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LEANDRO

Me levanto da cama meio capengando e tomo um banho quentinho pra ver se melhoro, visto uma cueca cinza, uma calça molinha, meias e uma camiseta de manga comprida, faço minha higiene e pego meu celular que deixei no arroz, coloco no carregador e agradeço a todos os santos quando ele começa a carregar normalmente, o deixo carregando e vou a cozinha, encontro dona Olívia na sala vendo uma receita na televisão.

_ Bom dia.

_ Bom dia.

Ela me olha sorrindo mas desmancha o sorriso ao me olhar bem.

_ Que carinha é essa?

_ Acordei espirrando e com fraqueza, deve ter sido a chuva que peguei ontem.

Vou a cozinha e ela pausa o vídeo e vem atrás de mim, pego um copo de leite com nescau e esquento no microondas.

_ Deve ter sido a chuva sim. Vou fazer um chazinho de alho pra você.

_ Não precisa, eu estou bem, é só um resfriado mesmo.

Acho que soei bem desesperado ao rejeitar o chá, tanto que ela ri.

_ Hum! Ja vi que assim como o Guilherme você odeia chás.

Não gosto mesmo mas só dou um sorriso sem graça e prefiro ficar quieto, alho deveria ser proibido misturar com com qualquer coisa que não seja comida.

_ Guilherme saiu?

Pergunto mudando de assunto mas também curioso pra saber onde ele está.

_ Está no escritório.

_ A sim.

Tomo meu leite e ela insiste que eu coma alguma coisa mas estou sem fome, volto pro quarto e ela retorna a assistir sua receita. Hoje eu havia  planejado arrumar meu armário mas estou me sentindo sonolento e indisposto então me deito e durmo que nem vejo, me assusto quando ouço batidas na porta me levanto tropeçando e a abro, Guilherme me olha atentamente de cima a baixo e franze a sombrancelha.

_ Oi. Você não me parece bem.

_ Oi. Só peguei um resfriado, eu acho.

_ É? Estava dormindo? Está todo amassadinho. Desculpa te acordar é que fiquei preocupado, ja são quase dezesseis horas e você não almoçou ainda.

Eu arregalo os olhos, dormi praticamente o dia todo que vergonha.

_ Dezesseis horas? Meu Deus, eu dormi muito.

_ E não tem problema nenhum, só fiquei preocupado porque minha mãe disse que você não parecia bem.

_ Ela fez o almoço sozinha, eu..

_ Leandro, quer parar de besteira? Hoje pedimos comida, é domingo dia de descanso, além do mais você ontem você deixou essa casa impecável antes de sair.

Eu sorrio pra ele e vou almoçar mas o almoço desce rasgando em minha garganta, eu fico péssimo quando gripado, Lúcio me chamava de mimado mas cuidava de mim nesses momentos, limpo tudo que sujei e retorno ao quarto, Guilherme e dona Olívia me chamam pra dar uma volta na orla mas eu além de estar indisposto ainda tenho um trabalho da faculdade pra terminar. Pego meu notebook e termino meu portfólio que tenho que entregar amanhã, tomo um banho e me deito denovo, to cheio de dor no corpo, durmo que nem vejo eles chegarem. Vejo o celular tocando e o desligo virando pra outro lado me sentindo muito mal, um tempo depois sinto uma mão em minha testa e abro o olho me deparando com Guilherme sentado em minha cama.

_Oi. Você está muito quente Leandro, aparentemente está queimando em febre.

Nossa Guilherme é muito lindo, este homem deveria ser proibido de usar roupa social e passar esse perfume que me impede até de raciocinar.

_ Leandro?

_ Oi. Desculpa me distrai.

Me espreguiço sentindo dores no corpo, dona Olívia entra no quarto trazendo um termômetro que Guilherme coloca debaixo do meu braço.

_ Oi Leandro.

Ela também se senta em minha cama e Guilherme se levanta me erguendo junto com ele e eu fico sentado.

_ Ouvimos seu celular despertar e você não apareceu, você nunca falta na faculdade.

_ Eu desliguei sem nem me tocar, achei que era uma chamada e...

_ Nossa você está com 39 de febre Leandro..

Guilherme fala me assustando.

_... levanta daí e vai pro chuveiro.

Não mesmo, não irei enfrentar uma água agora.

_ Não eu...

_ Agora Leandro, sem birra.

Ele fala e sai do quarto ja pegando o celular e fazendo uma ligação, eu fico aturdido com a ordem que recebi e dona Olívia da risada vendo meus olhos arregalados olhando pra onde Guilherme foi.

_ Melhor obedecer o delegado.

Ela fala e sai sorrindo. É mole? Me levanto quase chorando de tão pesaroso que estou em sair debaixo das cobertas e me molhar. Vou ao banheiro, tiro a roupa e entro debaixo da água morna quase fria, a água cai como punhais em minhas costas, tremo de bater os dentes debaixo do chuveiro mas aguento um pouco la, quando saio visto um dos blusões com capuz de Lúcio, cueca branca, calça de moletom cinza e meias. Vou a cozinha e vejo Guilherme entrando com uma sacola, ele me olha de cima a baixo engole em seco e pigarreia, não entendo o porque.

_ Fui buscar uns remédios pra você, tome e se não melhorar de tarde quando chegar do trabalho te levarei ao pronto socorro.

_ Obrigado.

Ele me explica como tomar os remédios e vai pro trabalho, dona Olívia faz um leite quente e na hora do almoço uma sopa pra mim, eles cuidam de mim o tempo todo e eu me sinto bastante mimado, Guilherme teve que ir trabalhar mas ligou algumas vezes pra mãe perguntando por mim. No dia seguinte a febre cede mas eu continuo com um pouco de dor de garganta e espirrando. Guilherme me ligou eu o tranquilizei dizendo que estava bem, a noite ele demorou pra chegar e como eu dormi bastante durante o dia fiquei, sem sono. Dona Olívia foi dormir e eu fiquei na sala assistindo porém preocupado com Guilherme que estava demorando bastante.

Passando da meia noite ouço o barulho do elevador e logo barulho de chaves caindo bo chão, estranho pois a pessoa parece ter dificuldade em abrir a porta, olho no olho mágico pra me certificar que não é um estranho e vejo Guilherme, abro a porta e sou quase nocauteado com o cheiro da bebida e me assusto com o estado dele que sorri ao me ver.

_ Tão lindo... Você é tão lindo Leandro... eu to apaixonado por você... caralho, eu te amo e eu sei que estou fodido..

Ele diz com a voz enrolada e escorado no batente da porta, eu arregalo os olhos sem acreditar no que ouço. Apaixonado por mim? Ele abaixa a cabeça e coloca as mãos no rosto parecendo chorar.

_ Desculpa... eu tentei evitar.. eu sou um desgraçado, odeio te ver com as roupas do Lúcio porque me lembro do quanto eu sou um miserável..

_ Guilherme para com isso. Entra.

Digo isso o amparando pra que ele entre em casa, meu coração está surrando o meu peito, juro não sei o que fazer, também estou sentindo algo pelo Guilherme mas eu não esperava isso dele, não podemos.

O ajudo a ir para o seu quarto e ele vai se xingando e dizendo o quanto é um filho da puta, ao mesmo tempo que se xinga assim ele pede perdão pra mãe, pra mim e ao Lúcio. Eu procuro ficar quieto e não o encorajo a falar. Consigo o colocar com roupa e tudo debaixo do chuveiro gelado e isso parece o acordar pois ele fica quieto e chorando baixinho debaixo da água fria. Vou a cozinha ainda atordoado e pego um remédio pra ressaca com suco de laranja, deixo perto da cama dele e sigo pro meu quarto, não tenho intimidade pra trocar a roupa dele como fazia com Lúcio mas fico no meu quarto pensando na declaração que ele me fez, o quão absurdo isso é, eu o quero também mas nós não podemos, Lúcio deve estar se revirando no caixão depois dessa declaração. Vou ao quarto dele mais tarde e o vejo deitado só de cueca, ele é lindo e eu sou um idiota cheio de escrúpulos que deveria estar aproveitando e sendo feliz com esse homem, mas não consigo, faço um carinho no cabelo dele constatando o quanto é macio. Vejo que ele tomou o remédio com o suco, vou ao banheiro dele e reviro os olhos indo atrás de produto de limpeza pois Guilherme vomitou o banheiro.

REESCREVENDO!!

RELUTANTE EM RECOMEÇAR Onde histórias criam vida. Descubra agora