27

127 17 2
                                    


GUILHERME

Hoje até que estava tranquilo na delegacia até aparecer a ocorrência de um assalto na joalheiria do shopping aqui perto, reuni minha equipe e fomos ao local. Chegando descobri que três assaltantes renderam os funcionários fizeram a limpa na joalheiria mas na saída foram surpreendidos pelos seguranças e correram até a praça de alimentação onde conseguiram pegar uma mãe que lanchava com sua filha pequena e as fez reféns, meu sangue esquentou quando vi aqueles desgraçados apontarem uma arma na cabeça da criança. Tentamos negociar de toda forma mas nada o convencia de soltar a criança, até que um snaiper estrategicamente posicionado deu um tiro na cabeça dele, só que haviam outros assaltantes, a mãe e a garota apavoradas correram pro nosso lado e eu pra defende las as coloquei atrás de mim, senti o impacto de dois tiros no meu peito, cai pra trás com uma dor absurda mas o que me preocupou foi olhar pro meu braço e ver sangue, aquilo me apavorou de verdade, meu pensamento voou pra Leandro e minha mãe.

Sou levado pro hospital e me levam imediatamente pra sala de cirurgia, sou anestesiado e internamente agradeço, tava doendo demais.

No outro dia acordo e me dão o café da manhã, minha mãe chega logo cedo. Sorrio pra ela e ela me dá um beijo na testa.

_ Oi mãe. Bom dia.

_ Bom dia meu filho, mais um susto hein. Tem que parar de fazer essas estripulias. Me conta como isso aconteceu?

Eu dou risada.

_ O cara fez uma mulher e criança refém, foi morto mas um outro assaltante atirou nelas, eu as defendi.

_ Estou brava por ter feito isso mas eu te entendo, o maluco do seu pai era como você, sempre entrava na frente de balas pra defender inocentes.

_ E o Leandro? Me entendeu também?

_ Leandro ficou revoltado, pela primeira vez na vida tive vontade de dar uns tapas em alguém, ele queria te deixar.

Arregalo o olho.

_ O que? Não mãe, ele não pode fazer isso comigo.

_ Eu conversei com ele meu filho, deixa ele digerir o que aconteceu.

_ Não foi nada demais, eu estou bem. Ele está lá fora?

_ Não, eu vim sozinha..

_ Há não mãe, ele nem quis vir me ver?

_ Calma. Ele disse que viria depois, disse que antes tinha que fazer uma coisa.

_ Que coisa?

_ Não sei meu filho mas não fique tão preocupado, noite passada Leandro até dormiu em seu quarto.

Fico mais tranquilo com isso mas estou ansioso pra falar com ele, eu não posso o perder. Minha continua comigo conversando mas umas duas horas depois Leandro chega, ele dá dois toques na porta e entra.

_ Oi..

Ele diz tímido e eu abro um sorriso o chamando com a mão.

_ Le, vem cá.

Ele já chega me abraçando e deita a cabeça em meu ombro praticamente deitando em cima de mim pois estou deitado, minha mãe da um sorriso, pede licença e sai do quarto.

_ Não chora Le, eu tô bem.

Ele me solta me olha inteiro, parecendo conferir se estou bem mesmo.

_ Eu fiquei com tanto medo, eu tava te esperando em casa, soube do assalto pela televisão.

_ Pela televisão? Minha mãe não te disse nada?

_ Não. Disse que queria me poupar, eu ligava e ela não atendia, fiquei chateado mas depois ela me explicou que primeiro ela queria saber como você estava, ficou com receio de minha reação.

_ Eu entendo a minha mãe, ela pensa nos outros antes dela.

_ É mas eu fiquei chateado, desculpa Guilherme mas você e sua mãe precisam parar de querer me poupar das coisas, ela não precisava passar por isso sozinha, imagina a angústia dela na sala de espera sozinha aguardando sua cirurgia? E depois eu chego sem nenhum cuidado e despejo um caminhão de cobranças emcima dela.

Não falo nada só dou um selinho nele.

_ Desculpa, iremos parar com isso, ela conversou comigo e disse que você não gostou.

_ Eu fui grosso com ela, fui um idiota.

_ Ta tudo bem, ela entendeu que você estava nervoso, depois conversam direito. Agora pode me dizer onde estava?

_ Posso. Eu fui ao cemitério.

Franzo a sombrancelha.

_ Eu precisava me despedir do Lúcio.

_ Se despedir?

_ Sim. Lúcio se foi e eu precisava entender isso de uma vez por todas. Ele morreu a um ano atrás Guilherme e eu ainda não tinha o deixado ir. Tudo na minha vida ainda era em função dele, eu quase terminei com você por medo do que aconteceu com ele. Eu entendi que minha história com Lúcio foi linda, nós fomos muito felizes um com o outro mas ela acabou. Ele se foi e eu eu sofri muito,  mas não é justo eu viver esse luto pra sempre e te arrastar pra viver o luto junto comigo, eu entendi que ele cumpriu a missão de me amar e cuidar de mim e eu cumpri a minha, o fiz feliz o quanto pude e o amei até o fim... dele. Porque eu continuo vivo e quero viver da melhor maneira porque a vida é muito curta pra eu ficar sabotando um relacionamento tão lindo como o nosso, eu te amo. Quero te fazer feliz da maneira que você merece, sem reservas.

Ele pega em minha mão e eu olho pra mão dele, choro quando vejo apenas a marca da aliança em seu dedo.

_ Você a tirou?

_ Tirei. Guardei junto com a dele, não vou me desfazer delas assim como uns acessórios que ele usava, são jóias..

Ele fala meio sem graça mas eu em meio às lágrimas dou risada, eu não me importo com isso.

_ As roupas eu coloquei numa sacola e dei pro porteiro doar pra alguém, ele disse que o filho dele irá gostar.

Me espanto com isso.

_ Leandro, não precisava fazer isso.

_ Precisava sim, mas agora eu usarei as suas roupas, gosto de roupas grandes, me sinto seguro.

_ E porque não as compra?

Falo brincando.

_ Deixa de ser egoísta, não preciso comprar o que você ja tem.

_ O que é meu é seu, pode usar o que quiser.

Ele se debruça sobre mim novamente e me beija, acabo o abraçanfo e forço meu braço que dói.

_ Nossa. Isso dói.

_ Irei cuidar de você quando tiver alta, acho que você pegou uns dias de atestado.

_ Eu estava precisando de uns dias de folga, só não queria que fosse assim.

Ele fica quieto e eu olho pra ele.

_ Que foi?

_ Eu tô apaixonado por você Guilherme.

_ Eu também estou por você Leandro, eu tô muito apaixonado.

_ Quer namorar comigo?

Ele pergunta envergonhado e meu sorriso é de orelha a orelha.

_ E você ainda pergunta? É claro que eu quero, é tudo que eu mais quero.

O beijo de novo e ele se aconchega mais em meus braços, ficamos um bom tempo em nosso mundinho mas logo minha mãe volta e fica feliz ao ver que segundo ela, seus dois filhos tomaram vergonha na cara e finalmente assumirem um compromisso um com o outro.

RELUTANTE EM RECOMEÇAR Onde histórias criam vida. Descubra agora