15

105 14 0
                                    

LEANDRO

Um mês e alguns dias se passaram depois daquela minha conversa com Guilherme, senti ele se distanciar um pouco mas me trata normalmente. Depois de muita insistência minha, consegui que ele me deixasse pagar algumas contas de casa, consegui também um trabalho home office a noite, um daqueles montante de Curriculum que enviei deu certo e estou estagiando numa empresa de publicidade, estou muito feliz, dona Olívia até fez uma jantinha especial pra segundo ela comemorarmos. Jantamos os dois pois Guilherme ultimamente tem chegado mais tarde, não quero pensar nisso mas está parecendo que ele seguiu em frente, ainda bem que a faculdade e o meu trabalho me consomem o dia todo e isso ocupa a minha mente. Aos finais de semana ajudo dona Olívia na faxina e sempre procuro sair um pouco com uns amigos ou sozinho, mas minha cabeça fica pensando nele.

Hoje teve uma aula vaga na faculdade então aproveitei pra adiantar um pouco meu trabalho. Chego em casa e dona Olívia está na cozinha, o cheiro está ótimo. Vou até a cozinha ver o que ela está preparando.

_ Oi.

Digo ela vem até a mim e me abraça me dando um beijo como faz com o filho.

_ Oi meu querido. Tudo bem?

_ Tudo..

Digo colocando meu material no balcão e pegando um copo pra beber água, vou até a geladeira e encho meu copo.

_.. assim que saí do elevador senti esse cheiro bom de comida. O que está fazendo?

_ Um caldinho verde. Você gosta?

_ Hum, amo. Com esse frio então..

_ Uma delícia né? Guilherme pediu pra fazer pois trará uns amigos pro jantar, estou fazendo também de acompanhamento...

A partir do "amigos" não ouço mais nada, me da um gosto amargo na boca e até a água que é inodoro me desce com um gosto horrível.

_ Tudo bem filho?

Saio do meu torpor com dona Olívia parada em minha frente me olhando estranho.

_ Tudo... eu, me distrai aqui pensando no trabalho que tenho que terminar ainda hoje.

_ Sim mas antes tome um banho e venha conhecer os amigos de Guilherme e jantar conosco. Hoje irei servir o jantar na sala de jantar, a cozinha é algo mais íntimo.

_ Dona Olívia mais tarde eu como alguma coisa..

_ De jeito nenhum. Faço questão que venha jantar conosco senão ficarei magoada, estou caprichando por você também. Vai tomar um banho logo antes que eu te puxe as orelhas por me chamar de "dona" era só o que me faltava ser chamada de velha a essa hora.

_ De jeito nenhum minha véia, você é uma florzinha ainda.

Digo pra descontrair mas por dentro quero dar um jeito de sumir.

_ Olha o abuso garoto, vai logo ficar bem gato e cheiroso.

Dou risada e saio em direção ao meu quarto. Mano que ódio. Eu sei que Guilherme é solteiro e eu mesmo o dispensei mas precisava trazer esses "amigos" aqui? Talvez seja realmente só um amigo e eu esteja surtando a toa. E se ele fizer como o Lúcio e essa reunião for pra pedir alguém em namoro? E se alguém passar a frequentar essa casa? Dormir com ele no quarto dele? Eu to surtando, suando e morrendo de ciúmes. Olho pra minha aliança em meu dedo e por um momento sinto vontade de a atirar pela janela. Lúcio você morreu e praticamente me levou junto, penso e sinto vontade de chorar e eu nunca senti essa angústia, esse ciúme queimando meu corpo inteiro nem pelo Lúcio, também nunca precisei. Ele sempre esteve ali, eu nunca precisei o paquerar, conquistar, pedir em namoro, nada. Ele fez tudo e eu só confirmava com a cabeça e seguia em frente, tenho certeza que o amava mas é um amor diferente do que sinto agora. Com o Lúcio era calmaria, aqui é tempestade com direito a raios, trovões e até ciclone.

Tomo um banho forçado pois queria ficar em meu cantinho. Visto uma cueca branca, camisa preta de manga cumprida, uma calça de moletom cinza e calço meia branca, eu é que não vou ficar me arrumando pros "amigos" de Guilherme. Penteio o cabelo, passo perfume e saio do quarto vou em direção a sala de jantar e dou de cara com um cara em pé falando alto e gesticulando enquanto os outros riem e conversam também mas... odeio isso, odeio chamar atenção mas todos param pra me olhar. Coloco as mãos nos bolsos morto de vergonha e os cumprimento.

_ Oi.

Digo sabendo que estou vermelho. Guilherme se levanta e se aproxima de mim me olhando intensamente.

_ Oi..

Ele olha para os amigos e me apresenta.

_ Gente esse é o Leandro, um amigo que mora aqui comigo e com a minha mãe..

_ Pra mim é como um filho, meu menino mais novo que ganhei de presente.

Ela diz e eu sorrio pra ela, os homens também sorriem, menos o cara que estava em pé.

_ Esse aqui é o Bernardo, e esse o Luciano. Um casal amigo meu, eles tem um filho lindo.

_ Oi.

O cacheado dos olhos verdes se levanta e me cumprimenta com um abraço muito cheiroso.

_ Guilherme nos falou de você Leandro, você é gato.

O outro de olhos azuis se levanta e me cumprimenta com um aperto de mão.

_ Oi. Você é bem bonito mesmo.. Ai Be.

O tal Bernardo da um tapa nele, eu me assusto na hora mas todos riem e eu vejo que é brincadeira.

_ Você elogiou o garoto e eu não posso?

_ Exatamente, fica na sua gatinho.

_ Esses dois são loucos.

Guilherme diz meneando a cabeça e aponta pra outros dois caras sentados.

_ Esse é o Otávio e esse é o Jonathan, são advogados e trabalham com um amigo nosso também, o Matheus que não pode vir.

Eles me cumprimentam também e só agora eu olho pro único que ainda não tinha sido apresentado, o que estava em pé gesticulando feito um fantoche manipulado exageradamente por alguém.

_ E esse é o Alex.

Os outros foram apresentados como amigos, esse não teve título nenhum. O tal Alex me olha de forma debochada ou zombeteira não sei.

_ Oi neném. Que mucilon bonitinho! Realmente da vontade de pegar pra cuidar..

Ele diz e agarra no braço de Guilherme o deixando vermelho. Guilherme desvia do meu olhar e pigarreia se afastando dele.

_ Vamos jantar? Só estávamos esperando você Le.

Ele diz e todos se levantam o acompanhando a sala de jantar completamente alheios ao olhar abusado que Alex olha pra mim, eu não deixo por menos erguendo meu rosto em sinal de desafio e me devio dele o deixando pra trás.

RELUTANTE EM RECOMEÇAR Onde histórias criam vida. Descubra agora