprego, de preferência noturno mas se não tiver jeito aceito qualquer coisa e saio da faculdade.
_ Não. Você continuará fazendo sua faculdade isso era o sonho de vocês e falta pouco Leandro, não desista. Até porque você é bolsista e dificilmente conseguiria outra oportunidade como essa.
_ Meu sonho que era envelhecer ao lado do homem que amo foi arrancado de mim por uma única bala, nada faz sentido agora Guilherme. Se eu tivesse coragem interromperia tudo, não só a faculdade, mas infelizmente não tenho então só me resta arrumar um meio de sustento.
_ Nunca mais fale e nem sequer pense numa besteira dessa, eu entendo sua revolta mas você precisa reagir e seguir em frente, você não está sozinho, conte comigo para o que precisar. Quando vence o aluguel?
_ Eu vou me virar ok? Você não tem obrigação nenhuma comigo.
_ Sei que não tenho, mas sei também que se fosse ao contrário Lúcio estaria fazendo o mesmo ou até melhor.
_ Mas não é. Não foi você que gastou até o último centavo da sua conta pra comprar a porra de uma aliança que agora não serve pra nada.
Empurro o prato da comida e mais uma vez choro desolado, não quero agir assim mal educado e ranzinza mas é mais forte que eu. Estou revoltado com essa situação, nunca em hipótese alguma coloque sua vida, seu tudo nas mãos de alguém.
_ Desculpa. Estou descontando em você minha revolta, que merda.
_ Não se desculpe. Acredite quando digo que te entendo.
_ Eu só preciso de um emprego ou mais bicos pra fazer, com o que tenho não consigo pagar o aluguel que vence daqui a duas semanas.
_ Eu posso te emprestar ou...
_ Não. Não preciso de mais dívidas, preciso de um emprego, a moto de Lúcio provavelmente o banco virá buscar pois não tenho como continuar pagando eu queria saber sobre a rescisão dele e o fundo de garantia, será que tenho algum direito.
_ Se tiver como provar que viviam em união estável sim.
Fico pensativo e sinceramente desanimo, isso será uma correria que talvez não de em nada e eu não tenho energia nem pra pensar nisso.
_ Volte a faculdade Leandro, ocupar a mente ajuda nessas horas.
_ E você como está? Me sinto um egoísta aqui atolado em sofrimento sendo que você é o melhor amigo dele.
_ Você não está sendo egoísta, está sofrendo e não tenho o direito de medir seu sofrimento com a minha régua. Está sendo muito difícil pra mim também, eu conversava com ele praticamente todos os dias mas eu sei que é incomparável.
_ Tenho que arrumar as coisas dele, ficarei com alguma coisa mas a maioria irei doar, até porque as roupas dele não me servem.
_ Quer ajuda com isso?
_ Se não for te atrapalhar, quero sim.
Nem termino de comer pois não consigo. Levo Guilherme pro meu quarto e abro a parte do guarda roupas que era do Lúcio. Guilherme vai retirando as roupas dele, aquilo me da um nó enorme na garganta porém preciso ser forte. Vou separando as da doação mas algumas como camisas velhas que eu ja dormia com elas e blusas com capaz eu fico, ficam bem grandes em mim mas eu gosto de usar. Lúcio tinha várias correntes e anéis de prata, guardo junto com a sua aliança. Resto das coisaa dele como livros e objetos pessoais decido ficar também. Guilherme vai embora ja a noite mas antes me faz prometer que não irei faltar a faculdade amanhã, aliás ele prometeu vir me buscar pra me dar uma carona. Tomo mais um banho e visto uma cueca junto com um dos camisões enormes de Lúcio que fiquei pra mim, as roupas pra doação Guilherme colocou em sacolas e as levou, segundo ele irá deixar numa igreja que faz brechó, agradeci demais a ele.
Me deito na cama pra tentar dormir e não consigo, é tanta coisa em minha cabeça que é impossível relaxar e mergulhar no mundo dos sonhos, estou mentalmente exausto e ja sem forças até pra chorar, tem sido muito difícil, como a morte é cruel, nunca imaginei que Lúcio seria arrancado de mim dessa maneira tão abrupta e fria, ele não merecia isso, nós não merecíamos isso.
No outro dia me levanto depois de só ter cochilado alguns intantes de madrugada, tomo um banho e me esfrego quase me machucando no chuveiro, só quero arrancar de mim essa dor.
Visto um moletom de Lúcio que fica enorme em mim mas me sinto acolhido e protegido por ele, tomo um café com um pedaço de pão de forma, coloco o capuz do moletom cinza, pego meu material da faculdade e saio de casa a tempo de ver Guilherme encostando com o carro em frente a minha casa.
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RELUTANTE EM RECOMEÇAR
RomanceLeandro e Lúcio namoram a dois anos. Leandro tem dezenove anos e Lúcio vinte e oito. Lúcio é apaixonado por Leandro e resolve o pedir em noivado, ja moram juntos desde o início do namoro mas ele quer oficializar a união deles e o fará assim que Lean...