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LEANDRO

Me molho bastante no ponto de ônibus pois a chuva está implacável e o ônibus demorou pra chegar, me molho mais ainda depois que desço dele, entro no shopping praticamente encharcado. O que estou fazendo aqui? Deveria ter ido embora mas ja que estou aqui, vou direto no banheiro dar um jeito em minha situação e o secador resolve um pouco, mas mesmo assim ainda fico bem úmido. Vou na Renner e compro um conjunto de moletom e um tênis absurdamente caros, o que esse povo povo está pensando em vender esses simples panos por esses preços? Mas não tem jeito, pegarei uma pneumonia se ficar molhado assim, troco roupa no banheiro mesmo e guardo as minhas numa sacola, olho meu celular e desanimo completamente ao ver ele desligado, não sei se por ter molhado um pouco ou falta de bateria, tomara que seja a segunda opção.

Compro um balde de batata frita, uma coca cola, uns chocolates e um ingresso pra assistir um filme que nem sei qual era, só sei que me acomodo quase sozinho na sala de cinema e como meu lanche enquanto assisto a um filme nada interessante. Quando acaba o filme me retiro da sala e vou até a entrada do shopping, a chuva foi mesmo implacável pois a cidade está alagada e eu estou preocupado em como conseguirei voltar pro apartamento de Guilherme. Me dirijo até o ponto de ônibus e quando estou quase desistindo querendo ir embora a pé, me aparece um ônibus que não está lotado, entro e vou em pé mas não me importo, o importante é chegar em casa.

Chego no prédio e o porteiro me avisa que teve uma queda de energia e os elevadores não estão funcionando, que ótimo ele mora no décimo andar, subo devagar e parando um pouco, chego no apartamento uso a minha chave e entro, encontro Guilherme falando no celular andando de um lado pro outro, ele me ve e coloca a mão na cintura me olhando bravo.

_ Ele chegou Duarte... sim, obrigado.

Desliga o celular e ja dispara as perguntas.

_ Onde você estava?

_ Eu sai um pouco.

_ Porra Leandro, eu literalmente botei a polícia atrás de você, quase nos mata de preocupação, tive que dar um calmante pra minha mãe.

Eu me assusto com o rompante dele.

_ Desculpa. Eu fui no .... cemitério e depois começou a chover muito e eu fiquei no shopping até a chuva dar uma trégua.

_ E o seu celular?

Pego o celular do meu bolso e mostro pra ele.

_ Eu não atendi as primeiras chamadas porque eu não estava bem, estava com o Lúcio... e depois eu não sei se o celular molhou e morreu ou só descarregou mesmo..

_ Não estava bem como? Você passou mal?

Ele pergunta se aproximando e me olhando preocupado.

_ Eu desabei.. ver o túmulo do Lúcio não me fez bem..

_ Não deveria ter ido sozinho..

Me surpreendendo completamente ele me abraça e a vontade de chorar volta pois esse abraço me faz tão bem, me sinto tão errado me sentindo assim nos braços dele, eu retribuo o abraço e ainda deito minha cabeça no ombro dele.

_ Não faz mais isso ta? Não é que eu esteja te controlando mas eu me preocupo com você... até mais do que deveria..

Me desfaço do seu abraço e olho pra ele, o azul dos olhos dele é tão lindo, ele é tão lindo e está tão perto, só uns centímetros e nossas bocas se tocam, e se?? NÃO. O que estou fazendo? Me afasto dos braços dele e pigarreio, ele também pigarreia e passa as mãos no cabelo.

_ Coloque seu celular pra carregar, se não der certo o coloque no arroz, dizem que funciona, mas qualquer coisa o levamos numa assistência na segunda-feira.

_ Farei isso, mas irei tomar um banho quente primeiro, estou gelado e com frio.

_ Vai la, mas se não for pedir muito, minha mãe disse que ontem você pretendia fazer uma janta pra gente, pelos ingredientes que vi que comprou desconfio que seja aquele escondidinho delicioso que fez uma vez, estou certo?

Eu sorrio pois amo cozinhar e saber que ele gosta do que faço me deixa invaidecido.

_ Está sim. Eu tomo um banho e ja faço pra gente.

_ Ok. Vou cortando os temperos pra adiantar.

_ Tudo bem.

O deixo na sala e entro no quarto sorrindo, tiro minhas roupas e entro debaixo do chuveiro quentinho e me da uma vontade absurda de me tocar mas evito, estou a tanto tempo sem um alívio, desde a morte de Lúcio, aliás a última vez que transamos eu nem gozei pois ele estava tão bêbado que buscou somente o próprio prazer, não que isso fosse corriqueiro da parte dele mas quando ele bebia ele gozava e literalmente apagava em segundos depois.

Termino meu banho e visto uma roupa quentinha pois ainda estou com frio, calço uma meia e fico assim mesmo. Coloco meu celular no carregador e nem da sinal, que pena, espero que o arroz resolva pois não quero gastar com conserto de celular. Saio do quarto e ja sinto um cheiro delicioso de chocolate. Chego na cozinha e Guilherme está de costas mechendo algo no fogão.

_ O que está fazendo? Ta um cheiro gostoso.

_ Chocolate quente pra te esquentar um pouco, você sente bastante frio e chegou tremendo de frio.

Sorrio com o cuidado dele, ele e a dona Olívia são assim, gostam de me mimar.

_ Obrigado.

_ Obrigado nada. Piquei os temperos, desalguei a carne seca, o arroz está cozinhando na panela elétrica mas o resto é com você.

_ De boa, eu gosto de cozinhar.

Digo ja colocando a mão na massa, antes do jantar ficar pronto a dona Olívia acorda e ja chega me abraçando e me fazendo prometer que nunca mais iria sumir o dia todo daquele jeito, eu prometi que nunca mais faria isso mesmo achando os dois exagerados.

Jantamos e até dona Olívia se arrisca a comer um pouquinho do escondidinho, apesar da pressão, eles elogiam o jantar e eu fico muito feliz, só colocamos a louça suja no lava louças e pegamos mantas e o chocolate quente que Guilherme havia colocado numa garrafinha térmica, antes de me ajeitar no sofá coloco meu celular num potinho com arroz e assisto um filme com eles, no outro dia pra variar acordo em minha cama, mas acordo com dor de cabeça, dor de garganta e espirrando, acho que deu ruim pegar aquela chuva.

REESCREVENDO esse capítulo então me desculpa se encontrar algum erro.

RELUTANTE EM RECOMEÇAR Onde histórias criam vida. Descubra agora