- Além de sair com galinha , fica ouvindo a conversa dos outros. - Camila me respondeu.
- Olha aqui, sua ingrata. - me levantei da minha cadeira e apontei o dedo pra ela. - o Nick é uma pessoa legal, diferente de você que não passa um minuto do seu dia com a pobre mulher que te dá tudo do bom e do melhor. Só sabe ficar aí com essa cara de cu. E ela trabalha uma ova, tia. Essa daí fica de papinho o dia todo com o namoradinho na porteira.
Percebi que eu estava tremendo, talvez tivesse levantando o tom da minha voz, mas a raiva que estava contida dentro de mim precisava sair.
- Você não sabe nada da minha vida. - Agora ela estava levantando, e apontava o dedo pra mim, com a raiva fulminante em seus olhos. - É fácil falar que eu não me esforço pra fazer companhia pra sua tia, mas você nunca veio visitar ela. Já fazem anos! Eu sou a única que passo tempo com ela. Então não diga que eu sou uma ingrata, porque devo tudo a ela. Eu fico longe de você! Por que você é insuportável, sempre cheia de problemas, mesmo tento tantos privilégios.
Fiquei quieta, mesmo que ainda estivesse com raiva dela, a verdade tinha sido jogada na minha cara.
- Já chega! - Diana se levantou, cansada. - Vocês duas precisam se acalmar. Sentem, agora. - Fizemos o que ela mandou, como se estivéssemos sendo controladas pela minha tia. - isso é inaceitável, vocês duas já são adultas, precisam resolver esse problema e deixar de implicar uma com a outra como duas crianças. Então, vamos resolver isso logo. Hoje, as duas vão dormir no celeiro, e só sairão de lá quando fizerem as pazes.
- O que?! - nós duas reagimos juntas.
- Isso mesmo. Então podem preparar suas coisas, e logo depois do jantar vocês vão pra lá, sem desculpinhas. Já passou da hora disso ser resolvido.
- Que saco. - Resmunguei, me jogando na cadeira, completamente irritada com a situação.
- Quero as duas aqui na cozinha às 18 horas, sem falta. Estão liberadas.
Me levantei da mesa, impaciente. Sai da casa, com passos longos e rápidos, procurando o contato de Nick no meu celular. Disse que precisava sair para beber, e combinamos de ir para algum lugar.
Esperei na porteira até a sua camionete preta parar na minha frente. Ele dirigiu até um mercado, onde descemos e compramos algumas cervejas, e voltamos para o carro, mas não dirigimos para lugar nenhum, apenas ficamos ali, sentados, bebendo em silêncio enquanto um sertanejo de sofrência tocava no fundo.
- Ela me chamou de insuportável. - disse, indignada.
- A coisa ficou feia mesmo.
- Disse que eu só reclamo, e tenho muitos privilégios.
- Bom, eu só te conheço há um dia, então....
- Eu não sou tão insuportável.
- Se você diz. - ele deu de ombros.
- É sério!
- Eu não disse nada.
- E agora eu vou ter que passar uma noite com ela. - Nick me encarou confuso. - não desse jeito. De um jeito onde eu vou ter que ficar presa com ela até a gente fazer as pazes.
- Entendi. Bom, eu jurava que você era loucamente apaixonada por ela, só pelo jeito que você olha pra ela.
- Você também? Eu não gosto dela. Só acho que ela tem um corpo bonito. Só isso.
- Bom, isso eu posso te garantir. - ele sorriu de lado.
- O que? - fique curiosa, me ajeitado no banco do carro. - vocês já ficaram?
- Uma vez. Eu fui o primeiro dela. Foi em uma festa, ano passado.
- Espera! Ela perdeu a virgindade ano passado?
- Sim. Bom, pelo o que ela falou.
- É por isso que ela te chama de galinha.
- O que? - ele arqueou a sobrancelha.
- Esquece. Mas só isso?
- Eu não gosto dela, fica tranquila. Mas ela ficou chateada porque descobriu logo em seguida que eu fiquei com amigo dela.
- Que amigo?
- Aquele que vive grudado com ela, até parece o namorado dela, mas ninguém mais compra essa mentira. O nome dele é Shawn
- Espera! Então ela não namora aquele menino?
- Não! É claro que não. Ele ainda tem uma quedinha por mim. Mas não conta pra ninguém, porque ele ainda não é assumido pra vó dele.- ele disse sério.
- Tá. - pensei por um tempo. - caramba, e eu aqui jurando que ela estava ficando com aquele menino.
- Pelo menos você sabe agora.
Voltamos a beber em silêncio, eu processava ainda tudo que havia sido dito.
- Acha que eu devo fazer as pazes com ela?
- Acho. Vocês vão deixar a sua tia doida se não fizerem.
Assenti com a cabeça. Pedi que ele me deixasse em casa. Já eram duas horas da tarde quando cheguei. Subi para o meu quarto, lembrando das coisas que havia descoberto.
E antes que eu pudesse notar, já era hora de arrumar minhas coisas e para passar uma noite no celeiro.

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Cheiro de Mato
FanfictionApós falhar miseravelmente na faculdade e se perder no mundo, Lauren é mandada para morar com sua tia, no interior de São Paulo. Se sentindo forçada a fazer aquilo e completamente desanimada, Jauregui pensa que aquela seria a pior experiência de su...