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LEANDRO

Rolo na cama por um tempão, não paro de pensar nessa situação. O que está acontecendo comigo? Não faz nenhum ano que meu noivo faleceu e eu aqui, preocupado com um cara que deve me considerar apenas um pobre coitado que ele praticamente tirou da rua? Ouço ele chegar de madrugada " as 2:14hs" e só ai eu durmo mas acordo bem cedo, antes mesmo da dona Olívia que acorda com as galinhas, vou a cozinha preparo nosso café da manhã, dou uma limpada rápida na casa, nem precisava pois está limpinha, porém preciso estravassar antes que eu enlouqueça, coloco roupas na máquina, dou uma ajeitada em meu quarto, tomo banho, me arrumo, deixo um bilhete em cima da mesa avisando dona Olívia que fui dar uma volta e antes de sair estendo as roupas que lavei. Geralmente ela acorda mais cedo em dias de semana ou quando Guilherme vai trabalhar, do contrario ela se permite ficar um pouco a mais na cama e só se levantar la pelas 8hs.

Eu vou ao ponto de ônibus e olho as horas, são quase 7:30hs. Hoje vou a um lugar que a meses estou relutando em ir, eu não fui nem uma vez ao túmulo de Lúcio, não é porque não sinto falta dele ou por falta de consideração, é por medo de desabar mesmo, mas hoje decidi ir pois preciso conversar com ele, sei que ele não pode me ouvir mas preciso desabafar.

Pego o ônibus e salto perto do cemitério, tem uma floricultura perto então eu compro um vasinho com flores brancas, nem sei que flor é essa mas a achei muito linda. Me dirijo ao cemitério e demoro pra encontrar o túmulo dele pois apaguei no velório e depois Guilherme só me deu as cordenadas de como encontrar o túmulo, paro quando vejo o nome dele escrito numa lápide num túmulo de pedra preta, me arrepio todo ao ler o nome dele inteiro dele na lápide junto com sua data de nascimento e morte, isso é triste demais. Sem aguentar o peso do meu corpo caio de joelhos em frente ao seu túmulo e choro um choro sofrido que só quem ja perdeu um amor pode entender. Depois de chorar por minutos, horas não sei deposito o vaso que só agora percebi que estava abraçado com ele em cima do seu túmulo.

_ Você faz falta Lúcio..

Digo sussurrando e olho pra minha aliança que nunca tive coragem de tirar em meu dedo. Meu celular vibra em meu bolso mas eu apenas ignoro, ainda bem que está no silencioso.

_.. me desculpa por não ter vindo antes, me desculpa por... ha Lúcio, eu sou horrível, nem deveria ter vindo aqui.. eu to com vergonha.. seu amigo tem me ajudado tanto Lúcio e eu... eu confundi as coisas.. desculpa... você sabe que não sou assim..

Digo limpando minhas lágrimas que voltaram a cair.

_ .. você sabe que eu nunca te trairia não sabe? Você foi meu primeiro e único homem, eu ainda amo você, e seu amigo... seu amigo é só meu amigo também... e eu preciso colocar isso em minha cabeça, me ajuda por favor... e.. e ontem ele teve um encontro, eu acho pelo menos.. chegou tarde.. e é melhor assim não é? Assim eu me coloco em meu lugar..

Eu percebo um enterro acontecendo numa outra quadra e uma jovem senhora se acabando de chorar assim como aconteceu comigo a uns meses atrás, imagino ela daqui a uns cinco meses, será que estará assim como eu se culpando por sentir algo diferente por alguém que não seja seu companheiro? Eu sou um filho da puta, meu noivo aqui enterrado e eu sentado perto do túmulo dele pensando no amigo dele. Sinto umas gotas caindo em cima de mim e só ai me dou conta do quanto o tempo mudou, está escuro e muito carregado de chuva, me despeço de Lúcio e saio apressado do cemitério ainda prestando atenção na moça que precisa ser amparada por outras pessoas. Me abrigo da chuva no ponto de ônibus e pego um que passa por um shopping onde pretendo ir, hoje não estou a fim de ir pra casa tão cedo.

GUILHERME

Acordo com uma dor horrível de cabeça, quero apagar denovo mas a dor é demais. Porque fui beber tanto ontem? Onde eu estava com a cabeça?

Me sento com dificuldade na cama e vou me arrastando ao banheiro, tomo um banho gelado e bem demorado esperando que a dor de cabeça desça pelo ralo mas querer não é poder. Visto um shorts molinho e uma camiseta, calço meus chinelos e vou a cozinha onde encontro minha mãe lavando louça.

_ Oi mãe bom dia.

Falo com ela ja me sentando e colocando café numa xícara.

_ Bom dia? Ja estou fazendo almoço querido, mas tome um café pra te ajudar com a ressaca. Dormiu hein, ja são quase meio dia.

_ Já? Cade o Leandro?

_ Não sei. Saiu logo cedo, antes mesmo de eu me levantar, só deixou um recado em cima da mesa me avisando.

Franzo as sombrancelhas preocupado.

_ Saiu pra onde?

_ Ué. Não sei..

Ela diz se sentando perto de mim.

_ Ontem quando eu disse a ele que você havia saído, ele fez essa mesma cara que você fez agora.

_ Que cara?

_ Cara de quem está muito curioso em saber aonde ele está e com quem.

_ Ele fez? Mãe eu não fiz essa cara.

_ Fez sim e ele também fez. Onde você foi ontem com seu amigo, pode me falar?

_ Eu saí com amigos, no plural e não no singular como está dizendo. Fomos numa pizzaria e depois numa boate, eu precisava distrair um pouco a cabeça.

_ E distraiu?

Penso em Alex e no quanto ele estava interessado em ficar comigo ontem, eu até queria ficar pra ver se assim esquecia uma certa pessoa que vem tomando meus pensamentos ultimamente, mas quem disse que eu consegui? Comecei a beber desinfreadamente e falei tanto no Leandro que acabei espantando Alex, não disse a Alex do meu interesse em Leandro mas fiquei tecendo elogios e comentando no quanto Leandro é maravilhoso e mudou minha vida, minha casa, meu tudo desde que veio morar comigo. Meus pensamento nele não davam trégua e minha única vontade era a de estar aqui em casa com ele, só com ele. Percebo minha mãe estralando os dedos na frente do meu rosto e respondo a pergunta que ela havia feito.

_ Não distrai mãe, só enchi a cara mesmo.

Olho pela janela e me assusto com o tempo fechado.

_ Nossa. Vai cair uma tempestade.

_ Nem me fale, estou preocupada com o Leandro.

Eu também mas não verbalizo pra não a deixar ainda mais preocupada. Pego meu celular e ligo pra ele mas o celular toca até cair na caixa postal.

_ Ele não atende.

Digo agora sem conseguir esconder minha preocupação.

_ Ontem ele trouxe ingredientes pra fazer uma janta pra você, quando soube que saiu foi dormir sem comer, percebi isso pois vim a cozinha pegar água e ele havia se retirado sem sequer ligar o fogão.

Me sinto péssimo e culpado. Será que ele ficou chateado comigo?

_ Se está se culpando não faça isso querido, vocês ainda não perceberam mas estão sentindo algo um pelo outro, só precisam se permitir.

_ Mãe, eu não quero falar sobre isso.

_ Eu sei, mas quando quiser estarei aqui, pra você e pra ele.

Ela volta a mecher em suas panelas e novamente eu tento ligar pra Leandro e mais uma vez não tenho sucesso. Onde você está Leandro?

REESCREVENDO POR MOTIVOS DE ERRO NO APP!!
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RELUTANTE EM RECOMEÇAR Onde histórias criam vida. Descubra agora