festa

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- O que eu faço? - perguntei para Nick.

Havia ligado para ele, pois precisava conversar com alguém sobre aquilo. Estávamos na camionete, tomando uma cerveja, enquanto olhávamos para a pracinha da cidade, que estava vazia, pois as crianças estavam na escola, e os adultos trabalhando.

Tinha contado tudo sobre a conversa que tive com Camila, e sobre a situação que nós duas nos encontrávamos.

- Não sei. Eu entendo ela. Tipo, se a minha tia saber as coisas que eu faço, ela tem um infarto.

- Mas mesmo assim você faz o que faz. Não esconde os seus sentimentos. - bati no meu joelho, ficando com raiva de lembrar das palavras de Camila.

- É diferente.

- Não é não! Ela podia pelo menos ter um pouco de senso com as outras pessoas. Que ódio!

- Acho que você precisa parar de pensar nela. Já sei! Vamos sair hoje.

- Sair?

- Vai ter uma festa hoje, e a gente pode ir. beber, ver gente nova, sei lá. Sair.

Pensei por alguns segundos, talvez não fosse uma má ideia, conhecer pessoas, já que eu ficaria naquela cidade por um tempo.

- Beleza.

Terminamos de beber, e voltamos para casa. Quando caminhava em direção a casa, avistei Camila de longe, andando em um cavalo, talvez estivesse treinando, mas não fiquei muito tempo para descobrir o que ela estava fazendo. Entrei na casa, onde minha tia conversava com Sérgio.

- Olha quem chegou. - minha tia estendeu a mão para mim, logo a passando pelos meus ombros, me abraçando.

- Oi Sérgio. - cumprimentei o homem, que segurava o chapéu nas mãos, e sorriu simpático.

- Acho que isso é tudo Diana. Eu vou passar lá, depois te aviso. - ele disse, já se ajeitando para ir embora.

- Está bem. Depois a gente conversa.

Sérgio se despediu e saiu, me deixando sozinha com a minha tia na cozinha. Virei-me para ela, com um sorriso no rosto e as sobrancelhas arqueadas.

- Ele veio te pedir em casamento?

- Que casamento o que, tá maluca! Sérgio é meu amigo.

- Sei. "Amigo" - fiz as aspas com os dedos.

- Você não tem coisa pra fazer não?

- Não. Estou livre hoje, o dia todo. - me sentei na cadeira, apoiando os braços na mesa, esticando meu corpo.

- Azar meu então.

- Você me ama, eu sei disso. - pisquei para ela.

- então... vai me contar o que está acontecendo entre você e a Camila? - Meus olhos arregalaram. Ela sabia? Como podia saber? Mal ficávamos juntas. - vocês estavam conversando ontem e hoje estão sem olhar uma para outra. Você brigou com ela?

- Eu? Claro que não! Ela que brigou comigo.

- Vocês deviam parar de brigar e virarem amigas logo. Acho que eu vou ter que prender as duas no celeiro de novo. -Ela riu.

Pensei que não seria uma má ideia, mas me lembrei de que estava brava com Camila e que passar tempo com ela seria mais um sofrimento e resultaria em uma enorme discussão.

- Nem que me paguem. - saltei da cadeira. - vou dormir um pouquinho. Hoje eu e o Nick vamos sair. Tá?

- Tá bom. Mas não quero saber de meninos no seu quarto.

- Pode deixar. - segurei a risada. Eu sei que não saia gritando pro mundo que pegava mulher, mas depois de 21 anos não ter nem dúvida sobre o assunto, já era engraçado.

Depois de alguns longos minutos, eu consegui pregar os olhos, caindo em um sono profundo. Tenho quase certeza que sonhei, mas não lembrava muito bem com o que. Quando acordei, o sol já tinha ido embora, e apenas uma pequena linha alaranjada coloria o céu.

Coloquei uma blusa cinza levemente brilhante, uma saia preta, que mal chegava até o meio das minhas coxas, mas era uma roupa aceitável, porque não sabia como devia ir para o evento, apesar de ter certeza de que Nick iria de calça jeans, bota, camiseta xadrez e chapéu. Dito e feito, quando ele parou em frente a casa, pois tinha me negado a descer até a porteira naquele frio e de bota com salto, notei que sua roupa era exatamente a qual eu havia imaginado.

- Boa noite, senhorita.

- Boa noite, meu querido motorista pessoal. -brinquei, entrando na camionete e me ajeitando.

Como de costume, uma música sertaneja tocava no fundo, dessa vez sendo um hit do Jorge e Mateus, o qual Nick fez questão de cantar do início até o fim.

- Acho que você devia montar uma banda. - brinquei.

- As vezes eu penso que deveria mesmo.

A festa era em uma fazenda, que não ficava muito longe de casa. Vários carros estavam parados pela propriedade, e uma música alta tocava a todo vapor.

Conforme íamos entrando, começamos e ver as pessoas, gente que eu nunca tinha visto na minha vida, mas Nick parecia conhecer uma boa parte delas, pois ele comprimentava todo mundo que passava por nós.

- Carlos! - Nick chamou um amigo, que arrumava algumas bebidas em cima de um balcão perto da churrasqueira, onde várias carnes assavam, exalando um cheiro delicioso.

Um garoto da nossa idade, mais baixo que Nick, de cabelos cacheados e loiro, que usava uma blusa preta, calça jeans novas e um tênis da adidas.

- Jonas! A quanto tempo! - ele abraçou o amigo, quando se separaram, o olhar de Carlos pousou sobre mim. - trouxe uma acompanhante.

- É uma amiga. Lauren, esse é Carlos, dono da festa, e Carlos, essa é a Lauren, sobrinha da Diana.

- Oi. - sorri, tentando ser gentil.

- Oi. - ele juntou as mãos, em uma palma silenciosa. - fiquem à vontade. Pegue uma bebida e se divirtam, e por favor, se virem alguém tentando transar dentro da casa, por favor, me chamem.

Carlos saiu, me deixando com Nick. Nós dois soltamos uma risada sincera, por causa da última frase do garoto.

Pegamos nossas bebidas, duas cervejas. Eu fiquei no canto, não conhecia ninguém, e Nick se sentiu na obrigação de me acompanhar. Às vezes ele comprimentava um amigo, que vinha de longe, eu me apresentava brevemente e depois voltava a analisar a festa.

- Achei que ia ter vários cowboys por aqui. - comentei, percebendo que havia mais playboy do que cowboy.

- Porque eles não chegaram ainda. Logo eles vão chegar e é aí que a festa realmente começa. - Nick sorriu de lado, enquanto tentava esconder uma leve animação em pensar que os piões chegariam logo.

- Isso quer dizer que você está esperando por alguém?

- O que?! Não! Claro que não.

- Sei.

Nick estava certo, a festa realmente começou de verdade quando três camionetes pararam na frente da casa, e um grupo de pessoas com chapéus, botas e litros de cerveja, desceram, mas eu não me importei, pois congelei quando vi ela, descendo confiante, usando um vestido que realçava o seu corpo, e o seu cabelo solto, que era levemente coberto por um chapéu preto, como Camila consegue ser tão gostosa daquele jeito?

Cheiro de MatoOnde histórias criam vida. Descubra agora